O entusiasmo de Brandão Jönsson com o tema acabou por convencer um editor da Suécia a publicar um livro sobre o universo da colonização portuguesa, com a provocadora premissa dos pecados espalhados pelos exploradores lusitanos.
Sem grandes expectativas, a editora programou o lançamento de “Viagem pelos Sete Pecados da Colonização Portuguesa” para agosto –principal mês das férias de verão na Europa e um período tradicionalmente pouco movimentado no mercado literário escandinavo.
O desempenho da obra surpreendeu: em duas semanas, a primeira edição se esgotou. A segunda também desapareceu das prateleiras em cerca de 15 dias. Pouco mais de um ano após o lançamento, o livro está na sétima edição.
“Do nada virou um best-seller, já vendeu mais de 10 mil cópias. Os editores se perguntaram como é que um livro sobre a lusofonia pode vender tão bem. Eu acho que os suecos são um povo que gosta de viajar. Nós temos uma história forte com alguns países lusófonos. A Suécia foi o primeiro país europeu a reconhecer a independência de Moçambique, Guiné Bissau e Angola. Durante a guerra colonial, o governo sueco apoiou a luta pela independência”, diz o jornalista, em português com forte sotaque carioca.
O sucesso na Escandinávia, somado ao fato de sua agente literária na Suécia ser uma portuguesa emigrada, favoreceu a publicação da obra em Portugal. Lançado pela editora Objectiva, a edição em língua portuguesa acaba de chegar às livrarias.
Em Lisboa para o lançamento, Brandão Jönsson –o sobrenome português foi incorporado após o casamento com uma brasileira– diz estar curioso para ver as reações dos leitores lusitanos sobre a obra.
O livro é dividido em sete capítulos. Seis deles são dedicados às antigas colônias, cada uma com seu respectivo pecado capital associado: Goa (gula), Moçambique (luxúria), Macau (avareza), Timor-Leste (soberba), Angola (ira) e Brasil (preguiça).
O capítulo final é dedicado a Portugal, que, na avaliação do jornalista, tem como pecado a inveja.
A associação de cada pais e seu respectivo pecado é uma avaliação bastante subjetiva, sendo uma interpretação do autor sobre as características de cada um dos lugares que visitou.
Algumas ligações são mais óbvias, como a relação entre Macau –único território da China em que cassinos são liberados– e a avareza. Outras, precisam de uma certa ginástica filosófica.
“Timor Leste foi o mais difícil, porque é um país muito simpático, muito humilde. Você não poderia pensar em por soberba em um país com 1,2 milhões de pessoas. Mas eles têm um mito por lá: eles acham que são o povo do crocodilo, porque eles querem se sentir melhores do que a Indonésia [que já dominou o país]. Eles querem se diferenciar porque são cristãos, querem mostrar que são mais fortes do que a Indonésia”, explica.
O livro foi escrito em primeira pessoa e é resultado de viagens que começaram em 2016. O texto é uma espécie de grande reportagem, mesclando elementos de história e política de cada região com observações feitas in loco e entrevistas. Muitas entrevistas.
As conversas foram sobre variados temas e com diferentes perfis. Em Moçambique, por exemplo, Brandão Jönsson entrevistou desde pessoas que se prostituem em bares e discotecas até o escritor Mia Couto, um dos principais nomes da literatura africana.
“Aprendi muito com Åsne Seierstad [jornalista norueguesa], que escreveu ‘O Livreiro de Cabul’. Na obra fica muito claro que ela é uma branca de olhos azuis que mora em Cabul, e o livro incorpora isso. Eu quis fazer a mesma coisa: eu sou um sueco mimado, de olhos azuis, que estava vendo as coisas de uma determinada maneira. Eu sempre quis que isso ficasse muito claro”, relata.
No capítulo sobre o Brasil, a associação com a preguiça é feita em forma de crítica social, chamando a atenção para o fato de que os séculos de escravatura fizeram com que muitos brasileiros tivessem aversão ao trabalho doméstico e a outras formas de ocupações.
Certos setores pouco produtivos do funcionalismo público e as generosas pensões para filhas de militares também são alvo de crítica.
