Ora Pois https://orapois.blogfolha.uol.com.br Um olhar brasileiro sobre Portugal Mon, 29 Nov 2021 10:25:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Livro sobre os ‘pecados da colonização portuguesa’ vira best-seller na Suécia https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/10/11/livro-sobre-os-pecados-da-colonizacao-portuguesa-vira-best-seller-na-suecia/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/10/11/livro-sobre-os-pecados-da-colonizacao-portuguesa-vira-best-seller-na-suecia/#respond Mon, 11 Oct 2021 15:19:35 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/Viagem_Sete_pecados_colonizacao_portuguesa-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2590 Correspondente do jornal Dagens Nyheter, o maior da Suécia e da Escandinávia, Henrik Brandão Jönsson, 52, vive há 20 anos no Rio de Janeiro. Antes de se fixar no Brasil, o jornalista morou ainda em Portugal e em Cabo Verde, o que lhe rendeu um enorme interesse por tudo relacionado à lusofonia.

O entusiasmo de Brandão Jönsson com o tema acabou por convencer um editor da Suécia a publicar um livro sobre o universo da colonização portuguesa, com a provocadora premissa dos pecados espalhados pelos exploradores lusitanos.

Sem grandes expectativas, a editora programou o lançamento de “Viagem pelos Sete Pecados da Colonização Portuguesa”  para agosto –principal mês das férias de verão na Europa e um período tradicionalmente pouco movimentado no mercado literário escandinavo.

O desempenho da obra surpreendeu: em duas semanas, a primeira edição se esgotou. A segunda também desapareceu das prateleiras em cerca de 15 dias.  Pouco mais de um ano após o lançamento, o livro está na sétima edição.

“Do nada virou um best-seller, já vendeu mais de 10 mil cópias. Os editores se perguntaram como é que um livro sobre a lusofonia pode vender tão bem. Eu acho que os suecos são um povo que gosta de viajar. Nós temos uma história forte com alguns países lusófonos. A Suécia foi o primeiro país europeu a reconhecer a independência de Moçambique, Guiné Bissau e Angola. Durante a guerra colonial, o governo sueco apoiou a luta pela independência”, diz o jornalista, em português com forte sotaque carioca.

O sucesso na Escandinávia, somado ao fato  de sua agente literária na Suécia ser uma portuguesa emigrada, favoreceu a publicação da obra em Portugal. Lançado pela editora Objectiva, a edição em língua portuguesa acaba de chegar às livrarias.

Em Lisboa para o lançamento, Brandão Jönsson –o sobrenome português foi incorporado após o casamento com uma brasileira– diz estar curioso para ver as reações dos leitores lusitanos sobre a obra.

O livro é dividido em sete capítulos. Seis deles são dedicados às antigas colônias, cada uma com seu respectivo pecado capital associado: Goa (gula), Moçambique (luxúria), Macau (avareza), Timor-Leste (soberba), Angola (ira) e Brasil (preguiça).

O capítulo final é dedicado a Portugal, que, na avaliação do jornalista, tem como pecado a inveja.

A associação de cada pais e seu respectivo pecado é uma avaliação bastante subjetiva, sendo uma interpretação do autor sobre as características de cada um dos lugares que visitou.

Algumas ligações são mais óbvias, como a relação entre Macau –único território da China em que cassinos são liberados– e a avareza. Outras, precisam de uma certa ginástica filosófica.

Fachada do Grand Lisboa, complexo de hotel e cassino localizado em Macau | Foto: Divulgação
Fachada do Grand Lisboa, complexo de hotel e cassino localizado em Macau | Foto: Divulgação

“Timor Leste foi o mais difícil, porque é um país muito simpático, muito humilde. Você não poderia pensar em por soberba em um país com 1,2 milhões de pessoas. Mas eles têm um mito por lá: eles acham que são o povo do crocodilo, porque eles querem se sentir melhores do que a Indonésia [que já dominou o país]. Eles querem se diferenciar porque são cristãos, querem mostrar que são mais fortes do que a Indonésia”, explica.

