Ora Pois https://orapois.blogfolha.uol.com.br Um olhar brasileiro sobre Portugal Mon, 29 Nov 2021 10:25:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Primeira série portuguesa da Netflix, ‘Glória’ é thriller de espionagem que combina Guerra Fria e história lusa https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/11/10/primeira-serie-portuguesa-da-netflix-gloria-e-thriller-de-espionagem-que-combina-guerra-fria-e-historia-lusa/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/11/10/primeira-serie-portuguesa-da-netflix-gloria-e-thriller-de-espionagem-que-combina-guerra-fria-e-historia-lusa/#respond Wed, 10 Nov 2021 11:05:40 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Gloria_netflix-1-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2625 Primeira série original portuguesa na Netflix, “Glória” estreou na plataforma de streaming na última sexta-feira (5). A produção é um thriller de espionagem ambientado na Guerra Fria, mas que adiciona muitos elementos da história de Portugal à clássica disputa entre americanos e soviéticos.

A trama se passa na cidadezinha de Glória do Ribatejo em 1968, quando a ditadura do Estado Novo, comandada com mãos de ferro por António de Oliveira Salazar, já dava sinais de declínio.

O protagonista da história é o engenheiro João Vidal (Miguel Nunes), filho de um alto dirigente do regime salazarista. Após combater na guerra colonial portuguesa em Angola, o jovem acaba recrutado pela KGB, o serviço secreto da União Soviética.

De volta a Portugal, o personagem vai trabalhar em um centro de transmissão de rádio operado por oficiais dos Estados Unidos em solo português. É a partir de lá que os americanos transmitem propaganda ocidental para países sob a cortina de ferro soviética.

A Rádio Retransmissão (Raret) de fato existiu em Portugal na Guerra Fria, e até hoje suas operações têm uma componente de mistério para muitos portugueses.

Além da disputa entre KGB e CIA, a trama aborda vários elementos da realidade portuguesa da época, como o horror da guerra colonial, com o alistamento compulsório de milhares de jovens, e a brutalidade da Pide, a polícia política do regime de Salazar.

Com direção de Tiago Guedes e argumento de Pedro Lopes, a primeira temporada tem dez episódios. “Glória” é uma coprodução com a SPi e da RTP, a emissora pública de Portugal, que também irá transmitir a série no futuro.

A Netflix disponibiliza a opção de legendas em português do Brasil.

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Aristides de Sousa Mendes, o ‘Schindler português’, é agora homenageado no panteão nacional https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/10/22/aristides-de-sousa-mendes-o-schindler-portugues-e-agora-homenageado-no-panteao-nacional/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/10/22/aristides-de-sousa-mendes-o-schindler-portugues-e-agora-homenageado-no-panteao-nacional/#respond Fri, 22 Oct 2021 11:26:05 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/AristidesSousaMendes-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2600 O diplomata Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), internacionalmente conhecido como “Schindler português” por conta de seu auxílio à comunidade judaica que fugia da Alemanha nazista, faz parte agora do panteão nacional de Portugal.

Uma grande cerimônia, na última terça-feira (19), marcou a entrada de Sousa Mendes na lista das personalidades homenageadas no monumento, que celebra os principais personagens da história portuguesa.

Cônsul de Portugal na França em 1940, Aristides de Sousa Mendes desafiou as ordens do ditador António de Oliveira Salazar e emitiu milhares de vistos para  judeus que tentavam escapar da perseguição nazista.

Embora Portugal tenha se mantido oficialmente neutro durante a Segunda Guerra Mundial, a ditadura do Estado Novo optou por não auxiliar no resgate dos grupos perseguidos por Adolf Hitler.

Em novembro de 1939, o ministério dos Negócios Estrangeiros de Salazar emitiu a famigerada circular 14, enviada às repartições diplomáticas lusas, que na prática inviabilizava a concessão de vistos para refugiados judeus. Aristides de Sousa Mendes escolheu deliberadamente desrespeitar essas ordens.

A desobediência civil do cônsul salvou milhares de vidas, mas teve um grande custo pessoal. Punido por Salazar e expulso da carreira diplomática, ele acabaria por morrer na miséria.