“Eu sou do país da Ikea, onde temos por hábito fazer tudo sozinhos. Infelizmente, no Brasil ainda tem isso de deixar o outro fazer. Mas é claro que há quem trabalhe muito, como as pessoas que moram no subúrbio e acordam às 4h30 para pegar o trem e ir para o serviço”, explica.
No livro, o jornalista sueco descreve o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como a definição do brasileiro preguiçoso.
“Bolsonaro é um exemplo típico da preguiça do homem branco no Brasil. O nacionalista de direita acusa os descendentes das pessoas escravizadas de não trabalharem, apesar de terem sido eles quem, literalmente, construíram o país. Na realidade, Bolsonaro é quem não faz muito: foi expulso do Exército logo no grau de capitão, por conduta imprópria, e durante as suas quase três décadas como deputado só conseguiu a aprovação de dois projetos-lei — uma média de uma lei a cada quinze anos. Nem um caracol trabalha tão lentamente”, escreve.
Em seu capítulo sobre Portugal e a inveja, o jornalista sueco recorre ao pensamento do filósofo português José Gil: :”ele fala que inveja em Portugal não é um sentimento, é um sistema. Isso, é claro, é uma provocação”, diz o autor.
Segundo Henrik Brandão Jönsson, Portugal gosta de falar das glórias do passado e da época dos Descobrimentos sem tocar em outras questões que também fizeram parta da colonização.
“Tem o outro lado também: quem inventou o tráfico transatlântico de escravos foram os portugueses. Claro, existiam muitos escravos antes, como no Egito e em outros lugares, mas essa coisa de fazer negócio em larga escala com a escravidão, isso foram os portugueses”, diz.
Apesar das críticas, o livro exalta muitas qualidades e pontos históricos e culturais de Portugal e de suas antigas colônias.
“O livro é uma declaração de amor ao mundo lusófono, não estou só criticando. Como eu sou sueco e não tenho nada a ver com o mundo lusófono, eu posso criticar e elogiar. Se fosse um português escrevendo sobre a mesma coisa, poderia acontecer de pender mais para o elogio ou para a crítica. Mas, como eu tenho um olhar de fora, consigo avaliar como jornalista aquilo que é bom ou rui”, resume.
A obra, por enquanto, não tem previsão de lançamento no Brasil.
]]>Autores de destaque da literatura em língua portuguesa participam do encontro, incluindo nomes como Valter Hugo Mãe, Afonso Cruz, Hélia Correia, Lídia Jorge, Fernanda Torres, Ondjaki, Pepetela, Rui Zink e Onésimo Teotónio Almeida.
Realizado na pequena Póvoa de Varzim, terra natal do escritor Eça de Queiroz, o Correntes D’Escrita se notabilizou por levar discussões sobre cultura e literatura para fora das fronteiras de Lisboa e do Porto. Em condições não pandêmicas, o festival ocupa vários pontos da cidade e é um convite a descobrir também os encantos do Norte do país.
“Apesar da não realização de sessões in loco, recorreremos a outro formato que nos permitirá dar resposta ao
público que querendo participar diretamente e ao vivo, como sempre fez, não o poderá fazer. Em 2021 a Covid-19 obriga-nos a sair da zona de conforto, sem sair do confinamento. A deixar o nosso canto e a abrir portas ao mundo através da Internet”, dizem os organizadores.
A edição de 2021 homenageia ainda o escritor chileno Luís Sepúlveda, que morreu de Covid-19 em abril, pouco tempo depois de ter sido um dos principais convidados do Correntes D’Escrita em 2020.
Além de debates entre escritores, o festival traz ainda a exibição de vídeos, uma exposição fotográfica e outras experiências relacionadas ao universo cultural da cidade.
A programação completa está disponível no site da Câmara Municipal de Póvoa de Varzim.
As transmissões acontecem entre as 11h e as 19h na hora de Portugal (8h e 16h de Brasília) e podem ser acessadas em:
https://www.cm-pvarzim.pt/
https://www.facebook.com/cmpovoadevarzim
https://www.facebook.com/correntesdescritas
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Do feminismo à política, passando por questões como o racismo e a diversidade cultural africana, os episódios juntam autores de diferentes nacionalidades em uma conversa com diferentes perspectivas e sotaques.