O livro foi escrito em primeira pessoa e é resultado de viagens que começaram em 2016. O texto é uma espécie de grande reportagem, mesclando elementos de história e política de cada região com observações feitas in loco e entrevistas. Muitas entrevistas.

As conversas foram sobre variados temas e com diferentes perfis. Em Moçambique, por exemplo, Brandão Jönsson entrevistou desde pessoas que se prostituem em bares e discotecas até o escritor Mia Couto, um dos principais nomes da literatura africana.

“Aprendi muito com Åsne Seierstad [jornalista norueguesa], que escreveu ‘O Livreiro de Cabul’. Na obra fica muito claro que ela é uma branca de olhos azuis que mora em Cabul, e o livro incorpora isso. Eu quis fazer a mesma coisa: eu sou um sueco mimado, de olhos azuis, que estava vendo as coisas de uma determinada maneira. Eu sempre quis que isso ficasse muito claro”, relata.

No capítulo sobre o Brasil, a associação com a preguiça é feita em forma de crítica social, chamando a atenção para o fato de que os séculos de  escravatura fizeram com que muitos brasileiros tivessem aversão ao trabalho doméstico e a outras formas de ocupações.

Certos setores pouco produtivos do funcionalismo público e as generosas pensões para filhas de militares também são alvo de crítica.

“Eu sou do país da Ikea, onde temos por hábito fazer tudo sozinhos. Infelizmente, no Brasil ainda tem isso de deixar o outro fazer. Mas é claro que há quem trabalhe muito, como as pessoas que moram no subúrbio e acordam às 4h30 para pegar o trem e ir para o serviço”, explica.

No livro, o jornalista sueco descreve o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como a definição do brasileiro preguiçoso.

“Bolsonaro é um exemplo típico da preguiça do homem branco no Brasil. O nacionalista de direita acusa os descendentes das pessoas escravizadas de não trabalharem, apesar de terem sido eles quem, literalmente, construíram o país. Na realidade, Bolsonaro é quem não faz muito: foi expulso do Exército logo no grau de capitão, por conduta imprópria, e durante as suas quase três décadas como deputado só conseguiu a aprovação de dois projetos-lei — uma média de uma lei a cada quinze anos. Nem um caracol trabalha tão lentamente”, escreve.

Em seu capítulo sobre Portugal e a inveja, o jornalista sueco recorre ao pensamento do filósofo português José Gil: :”ele fala que inveja em Portugal não é um sentimento, é um sistema. Isso, é claro, é uma provocação”, diz o autor.

Segundo Henrik Brandão Jönsson, Portugal gosta de falar das glórias do passado e da época dos Descobrimentos sem tocar em outras questões que também fizeram parta da colonização.

“Tem o outro lado também: quem inventou o tráfico transatlântico de escravos foram os portugueses. Claro, existiam muitos escravos antes, como no Egito e em outros lugares, mas essa coisa de fazer negócio em larga escala com a escravidão, isso foram os portugueses”, diz.

Apesar das críticas, o livro exalta muitas qualidades e pontos históricos e culturais de Portugal e de suas antigas colônias.

“O livro é uma declaração de amor ao mundo lusófono, não estou só criticando. Como eu sou sueco e não tenho nada a ver com o mundo lusófono, eu posso criticar e elogiar. Se fosse um português escrevendo sobre a mesma coisa, poderia acontecer de pender mais para o elogio ou para a crítica. Mas, como eu tenho um olhar de fora, consigo avaliar como jornalista aquilo que é bom ou rui”, resume.

A obra, por enquanto, não tem previsão de lançamento no Brasil.