Com a redemocratização de Portugal, o reconhecimento das ações de Sousa Mendes para salvar milhares de vidas é cada vez maior por parte do Estado. A cerimônia de homenagem no Panteão contou com a presença das principais figuras políticas do país e foi transmitida ao vivo na televisão.

O presidente luso, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que Portugal agora se curva diante da personalidade moral do diplomata.

“[Aristides de Sousa Mendes] Mudou a história de Portugal nesse momento trágico chamado genocídio em plena guerra mundial. Porque de genocídio se tratava, já na perseguição de comunidades, que haveria de acabar em Holocausto”, completou.

Por decisão da família, os restos mortais do antigo cônsul permanecerão em sua cidade natal, Cabanas de Viriato, no centro de Portugal. No Panteão nacional passa a figurar uma placa em homenagem a Sousa Mendes.

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Máscaras deixam de ser obrigatórias nas ruas de Portugal https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/09/13/mascaras-deixam-de-ser-obrigatorias-nas-ruas-de-portugal/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/09/13/mascaras-deixam-de-ser-obrigatorias-nas-ruas-de-portugal/#respond Mon, 13 Sep 2021 08:00:44 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/mascaras_nao_obrigatorias_portugal-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2566 Após 318 dias em vigor, a obrigatoriedade de uso de máscaras nas ruas de Portugal já não vale a partir desta segunda-feira (13).

Com mais de 78% da população com o esquema vacinal completo, o país tem progressivamente eliminado as restrições impostas pela pandemia da Covid-19.

A cobertura facial ainda é exigida em espaços fechados, transportes públicos, shoppings, prédios públicos e para entrar ou circular na área interna de cafés e restaurantes e em outras situações específicas, como nas escolas.

Apesar do fim da obrigatoriedade, as autoridades de saúde recomendam que as máscaras sigam sendo utilizadas em locais com  aglomeração de pessoas.

Os deputados portugueses optaram por não renovar a lei que determinava o uso de máscara. O diploma inicial fora aprovado em outubro, em um momento de alta de casos de Covid-19 no país.

Pelas regras lusas, as máscaras nas ruas só eram obrigatórias quando não fosse possível manter o distanciamento social. Ainda assim, muitos portugueses, sobretudo nas grandes cidades, optaram por usar a cobertura facial sempre que saíam de casa.

A decisão de acabar com a obrigatoriedade das máscaras nas ruas não foi unanimidade entre especialistas, e alguns grupos médicos se opuseram à medida.

“A Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública continua a sugerir que, especialmente nesta fase de inverno em que vamos entrar, a máscara continue a ser um equipamento de proteção individual utilizado por todos ou quase todos, de maneira a que nos possamos proteger, não só da Covid-19, mas também da gripe”, afirmou o presidente em exercício da entidade Gustavo Tato Jorge, em declaração à agência Lusa.

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População de Portugal encolheu 2% em 10 anos, mostra censo https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/07/29/populacao-de-portugal-encolheu-2-em-10-anos-mostra-censo/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/07/29/populacao-de-portugal-encolheu-2-em-10-anos-mostra-censo/#respond Thu, 29 Jul 2021 07:57:16 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Portugal_encollheu_populacao-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2522 Dados preliminares dos Censos de 2021, divulgados nesta quarta-feira (28) pelo INE (Instituto Nacional de Estatísticas), mostram que a população de Portugal encolheu 2% desde o último levantamento, em 2011.

É a primeira vez, desde a década de 1970, que a população portuguesa diminui entre um recenseamento e outro.

Realizado quase totalmente online por conta da pandemia da Covid-19, o censo luso indica 10.347.892 pessoas vivendo no país: cerca de 214 mil a menos do que em 2011.

O levantamento mostrou que houve reforço na concentração populacional no litoral e um despovoamento do interior. Cerca de metade da população portuguesa está concentrada em 31 cidades, a maioria no entorno de Lisboa e o do Porto.

Dos 308 municípios do país, 257  viram a população encolher e apenas 51 registaram um aumento no número de moradores. Na década anterior, 198 municípios haviam registrado quebras populacionais.

Apenas duas regiões de Portugal tiveram aumento populacional: a Área Metropolitana de Lisboa (1,7%) e o Algarve (3,7%).