O primeiro episódio tem como protagonista a escritora Paulina Chiziane, 65, primeira mulher de Moçambique a publicar um romance. Editado em 1990, “Balada de Amor ao Vento” é uma elogiada mistura da oralidade africana com questionamentos contemporâneos sobre o lugar da mulher nesta sociedade.
No programa, Chiziane conversa com a escritora portuguesa Isabel Lucas, enquanto trechos de suas obras são interpretados pela escritora brasileira Veronica Stigger.
A temporada terá 12 episódios, com quatro curadores de diferentes nacionalidades, que conversarão com escritores de cinco países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal.
O projeto une várias instituições de peso – Instituto Camões, Fundação Calouste Gulbenkian e Associação Oceanos – e faz parte da programação cultural da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. A embaixada de Portugal no Brasil também apoia a iniciativa.
Os episódios estão disponíveis no Spotify.
Confira a programação:
– 21/01: Paulina Chiziane (Moçambique), Isabel Lucas e Veronica Stigger
– 04/02: Mário de Carvalho (Portugal), Manuel da Costa Pinto, Carmem Morentzsohn
– 18/02: Ana Maria Gonçalves (Brasil), Ondjaki, Roberta Estrela D’Alva
– 04/03: Pepetela (Angola), Rita Chaves, Ricardo Aleixo
– 18/03: Cristovão Tezza (Brasil), Isabel Lucas, Veronica Stigger
– 01/04: José Luiz Tavares (Cabo Verde), Manuel da Costa Pinto, Ricardo Aleixo
– 15/04: José Luís Peixoto (Portugal), Ondjaki, Ronaldo Bressane
– 29/04: Milton Hatoum (Brasil), Rita Chaves e Ricardo Aleixo
– 13/05: Noemi Jaffe (Brasil), Isabel Lucas, Veronica Stigger
– 27/5: José Eduardo Agualusa (Angola), Manuel da Costa Pinto, Ronaldo Bressane
– 10/06: Dulce Maria Cardoso (Portugal), Rita Chaves, Carmem Morentzsohn
– 24/06: Mbate Pedro (MZ), Ondjaki, Roberta Estrela D’Alva
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A versão original optou por contemplar esse legado, escolhendo uma grande quantidade de atores negros para dar voz à animação. Um movimento que foi seguido na dublagem realizada na maioria do países, incluindo o Brasil.
Portugal, no entanto, foi uma exceção.
O time de dubladores responsáveis pela versão portuguesa de “Soul” é composto praticamente só por atores brancos. A opção por um casting excluindo artistas negros –em um momento que o país vem enfrentando crescentes tensões raciais– está gerando polêmica no país.
Um time de personalidades da cultura portuguesa lançou um abaixo-assinado pedindo que a dublagem (ou dobragem, como se diz em Portugal) seja refeita. Entre os signatários estão os cantores Dino D’Santiago, Mayra Andrade e Sara Tavares, além da modelo Ana Sofia Martins e do líder da ONG SOS Racismo, Mamadou Ba.
O grupo destaca a preocupação com a representatividade e o legado da cultura negra apresentados na versão original, e afirma que não houve o mesmo cuidado com a dublagem portuguesa.
“Não está em causa o habitual bom trabalho em dublagens feitas em Portugal ou a qualidade dos atores da versão portuguesa, mas há aqui a expectativa de respeito pela intenção original e pelo que este representa historicamente: ser o primeiro filme de animação com um protagonista negro, interpretado por vozes negras. As palavras respeito, representatividade e intenção são chave aqui”, justificam.
Em menos de 24 horas, a petição já passava das 6 mil assinaturas.
Em declarações à revista Sábado, a Disney afirmou que leva em conta questões de representatividade, mas reconhece que ainda há muito por fazer.
“Esforçamo-nos por ser inclusivos nos nossos castings, contudo reconhecemos que há trabalho a fazer e estamos comprometidos em diversificar os talentos nas nossas dobragens, independentemente da geografia onde atuamos”, diz a empresa.