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Bibliotecas de Lisboa têm delivery grátis de livros durante o lockdown https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/03/12/bibliotecas-de-lisboa-tem-delivery-gratis-de-livros-durante-o-lockdown/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/03/12/bibliotecas-de-lisboa-tem-delivery-gratis-de-livros-durante-o-lockdown/#respond Fri, 12 Mar 2021 13:04:33 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/Lockdown_Bibliotecas-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2303 O lockdown contra a Covid-19  obrigou bibliotecas e livrarias de Portugal a fecharem as portas. Em Lisboa, enquanto os leitores não podem ir até os livros, são os livros que vão até os leitores.

A rede de bibliotecas municipais da cidade lançou um programa que entrega em casa, gratuitamente, até cinco obras à escolha de seus sócios.

Além de romances e livros técnicos e didáticos, é possível pedir revistas, CDs e DVDs do catálogo de qualquer uma das bibliotecas municipais.

Inaugurado há pouco mais de um mês, o “Biblioteca à sua porta” tem conquistado os lisboetas.

Após escolher as obras disponíveis no site oficial, o usuário precisa enviar uma e-mail com o título do material pretendido e as devidas referências catalográficas, além de suas informações pessoais e endereço de entrega.

Como o serviço só está disponível para quem tem a carteirinha da rede de bibliotecas, os organizadores também simplificaram o processo de adesão, que também pode ser feito completamente online.

Após confirmar a disponibilidade das obras –pode ser preciso esperar por alguns livros–, a equipe das bibliotecas entra em contato para agendar a entrega.

O delivery é feito por um funcionário com máscara e roupa de proteção.

A privacidade do gosto literário dos usuários é protegida. Os livros vêm embalados em um envelope de papel pardo, sem qualquer identificação dos títulos que contêm.

Livros são entregues em envelopes que garantem a privacidade do conteúdo | Foto: Giuliana Miranda/Folhapress
Livros são entregues em envelopes que garantem a privacidade do conteúdo | Foto: Giuliana Miranda/Folhapress

Os empréstimos têm duração de um mês e podem ser renovados.

Leitores que não falam português também têm acesso simplificado ao projeto, que tem uma página informativa em inglês. No acervo das bibliotecas lisboetas há muito material em línguas estrangeiras, especialmente em inglês, francês e espanhol.

O processo foi simples até para uma marinheira de primeira viagem nos arquivos municipais como eu.

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Com Portugal em confinamento, festival literário ganha versão online acessível no Brasil https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/02/25/com-portugal-em-confinamento-festival-literario-ganha-versao-online-acessivel-no-brasil/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/02/25/com-portugal-em-confinamento-festival-literario-ganha-versao-online-acessivel-no-brasil/#respond Thu, 25 Feb 2021 12:48:19 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/Correntes2021-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2287 Por conta do lockdown contra a Covid-19 em Portugal –em vigor desde 15 de janeiro–, o tradicional festival literário Correntes D’Escritas migrou a programação de sua 22ª edição para o ambiente virtual. O acesso às atividades, que acontecem na sexta-feira (26) e no sábado (27), é grátis e está disponível no Brasil.

Autores de destaque da literatura em língua portuguesa participam do encontro, incluindo nomes como Valter Hugo Mãe, Afonso Cruz, Hélia Correia, Lídia Jorge, Fernanda Torres, Ondjaki, Pepetela, Rui Zink e Onésimo Teotónio Almeida.

Realizado na pequena Póvoa de Varzim, terra natal do escritor Eça de Queiroz, o Correntes D’Escrita se notabilizou por levar discussões sobre cultura e literatura para fora das fronteiras de Lisboa e do Porto. Em condições não pandêmicas, o festival ocupa vários pontos da cidade e é um convite a descobrir também os encantos do Norte do país.

“Apesar da não realização de sessões in loco, recorreremos a outro formato que nos permitirá dar resposta ao
público que querendo participar diretamente e ao vivo, como sempre fez, não o poderá fazer. Em 2021 a Covid-19 obriga-nos a sair da zona de conforto, sem sair do confinamento. A deixar o nosso canto e a abrir portas ao mundo através da Internet”, dizem os organizadores.