Embora a quantidade de gente vivendo na Área Metropolitana de Lisboa tenha crescido 1,7%, os moradores do município de Lisboa diminuíram 1,4%.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, os dados preliminares ainda não permitem analisar totalmente os motivos para a mudança.

Outros especialistas, no entanto, indicam que o aumento do custo de vida na capital –puxado pela alta expressiva do preço da habitação– pode ter contribuído levado a uma saída para bairros mais periféricos da grande Lisboa.

A subida do preço das casas também pode estar por trás da perda de moradores  da segunda maior cidade do país, o Porto, que tem menos 2,4% de habitantes em relação a 2011.

Praia no Algarve, sul de Portugal (Foto: Turismo do Algarve)
Praia no Algarve, sul de Portugal (Foto: Turismo do Algarve)

No Algarve, destino turístico mais popular do país, o aumento populacional pode estar ligado justamente a este setor econômico, que garante uma boa parte da oferta de empregos regional.

Com exceção do Algarve e da Região Metropolitana de Lisboa, todas as demais regiões viram suas populações diminuírem: Alentejo (-6,9%), Região Autônoma da Madeira (-6,2%), Centro (-4,3%), Região Autónoma dos Açores (-4,1%) e Norte (-2,7%).

IMIGRAÇÃO

Com uma população envelhecida e uma das mais baixas taxas de natalidade da Europa, Portugal apresenta um saldo natural negativo (diferença entre nascidos vivos e mortes) há 12 anos consecutivos.

Nos últimos cinco anos, conforme o país ia se recuperando da crise econômica, o número de estrangeiros residentes tem vindo a aumentar de forma consistente. Em 2020, eram 662.095 imigrantes regularizados: recorde absoluto desde a criação da série histórica, em meados da década de 1970.

Embora tenha contribuído para evitar o declínio populacional nos anos recentes, a imigração não foi suficiente para manter o crescimento dos habitantes do país.

Na avaliação do presidente do conselho diretivo do INE, Francisco Lima,  o declínio populacional do país é motivo de preocupação e indica que nem os fluxos migratórios estão conseguindo impedir o despovoamento.

“Significa que o nosso saldo natural não está a ser suficiente. Está negativo e isso é logo um sinal de preocupação. E agora vemos que mesmo os saldos migratórios não estão a ser suficientes. Olhando para estes dez anos, é isto que verificamos. Se não houver uma reversão do saldo natural, em particular dos nascimentos, estamos cada vez mais dependentes da imigração para aumentarmos a população”, afirmou Lima, em entrevista ao jornal Público.

Os dados definitivos do recenseamento serão divulgados em 2022.

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Portugal pondera reabrir discotecas como incentivo à vacinação de jovens https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/07/20/portugal-pondera-reabrir-discotecas-como-incentivo-a-vacinacao-de-jovens/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/07/20/portugal-pondera-reabrir-discotecas-como-incentivo-a-vacinacao-de-jovens/#respond Tue, 20 Jul 2021 17:11:01 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Portuga_reabertura_discotecas-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2516 Fechadas desde março de 2020, ainda no começo da pandemia, as discotecas de Portugal podem estar próximas da reabertura. O governo pondera liberar os estabelecimentos de diversão noturna como forma de incentivar a vacinação dos mais jovens.

Responsável pela coordenação da resposta à pandemia na região de Lisboa, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, afirmou que “já começa a ser altura de podermos pensar abertamente” na reabertura do setor, parado há mais de um ano.

“Tendo a achar que o momento [de reabertura das discotecas e bares] deveria coincidir com o momento em que a vacinação está disponível para os maiores de 18 anos: introduziríamos essa medida porque os jovens iriam atrás da vacina para terem uma vida social mais liberta. Era um incentivo que acho que faria todo o sentido”, afirmou, em entrevista ao jornal Público e à rádio Renascença.

Há duas semanas, Portugal decidiu condicionar a entrada nas áreas internas dos restaurantes – e também os check-ins em hotéis e outros alojamentos turísticos– à vacinação completa ou à apresentação de um teste negativo para a Covid-19 recente.

No caso dos restaurantes, a medida por enquanto é válida apenas aos fins de semana, nas cidades que apresentam número elevado de casos. Atualmente, a lista inclui Lisboa, Porto e vários dos principais destinos turísticos do país.

Para os alojamentos turísticos, a obrigatoriedade vigora, todos os dias, em Portugal inteiro.