Um dos primeiros a chamar a atenção para o assunto, através de um post nas redes sociais, o ator português Marco Mendonça falou sobre a pouca representatividade dos negros no setor .
“A área das dublagens em Portugal é mais uma em que artistas negros e negras não se vêem representados, mesmo em filmes onde a representatividade deve ser, logicamente, um critério na escolha do elenco. É certamente uma vitória termos acesso a um filme da Pixar protagonizado por personagens e vozes negras, mas por que não esforçarmo-nos para prolongar essa vitória? Por que não considerarmos artistas de pele negra para dar voz a personagens negras?”, questionou.
Os críticos da dublagem sem negros em Portugal citam como exemplo as versões de vários outros países.
Para dar voz ao protagonista, que na versão original fica sob responsabilidade de Jamie Foxx, muitos artistas optaram por atores negros.
No Brasil, o trabalho foi realizado pelo veterano das dublagens Jorge Lucas, que também apareceu em carne e osso nas telinhas como o médico Dr. Mauri da novela “Bom Sucesso”. Já na França, o astro Omar Sy, famoso pelo filme “Os Intocáveis”, dá voz a Joe.
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O áudio original, porém, está disponível nos televisores com recurso à tecla SAP.
Vencedora do Emmy Internacional de melhor novela em 2018 –ano em que nenhuma produção brasileira foi indicada na categoria–, a história, de autoria de Maria João Costa, divide-se entre Portugal e Brasil. A “ponte aérea” entre Rio de Janeiro, Lisboa e a fazenda do protagonista, na Amazôonia, garante um ritmo acelerado à trama, que foi sucesso de público.
A trama tem todos os componentes do folhetim clássico.
O mocinho Zé Maria (Diogo Morgado) precisa fugir de Portugal após ver sua família morrer por culpa do empresário Miguel Ferreira da Fonseca (Luís Esparteiro). No Brasil, ele adota a identidade de Jorge Monforte e faz fortuna no agronegócio. Após 15 anos, planeja uma vingança contra o homem que destruiu sua vida, mas os planos são abalados por sua paixão por Bia (Joana de Verona), filha do rival.
Por ter um núcleo com vários brasileiros no elenco, um fenômeno cada vez mais comum nas telenovelas portuguesas, a versão de “Ouro Verde” exibida na Band acaba tendo trechos com áudio original.
Rostos conhecidos do brasileiros, como Zezé Motta e Silvia Pfeifer, participam com destaque da produção.
A mostra, que desde maio já passou por Cabo Verde, Angola e Moçambique, é um dos destaques da programação cultural lisboeta em outubro.
Em cartaz no Maat (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia), em frente ao rio Tejo, a exposição faz um apanhado da presença da língua portuguesa no mundo.
Além de abordar a importância do idioma na formação cultural brasileira, a mostra destaca ainda outras culturas lusófonas.
Assim como no museu original paulistano –atualmente em reconstrução após um incêndio em 2015– há uma forte influência imersiva e audiovisual na mostra.
São duas as instalações trazidas a Portugal: a Praça da Língua, uma experiência imersiva com pérolas da criação artística em português, e a área Música e Culinária, que aborda a relação entre língua, identidades e culturas.
Além de uma intensa programação cultural relacionada à lusofonia, a mostra pretende também incluir os visitantes, que são convidados a gravarem depoimentos em vídeo sobre suas próprias relações com o português.
Os vídeos passarão a fazer parte do acervo do Museu da Língua Portuguesa, cujas obras de reconstrução estão previstas para terminar em dezembro de 2019.
A exposição em Lisboa de “A Língua Portuguesa em Nós” é uma iniciativa do Itamaraty, em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Museu da Língua Portuguesa, com organização da EDP, da Fundação EDP e apoio do Ministério da Cultura de Portugal, do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, do Instituto Camões, da Embaixada do Brasil em Lisboa e da CPLP.
Serviço
A Língua Portuguesa em Nós
6 a 21 de outubro de 2018
MAAT, edifício da Central Tejo
Av. Brasília, Central Tejo
1300-598 Lisboa
Tel: +351 210 028 130
www.maat.pt
Para celebrar a incrível diversidade da língua portuguesa, separei aqui dez expressões que exemplificam bem as nossas diferenças.