A edição de 2021 homenageia ainda o escritor chileno Luís Sepúlveda, que morreu de Covid-19 em abril, pouco tempo depois de ter sido um dos principais convidados do Correntes D’Escrita em 2020.

Além de debates entre escritores, o festival traz ainda a exibição de vídeos, uma exposição fotográfica e outras experiências relacionadas ao universo cultural da cidade.

A programação completa está disponível no site da Câmara Municipal de Póvoa de Varzim.

As transmissões acontecem entre as 11h e as 19h na hora de Portugal (8h e 16h de Brasília) e podem ser acessadas em:

https://www.cm-pvarzim.pt/
https://www.facebook.com/cmpovoadevarzim
https://www.facebook.com/correntesdescritas

 

 

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Novo podcast usa literatura como fio condutor para debate sobre atualidade em países lusófonos https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/01/28/novo-podcast-usa-literatura-como-fio-condutor-para-debate-sobre-atualidade-em-paises-lusofonos/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/01/28/novo-podcast-usa-literatura-como-fio-condutor-para-debate-sobre-atualidade-em-paises-lusofonos/#respond Thu, 28 Jan 2021 08:00:56 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/Paulina_Chiziane-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2247 A língua portuguesa é o ponto de partida do recém-lançado podcast “Cruzamentos Literários”, que usa a literatura como fio condutor para discussões de temas atuais no universo da lusofonia.

Do feminismo à política, passando por questões como o racismo e a diversidade cultural africana, os episódios juntam autores de diferentes nacionalidades em uma conversa com diferentes perspectivas e sotaques.

O primeiro episódio tem como protagonista a escritora Paulina Chiziane, 65, primeira mulher de Moçambique a publicar um romance. Editado em 1990, “Balada de Amor ao Vento” é uma elogiada mistura da oralidade africana com questionamentos contemporâneos sobre o lugar da mulher nesta sociedade.

No programa, Chiziane conversa com a escritora portuguesa Isabel Lucas, enquanto trechos de suas obras são interpretados pela escritora brasileira Veronica Stigger.

A temporada terá 12 episódios, com quatro curadores de diferentes nacionalidades, que conversarão com escritores de cinco países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal.

O projeto une várias instituições de peso – Instituto Camões, Fundação Calouste Gulbenkian e Associação Oceanos – e faz parte da programação cultural da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. A embaixada de Portugal no Brasil também apoia a iniciativa.

Os episódios estão disponíveis no Spotify.

Confira a programação: 

– 21/01: Paulina Chiziane (Moçambique), Isabel Lucas e Veronica Stigger
– 04/02: Mário de Carvalho (Portugal), Manuel da Costa Pinto, Carmem Morentzsohn
– 18/02: Ana Maria Gonçalves (Brasil), Ondjaki, Roberta Estrela D’Alva
– 04/03: Pepetela (Angola), Rita Chaves, Ricardo Aleixo
– 18/03: Cristovão Tezza (Brasil), Isabel Lucas, Veronica Stigger
– 01/04: José Luiz Tavares (Cabo Verde), Manuel da Costa Pinto, Ricardo Aleixo
– 15/04: José Luís Peixoto (Portugal), Ondjaki, Ronaldo Bressane
– 29/04: Milton Hatoum (Brasil), Rita Chaves e Ricardo Aleixo
– 13/05: Noemi Jaffe (Brasil), Isabel Lucas, Veronica Stigger
– 27/5: José Eduardo Agualusa (Angola), Manuel da Costa Pinto, Ronaldo Bressane
– 10/06: Dulce Maria Cardoso (Portugal), Rita Chaves, Carmem Morentzsohn
– 24/06: Mbate Pedro (MZ), Ondjaki, Roberta Estrela D’Alva

 

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Após quase falir, livraria Lello completa 113 anos com recorde de venda de livros https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2019/01/20/apos-quase-falir-livraria-lello-completa-113-anos-com-recorde-de-venda-de-livros/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2019/01/20/apos-quase-falir-livraria-lello-completa-113-anos-com-recorde-de-venda-de-livros/#respond Sun, 20 Jan 2019 10:00:35 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/Livraria_Lello_Porto-320x213.jpg https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=1554 Mesmo sendo um dos principais pontos turísticos do Porto, e frequentemente aparecendo nas listas internacionais de “livrarias mais bonitas do mundo”, a centenária Lello esteve muito próxima da falência. A virada aconteceu em 2015, quando os donos decidiram cobrar pela entrada, mas oferecendo o valor do ingresso como um vale-desconto na compra de livros.