Duarte Cordeiro, no entanto, não deu nenhum prazo para a retomada da vida noturna. Ele afirmou que este é um movimento que “tem de ser absolutamente consensual”, podendo vir a acontecer somente “à medida que vamos atingindo objetivos concretos na vacinação”.

Após meses com a pandemia sob controle, Portugal vive uma quarta onda de infecções, puxada pela disseminação da variante delta, que já é responsável por 95% dos casos no país.

Até esta terça-feira (20), 64,37% da população do país recebeu ao menos uma dose da vacina, e 46,4% têm a imunização completa.

 

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Imigrantes foram decisivos para população de Portugal não encolher em 2020 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/06/14/imigrantes-foram-decisivos-para-populacao-de-portugal-nao-encolher-em-2020/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/06/14/imigrantes-foram-decisivos-para-populacao-de-portugal-nao-encolher-em-2020/#respond Mon, 14 Jun 2021 16:42:43 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/Protesto_Imigrantes-320x213.jpg https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2468 Apesar do aumento da mortalidade e da diminuição da natalidade, Portugal acabou 2020 com um leve crescimento populacional (0,02%). O incremento do número de estrangeiros residentes foi fundamental para o resultado positivo. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (14) pelo INE (Instituto Nacional de Estatística).

Os novos 67.160 imigrantes compensaram o saldo natural negativo (diferença entre número de nascidos-vivos e de óbitos), que ficou em -38.931, e a emigração, com a saída de de 25.886 pessoas para outros países.

Pelo quarto ano consecutivo, houve mais estrangeiros imigrando para Portugal do que portugueses deixando o país, embora tenha havido uma redução de 0,40% no saldo migratório em relação a 2019.

“Apesar das limitações impostas para combate à pandemia da doença Covid-19 em 2020, os movimentos migratórios internacionais registaram alguma dinâmica”, diz o INE.

A população residente em Portugal no ano passado foi estimada 10.298.252 pessoas, sendo 5.439.503 mulheres e 4.858.749 homens.

Em consequência da redução da natalidade, o número de filhos por mulher em idade fértil caiu para 1,40 em 2020. No ano anterior, era de 1,42.

O envelhecimento demográfico também se acentuou.

O chamado índice de envelhecimento, que compara a população idosa (com 65 anos ou mais) com a população jovem (até os 14 anos), ficou em 167 idosos por cada 100 jovens. Em 2019, eram 163,2 idosos para cada 100 jovens.

A idade mediana da população residente também cresceu, passando de 45,5 anos em 2019 para 45,8 anos em 2020.

Em comparação com o restante da União Europeia –os dados mais recentes comparáveis são de 2019–, Portugal tem a terceira idade mediana mais elevada do bloco.

 

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Após um ano de ausência, portugueses voltam às ruas para celebrar Revolução dos Cravos e fim da ditadura https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/04/25/apos-um-ano-de-ausencia-portugueses-voltam-as-ruas-para-celebrar-revolucao-dos-cravos-e-fim-da-ditadura/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/04/25/apos-um-ano-de-ausencia-portugueses-voltam-as-ruas-para-celebrar-revolucao-dos-cravos-e-fim-da-ditadura/#respond Sun, 25 Apr 2021 19:54:55 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/RevolucaodosCravos3-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2394 Impedidos de comemorar nas ruas a Revolução dos Cravos em 2020,  quando estava em vigor o primeiro lockdown contra a Covid-19, os portugueses puderam, neste ano, voltar às celebrações presenciais.

Embora ainda com restrições, distanciamento e máscaras obrigatórias, o 25 de abril, que marca os 47 anos do fim da ditadura do Estado Novo, foi festejado em todo o país.

Festa nacional e feriado, a data também foi celebrada com uma sessão especial no Parlamento e um discurso do Presidente da República.

A manifestação mais emblemática, na av. da Liberdade, em Lisboa, voltou a acontecer. Ainda que os organizadores não tenham incentivado a participação presencial, muitas pessoas fizeram questão de acompanhar o tradicional cortejo.

O dia ensolarado e quente –contrariando a previsão do tempo, que antevira uma tempestade– parece ter motivado os portugueses a também desconfinarem a participação cívica.