A pêra é uma fruta abundante em Portugal, especialmente no oeste do país, mas é assim também que nossos amigos lusitanos chamam aquilo que nós conhecemos como cavanhaque no Brasil.
Corrupção existe dos dois lados do Atlântico, mas a palavra propina significa coisas muito diferentes em cada país.
Em Portugal, “propina” quer dizer a mensalidade paga pelos estudantes na universidade, e nada tem a ver com pagamentos ilícitos feitos a autoridades.
Enquanto no Brasil a camisola designa uma peça de roupa feminina usada para dormir, em Portugal trata-se, essencialmente, de uma camisa ou casaquinho de manga comprida.
No Brasil, vai-se à drogaria para comprar remédios. Em Portugal, chamam-se assim os estabelecimentos que vendem materiais de reparo e construção, como pregos, parafusos… e também produtos químicos.
Em Portugal, pastelaria é um estabelecimento que vende doces, quase um equivalente à nossa confeitaria. Não por acaso, o docinho mais famoso do país de Camões é justamente o pastel de Belém.
O pastel brasileiro –frito e com recheios variados– é pouco comum, e costuma ser chamado de “pastel de massa tenra”, para marcar bem a diferença.
Enquanto no Brasil as cuecas são as peças íntimas masculinas, em Portugal a palavra designa essencialmente a lingerie feminina.
Essa é difícil não estranhar.
Enquanto no Brasil trocar o número 6 pela palavra “meia” é corriqueiro, isso não acontece em Portugal.
Com tantas novelas e viajantes brasileiros, os portugueses até entendem o significados, mas muitos não sabem que a expressão vem de meia dúzia. Na terra de camões, meia é só a peça de vestuário mesmo.
Para ser peão em Portugal não é preciso nenhuma habilidade na montaria. É assim que eles chamam os pedestres.
É comum ver a sinalização de “passagem de peões” em placas e sinalizações.
Sinônimo de torneira no Brasil, bica significa um café expresso em Portugal. Mais precisamente na região de Lisboa e arredores.
Bebês nascidos de uma mesma gestação são chamados de gêmeos nos dois países, mas, em Portugal, também é assim que se chama a nossa panturrilha.
Para ilustrar um pouco dessas maravilhosas diferenças, preparei uma lista com nove palavras e expressões que estão certas em Portugal, mas que soam muito estranhas para um brasileiro.
A primeira visita a um supermercado português costuma causar espanto já na aparentemente inocente gôndola das massas.
Em vez de espaguete, na terrinha fala-se esparguete.
A área destinada às verduras também causa surpresas.
Em vez de brócolis, os portugueses comem brócolos.
Enquanto no Brasil o “h” de úmido já caiu há muitos anos, em Portugal ele persiste.
Por associação, a palavra umidade também ganha um “ha” por aqui e é escrita como “humidade”.
Uma das grandes lacunas do último acordo ortográfico, na opinião de alguns especialistas, foi a não unificação dessa regra.
Enquanto no Brasil a forma interrogativa se escreve separada (por que), em Portugal o jeito correto é junto (porque).
Há, no entanto, uma diferença de pronúncia. Quando se trata de uma conjunção causal, nossos amigos lusitanos dizem “púrque”.
Em Portugal, é comum ouvir as pessoas dizerem que uma coisa é “mais pequena” do que outra.
Embora pareça muito estranha para um brasileiro, a expressão está correta nos dois países. O comparativo pode ser feito usando a forma sintética (menor) ou a completa (mais pequeno).
Não tem essa de integral e desnatado. Em Portugal, os laticínios não têm eufemismos: são gordos ou magros.
Ah, e a variedade semidesnatada é o leite meio-gordo.
Caminhão só mesmo no Brasil. Em Portugal é camião ou, se for um daqueles menores, pode ser uma carrinha.
Por aqui, o momento máximo do futebol ganha um “o” no fim da palavra.
O nome da modalidade esportiva é escrito sem “h” e a pronúncia é exatamente como se lê: an-de-bol.
Embora no Brasil a forma mais aceita seja “handebol”, o Dicionário Michaelis considera andebol como uma grafia correta.
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