O esforço deu resultados rápidos. De lá para cá, a venda de livros aumentou quase 584%, colocando a livraria como uma das campeãs de negócios em Portugal. E mais: a verba extra permitiu a restauração das instalações, que já andavam deterioradas pelo tempo, e o investimento em novos horizontes literários.

Por isso, a Lello fez uma grande festa para comemorar seu aniversário de 113 anos, no último dia 13.

Livraria ficou lotada para festa de 113 anos | Foto: José Caldeira/Divulgação/Lello
Livraria ficou lotada para festa de 113 anos | Foto: José Caldeira/Divulgação/Lello

Na ocasião, a livraria aproveitou para anunciar uma oferta pública para comprar exemplares da primeira edição de três obras, com destaque para “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, maior clássico da literatura lusitana. Pelo livro, publicado em 1537, a Lello está disposta a pagar 250 mil euros (cerca de R$ 1,1 milhão).

 

Harry Potter

A livraria também está disposta a comprar por 70 mil euros (aproximadamente R$ 300 mil) a primeira edição, em inglês, de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, de J. K. Rowling.

A oferta tem uma explicação simbólica: a Lello e sua escadaria vermelha fazem parte do universo do bruxo de Hogwarts. A autora, apesar de britânica, viveu durante alguns anos no Porto e se inspirou na livraria para compor a atmosfera da biblioteca da escola de magia.

Os fãs da saga de Harry Potter costumam lotar a livraria. Não é raro ver alguém fantasiado ou mesmo ostentando símbolos ligados à saga internacional.

Ator vestido de Harry Potter anima a longa fila para entrar na livraria | Foto: Pedro Sardinha/Divulgação/Lello
Ator vestido de Harry Potter anima a longa fila para entrar na livraria | Foto: Pedro Sardinha/Divulgação/Lello

Planos

Segundo a direção da Lello, cerca de 40% dos visitantes da livraria acabam comprando livros, o que, em 2017, garantiu uma média de 1.300 obras vendidas por dia. Antes da cobrança de entrada –atualmente em 5 euros (R$ 21,3)– a média era de 190 livros por dia.

Os números de 2018 ainda não foram fechados, mas os dados preliminares já indicam expansão.

“Somos provavelmente a única livraria do mundo que cobra entrada, mas não nos afastamos da nossa vocação livreira. Pelo contrário, somos grandes divulgadores da literatura”, diz Amélia Martinho, presidente da empresa, que defende que os vouchers com o preço da entrada ajudam a transformar os visitantes em leitores.

A administradora da Lello destaca o papel da livraria na divulgação da cultura portuguesa. “Temos obras portuguesa traduzidas em várias línguas. Somos o maior exportador de cultura e de literatura nacional”, completa.

Amélia Pinto, presidente da Lello | Foto: José Caldeira/Divulgação/Lello
Amélia Pinto, presidente da Lello | Foto: José Caldeira/Divulgação/Lello

Como a maior parcelo do público é composta por turistas, a Lello investe também em livros escritos em outras línguas, sobretudo em inglês, espanhol, francês e alemão.

As traduções de autores portugueses para esses idiomas fazem sucesso. Embora nesse quesito o poeta Fernando Pessoa lidere com folga, o aumento da demanda pela obra de vários escritores deu novo fôlego à edição de traduções, resgatando livros que há muito tempo não eram editados.