Desfile do 25 de abril voltou às ruas de Lisboa em 2021 | Foto: S. Couvreur
Desfile do 25 de abril voltou às ruas de Lisboa em 2021 | Foto: S. Couvreur

O público na manifestação lisboeta, como de costume, foi um mix de faixas etárias, incluindo muitos idosos, estudantes, jovens trabalhadores e famílias com crianças.

Um detalhe: neste ano, estava mais difícil conseguir comprar o cravo que é símbolo da festa. Talvez por não terem botado fé no quórum do desfile, os tradicionais vendedores de flores não davam conta da demanda.

Muitas famílias com crianças estiveram presentes em Lisboa | Foto: S. Couvreur
Muitas famílias com crianças estiveram presentes em Lisboa | Foto: S. Couvreur

O desfile é marcado pela participação de delegações de várias cidades e associações, que costumam ostentar faixas que condenam o fascismo e exaltam a democracia. Além, é claro, de reivindicações como melhores salários e melhores cuidados de saúde.

Muitos brasileiros participaram da manifestação e houve críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em vários momentos do desfile, manifestantes entoaram o coro “Bolsonaro genocida”, em referência à gestão da pandemia no Brasil.

Brasileiros também participam do 25 de abril | Foto: S. Couvreur
Brasileiros também participam do 25 de abril | Foto: S. Couvreur

A REVOLUÇÃO

Em 25 de abril de 1974, um movimento de sublevação nos quartéis portugueses ganhou as ruas e levou à queda de uma das mais longas ditaduras do século 20.

Inaugurado por António Oliveira Salazar em 1933, o chamado Estado Novo durou 41 anos, período marcado por repressão, pobreza e uma sangrenta guerra colonial.

Em 1968, Salazar sofreu um acidente e ficou incapacitado para continuar no comando do país. Foi substituído por Marcello Caetano, que já ocupara vários ministérios no regime de exceção. Salazar morreria em 1970, mas o regime que criara seguia em funcionamento.

Com a adesão das tropas e da população ao movimento revolucionário, Marcello Caetano anunciou sua rendição no início da noite do próprio dia 25 de abril.

O antigo autocrata partiu para o exílio no Brasil, vivendo no Rio de Janeiro e trabalhando como professor universitário. Ele morreu em 1980, sem jamais retornar a Portugal.

 

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Portugal começa a desconfinar e reabre restaurantes e cafés com serviço ao ar livre https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/04/05/portugal-comeca-a-desconfinar-e-reabre-restaurantes-e-cafes-com-servico-ao-ar-livre/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/04/05/portugal-comeca-a-desconfinar-e-reabre-restaurantes-e-cafes-com-servico-ao-ar-livre/#respond Mon, 05 Apr 2021 16:12:16 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/lisboa_desconfina1-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2352 Depois de 80 dias em lockdown, Portugal iniciou nesta segunda-feira (5) a reabertura gradual do país. O dia ensolarado e as temperaturas acima de 20ºC ajudaram a animar os portugueses a saírem de casa.

Voltaram a funcionar cafés e restaurantes com serviços ao ar livre. Nesta primeira etapa, há um limite de até quatro pessoas por mesa. Aos fins de semana, as atividades precisam encerrar até as 13h.

Os portugueses também deixam de ter restrições de circulação dentro do país. Desde o fim de 2020, era proibido sair da cidade de residência aos fins de semana.

Quase 600 mil alunos, entre o 5º e o 9º anos, voltam às aulas presenciais. Crianças pequenas (da creche, jardim de infância e primeiros anos de ensino) já haviam voltado à escola em 15 de março, quando o governo promoveu a primeira flexibilização do lockdown.

Museus e monumentos nacionais também voltaram a abrir as portas.  Em Lisboa, para incentivar a visitação pelos moradores, eles têm entrada gratuita até o fim de abril.

Museus têm tentado se adaptar, com novas regras de higiene e horários ampliados 12.nov.2020  | Foto: Giuliana Miranda/Folhapress

Academias de ginásticas, por enquanto sem aulas em grupo, também estão entre as atividades recém-liberadas.

Lojas de rua, com até 200 m², puderam abrir as portas, o que assegurou uma boa parte do retorno ao funcionamento do comércio local.

Funcionária de uma loja de roupas e acessórios na região do Areeiro, em Lisboa, Cátia Oliveira diz que o movimento ainda é fraco.

“Hoje de manhã quase não veio ninguém. Acho que as pessoas estão sem dinheiro para comprar. Também há muito menos gente na rua”, avalia.

REABERTURA GRADUAL

Anunciado pelo primeiro-ministro, António Costa (Partido Socialista), como um plano de reabertura a conta-gotas, o desconfinamento em  Portugal deve se estender até 3 de maio.

Costa afirmou que o plano de desconfinamento estará sujeito a revisões constantes e que pode chegar a ser interrompido caso as condições sanitárias se deteriorem.

Nesta segunda-feira, a taxa de transmissão do vírus , um dos critérios de manutenção do cronograma, já acendeu o sinal de alerta entre as autoridades.

O chamado Rt do coronavírus é atualmente de 0,98 no país. O limite estabelecido pelo governo para a taxa é 1.

Ainda assim, o país segue com menos mortes, novos casos e internações.

Nesta segunda-feira (5), foram registrados 158 novos casos e mais 6 mortes.

No pico da pandemia, em 31 de janeiro, o país teve 303 mortes por Covid-19. No dia com mais novos casos, 28 de janeiro, foram 16.432 novas infecções.

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Portugal quer processar grife americana que copiou design de agasalho tradicional https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/03/30/portugal-quer-processar-grife-americana-que-copiou-design-de-agasalho-tradicional/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/03/30/portugal-quer-processar-grife-americana-que-copiou-design-de-agasalho-tradicional/#respond Tue, 30 Mar 2021 08:42:00 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/ToryBurch_CamisolaPoveira-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2326 O governo de Portugal anunciou que está estudando alternativas judiciais contra a grife americana Tory Burch. A marca, criada pela estilista de mesmo nome, foi acusada de vender, como se fosse uma criação própria, uma peça de fabricação tradicional lusa.

A chamada camisola poveira é um dos ícones do artesanato da cidade de Póvoa de Varzim, região pesqueira no Norte do país, e está em processo de certificação internacional. A peça é feita de lã grossa oriunda da Serra da Estrela e decorada, usando um marcante bordado avermelhado, com motivos alusivos ao mar, como peixes e caranguejos.

Detalhe importante: camisola, em Portugal, tem um significado diferente do Brasil. No português lusitano, camisola é uma espécie de agasalho , uma blusa de manga longa.

Algo muito próximo ao inconfundível casaco lusitano estava disponível no site da marca como se fosse uma criação original. Além de não haver nenhuma menção a Portugal, a descrição do artigo ainda dizia que o design era inspirado na região de Baja, no México.

Há vários detalhes da peça, no entanto, que tornam insustentável a alegação de inspiração mexicana.

Além de ter todas as características originais da Póvoa de Varzim, como os motivos ligados ao mar e à pesca bordados em ponto-cruz, o sweater tem ainda o símbolo da família real portuguesa.

A coroa da monarquia portuguesa –que nunca foi exatamente popular em terras mexicanas– está estampada bem no peito da blusa.

Caso repercutiu em sites especializados em moda, como o Diet Prada | Foto: Reprodução/Instagram/DietPrada
Caso repercutiu em sites especializados em moda, como o Diet Prada | Foto: Reprodução/Instagram/DietPrada

No site da estilista americana, a peça, que tem design centenário e foi tradicionalmente usada por pescadores, era vendida por 695 euros (cerca de R$ 4.715): entre nove e dez vezes o valor normalmente praticado pelas artesãs locais.

POLÊMICA

A história veio à tona após uma publicação de um político da cidade.

Em entrevista ao jornal Público, Ricardo Silva contou que ficou sabendo do caso através de um conterrâneo. Ele diz ter entrado em contato com a grife por e-mail e pelas redes sociais, mas que não obteve resposta.

“É fácil para uma marca internacional apropriar-se selectivamente de peças tradicionais, que incluem nas suas colecções a dez vezes o preço praticado pelas artesãs. Uma coisa é utilizar motivos decorativos ou a estrutura da malha, outra é fazer uma cópia sem sequer assumir o nome da peça ‘camisola poveira’ de Portugal. Bastava isso”, afirmou.