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Portuguesa faz sucesso com livro de autoajuda para se comunicar com animais https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2018/06/06/portuguesa-faz-sucesso-com-livro-de-autoajuda-para-se-comunicar-com-animais/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2018/06/06/portuguesa-faz-sucesso-com-livro-de-autoajuda-para-se-comunicar-com-animais/#respond Wed, 06 Jun 2018 12:57:04 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/f9b479a1-2d36-4d08-91f8-4238998eeaf3-320x213.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=1335 No concorrido universo das terapias alternativas e da autoajuda, o trabalho de uma portuguesa que diz conseguir se comunicar com os animais —e ainda ensinar outras pessoas a fazê-lo— tem atraído cada vez mais atenção.

Formada em veterinária e com vários anos de experiência em cirurgia de animais, Marta Guerreiro dos Santos um dia se viu sem conseguir fazer seu trabalho. De uma hora para a outra, ela achou ter começado a entender aquilo que os bichos “diziam”.

“Passou a ser muito difícil ser cirurgiã veterinária. Os animais muitas vezes indicavam que não queriam passar pela eutanásia ou que um determinado procedimento seria totalmente inútil”, conta.

PIONEIRISMO

Seu primeiro livro, batizado de “Conversas com Animais” (ed. Lua de Papel), em que sintetiza uma jornada de descobrimento, mistura argumentos, ora embasados pela ciência, ora meramente espirituais, sobre aquilo que podemos aprender com nossos colegas de quatro patas.

Há ainda muitos depoimentos de casos e pessoas que tiveram sucesso com essas experiências.

“A relação entre humanos, cães e gatos é milenar. Há muita gente que diz que ter um animal em casa faz com que se viva mais, porque as doenças ‘vão para os bichos’. Isso não está muito longe da realidade”, diz.

Segundo Marta, a alma pura dos animais muitas vezes “absorve” preocupações, doenças e outras energias negativas de seus tutores.

“Eles literalmente dão a vida por nós. É um amor incondicional”, avalia.

Para ela, em vários casos os tutores podem auxiliar o tratamento dos bichos ao compreenderem, dentro de si próprios, o que poderia estar contribuindo para afetar o animal.

“Não se trata de excluir os tratamentos convencionais, que devem sempre ser usados. A questão é perceber que muitas vezes se vai além disso”, conta.

BRASIL

Com a repercussão do livro, que também foi publicado no Brasil, a fama de Marta Guerreiro dos Santos cruzou o atlântico.

Requisitada para cada vez mais cursos e palestras no Brasil —o próximo acontece agora em junho em São Paulo—, ela destaca o amor que os brasileiros têm pelos animais.

“Os brasileiros gostam muito dos animais e são abertos a compreendê-los melhor, às mensagens que eles querem passar”, diz.

Marta diz que os bichos muitas vezes são os primeiros a notar que há algo de errado com seus humanos.

“Tive contato com uma senhora cuja gata estava sempre subindo no colo e tentando lhe tocar o peito, insistentemente miando. Era uma forma de a gatinha dizer que havia algo errado ali. Um tempo depois, ela finalmente resolveu fazer um exame e identificou um câncer”, diz Marta, que enumera ainda outros casos como exemplo das mensagens que podem ser interpretadas.

Mais recentemente, a portuguesa expandiu suas técnicas também para os domínios humanos.

Recém-lançado, seu segundo livro, “Conversas com a Alma” vai ainda mais fundo nas reflexões espirituais.

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7 livrarias incríveis de Portugal https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2018/04/23/7-livrarias-incriveis-de-portugal/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2018/04/23/7-livrarias-incriveis-de-portugal/#respond Mon, 23 Apr 2018 16:46:23 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/27776480908_aaf2881749_k-320x213.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=1252 A livraria mais antiga do mundo fica em um dos principais bairros turísticos de Lisboa. Do outro lado do país, no Porto, há uma loja dedicada inteiramente à literatura feminina.

Já no Centro, uma antiga igreja foi transformada em uma imponente livraria.