Após a publicação da reportagem inicial, vários portugueses invadiram as redes sociais da Tory Burch com reclamações.

Inicialmente, a grife não prestou declarações e manteve o casaco à venda no site,  removendo, no entanto, a alegação de que a peça seria de inspiração mexicana.

Com o aumento da repercussão, inclusive em sites de moda internacional, a Tory Burch acabou se pronunciando.

Em nota publicada nas redes sociais, a criadora da marca deixou uma nota –repleta de erros de português– classificando o episódio como um erro e pedindo desculpas pelo ocorrido.

“Foi um erro não termos feito referência ás bonitas e tradicionais camisolas de pescador tão representativos da cidade da Póvoa de Varzim” (sic), afirmou.

Segundo Tory Burch, a marca estaria em negociações com a Câmara Municipal (prefeitura) da cidade para melhor apoiar as artesãs da cidade.

Parecia que o caso iria se encerrar por aí, mas o governo português decidiu não deixar a história passar em branco.

Em nota, o ministério da Cultura afirmou que já está buscando alternativas judiciais e extra-judiciais para responsabilizar a marca pelo que chamou de apropriação abusiva da cultura portuguesa.

“Após ter tomado conhecimento das suspeitas de uma eventual apropriação abusiva de um importante patrimônio imaterial português – a camisola poveira – o governo está determinado em agir em conformidade na proteção deste saber fazer português”, diz o texto.

“O governo, tendo comunicado a sua intenção à Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, fará o que estiver ao seu alcance para que quem já reconheceu publicamente o seu erro não se demita das suas responsabilidades e corrija a injustiça cometida, compensando a comunidade poveira”, finaliza.

Em meio às polêmicas, vários portugueses esmiuçaram o site da grife e descobriram que há mais semelhanças com o design tradicional do país. Na linha de utensílios para casa da Tory Burch, há peças de cerâmica inspiradas em vegetais, sobretudo couves.

Pratos e baixelas com couves decorativas são justamente a marca registrada de uma das mais famosas marcas portuguesas: a Bordallo Pinheiro.

Nas redes sociais, a marca aproveitou para ironizar o caso.

 

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Em dia de novo recorde de casos, máscara obrigatória passa a valer em Portugal https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2020/10/28/em-dia-de-novo-recorde-de-casos-mascara-obrigatoria-passa-a-valer-em-portugal/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2020/10/28/em-dia-de-novo-recorde-de-casos-mascara-obrigatoria-passa-a-valer-em-portugal/#respond Wed, 28 Oct 2020 16:29:52 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/MascaraObrigatoriaPortugal-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2159 O uso obrigatório de máscaras nas ruas de Portugal começou a valer nesta quarta-feira (28), dia em que o país bateu um novo recorde diário de novos casos de Covid-19, com 3.960 infectados confirmados.

A medida é válida para os momentos em que não for possível fazer distanciamento físico. A proteção facial passa a ser exigida para pessoas a partir dos 10 anos, com algumas exceções, como portadores de problemas de saúde incompatíveis com o uso de máscara.

O não cumprimento da medida pode render multa de até 500 euros (cerca de R$ 3.350).

Inicialmente, a decisão tem validade de 70 dias.

O primeiro-ministro, o socialista António Costa, convocou uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros para o próximo sábado (31). O governo não descarta decretar novas restrições de mobilidade no país.

Outros países europeus, como a França e a Espanha, adotaram a estratégia de toques de recolher noturnos. O objetivo é manter a economia em funcionamento, mas evitando situações de confraternização entre a população.

A Comissão da Proteção Civil do Porto anunciou que vai pedir que o governo português decrete um toque de recolher obrigatório no distrito.

Nas últimas semanas, em meio ao aumento significativos de caso em toda a Europa, Portugal já vinha endurecendo as medidas de restrição de circulação e de reunião de pessoas.

Atualmente, o país só permite, em situações de confraternização, grupos de até 5 pessoas.

Para reduzir a circulação no próximo fim de semana, quando se celebra os dias de Todos os Santos e de finados, tradicional período de viagens e visitas a cemitérios, as autoridades portuguesas proibiram que os cidadãos saiam das cidades em que residem.

Desde o início da pandemia, Portugal registrou 128.392 casos do SARS-CoV-2, com 2.394 mortes.

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