Para comemorar o Dia Mundial do Livro, celebrado neste 23 de abril, selecionei alguns dos espaços literários mais interessantes de Portugal, um país apaixonado por livros e pela literatura.

1. Bertrand Chiado (Lisboa)

Livraria tem fachada de azulejos azuis e fica no Chiado, um dos bairros mais turísticos de Lisboa | Foto: Divulgação
Livraria tem fachada de azulejos azuis e fica no Chiado, um dos bairros mais turísticos de Lisboa | Foto: Divulgação

Reconhecida pelo “Guiness Book” como a livraria mais antiga do mundo, a Bertrand, no movimentado bairro do Chiado, foi fundada em 1732.

Em seus quase três séculos de história, o espaço conquistou o coração de nomes ilustres da literatura portuguesa. Morador das imediações, Fernando Pessoa era um dos frequentadores assíduos.

Hoje, a loja tem diferentes salas que são “apadrinhadas” por escritores lusitanos, como José Saramago, Eça de Queirós, Sophia de Mello Breyner e o próprio pessoa.

Certificado do "Guiness Book" fica logo na entrada | Foto: Giuliana Miranda/Folhapress
Certificado do “Guiness Book” fica logo na entrada | Foto: Giuliana Miranda/Folhapress

Endereço: rua Garrett 73, 1200-309 Lisboa

2. Livraria Santiago (Óbidos)

Interior da livraria de Santiago | Foto: Giuliana Miranda
Interior da livraria de Santiago | Foto: Giuliana Miranda

À primeira vista, o prédio centenário de fachada branca parece mais uma entre as inúmeras igrejas de Portugal. Um olhar mais atento, no entanto, revela um acervo de mais de 30 mil exemplares.

Do altar à antiga sacristia, há livros espalhados por todos os cantos desta livraria única, instalada na vila medieval de Óbidos, famosa por seu castelo.

O charme fica por conta da manutenção da estrutura original do prédio e a possibilidade de unir a literatura à centenária história da antiga igreja.

Interior da livraria de Santiago | Foto: Giuliana Miranda
Interior da livraria de Santiago | Foto: Giuliana Miranda

Endereço: largo de São Tiago do Castelo, 2510-057 Óbidos

3. Lello & Irmão (Porto) 

Escadaria vermelha é um dos símbolos da livraria Lello | Foto: Visit Porto
Escadaria vermelha é um dos símbolos da livraria Lello | Foto: Visit Porto

Conhecido como “a livraria do Harry Potter”, este centenário estabelecimento é um dos principais pontos turísticos do Porto.

Fundada em 1906, a livraria já pertenceu aos irmãos Lello —os mesmos que publicam o dicionário Lello, famoso no Brasil. O espaço tem uma imponente escadaria vermelha em madeira e vitrais coloridos que são sua marca registrada.

A relação com o universo do bruxo mais famoso do mundo fica por conta do período que a autora da obra, J.K.Rowling, viveu na cidade.

Apaixonada por livros, Rowling visitava a Lello com alguma frequência e o ambiente imponente da livraria Lello serviu de inspiração para compor a biblioteca de Hogwarts, a escola de bruxaria da saga.

Para entrar na livraria paga-se uma taxa de 4€, que é revertida em créditos para a compra de livros.

Endereço: rua das Carmelitas 144, 4050-161 Porto

4. Confraria Vermelha – Livraria de Mulheres (Porto)

Literatura feminina é destaque na Confraria Vermelha, no Porto | Foto: Reprodução Facebook
Literatura feminina é destaque na Confraria Vermelha, no Porto | Foto: Reprodução Facebook

Um espaço que luta contra a histórica subrepresentação das mulheres no universo literário, seja como autoras ou como personagens.

Fundada em 2015, esta livraria no Porto é quase que inteiramente dedicada à literatura com uma pegada feminina. Quase 90% do acervo é de autoras mulheres.

O espaço também tem palestras e workshops relacionados ao tema.

Endereço: rua dos Bragas nº32, 4050-122 Porto

5. Ler Devagar (Lisboa)

Livraria Ler Devagar fica na LX Factory | Foto: Reprodução/Facebook
Livraria Ler Devagar fica na LX Factory | Foto: Reprodução/Facebook

Considerada em uma lista do “NYT” como uma das livrarias mais bonitas do mundo, a Ler Devagar é facilmente um dos pontos mais instagramados da cidade.

Basta adentrar o recinto para perceber a razão: além dos milhares de livros expostos em um pé direito muito alto, há uma enorme escultura de bicicleta pendendo do teto.

Para completar a atmosfera cool, um café descolado com simpática mesinhas atrai quem quer passar horas lendo um livro ou simplesmente aproveitando o ambiente (e o wifi) do lugar.

Endereço: rua Rodrigues Faria, 103, 1300-501 Lisboa

6. Fabula Urbis (Lisboa)

Fachada da Fabula Urbis | Foto: Divulgação
Fachada da Fabula Urbis | Foto: Divulgação

Uma livraria dedicada inteiramente à  história de Lisboa, instalada em um dos principais bairros históricos da capital portuguesa.

Em funcionamento há mais de uma década, a Fábula Urbis é especializada na chamada  olisipografia, mas vai além. São mais de 4.000 títulos sobre Lisboa e Portugal, em português e outros idiomas.

Endereço: rua Augusto Rosa, 27, Lisboa

7. The Literary Man (Óbidos)

Até o restaurante do hotel The Literary Man é recheado de livros | Foto: Giuliana Miranda
Até o restaurante do hotel The Literary Man é recheado de livros | Foto: Giuliana Miranda

Mistura de hotel,  biblioteca e livraria, o The Literary Man é considerado o maior hotel literário do mundo.

São de mais de 40mil obras espalhadas literalmente por todos os cantos. Dos quartos aos banheiros, incluindo o restaurante,  visitante está sempre cercado por livros.

No Natal, uma das atrações é a bela árvore que, colmo não poderia deixar de ser, também é feita de livros.

Hotel The Literary Man em Óbidos é totalmente dedicado aos livros
Hotel The Literary Man em Óbidos é totalmente dedicado aos livros

Endereço: rua D’ João d`Ornelas, 2510-074 Óbidos

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Casal brasileiro recupera antigo apartamento de Fernando Pessoa e aluga por temporada https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2017/07/05/casal-brasileiro-recupera-antigo-apartamento-de-fernando-pessoa-e-aluga-por-temporada/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2017/07/05/casal-brasileiro-recupera-antigo-apartamento-de-fernando-pessoa-e-aluga-por-temporada/#respond Wed, 05 Jul 2017 09:45:32 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/lquj5ec12f6xlnf3yw1w-180x120.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=907 Em uma busca despretensiosa por imóveis no centro histórico de Lisboa, um casal de brasileiros encontrou um pra lá de especial: um apartamento onde Fernando Pessoa viveu na juventude, em 1905 e 1906.

“Sem muito destaque, no meio do anúncio, havia a informação de que naquele apartamento havia morado Fernando Pessoa. Fiquei impressionada e muito curiosa, mas isso não interferiu na negociação [a autenticidade da residência já havia sido atestada pela Câmara de Lisboa ao proprietário anterior]. O apartamento não custou nem um centavo a mais por ele ter vivido ali”, conta Maria Penido, proprietária de uma empresa que auxilia estrangeiros de mudança para Portugal.

Ela e o marido, o publicitário Ricardo Braga, já estavam em busca de um imóvel para investir no segmento de aluguéis por temporada para turistas. Com a descoberta do ilustre morador, Ricardo logo se animou em fazer algo dedicado à obra do poeta.

“Eu queria mais do que simplesmente pôr uns livros e umas fotos do Fernando Pessoa na parede. Queria algo que refletisse o período em que ele viveu aqui”, conta.

Publicitário Ricardo Braga mergulho no universo de Fernando Pessoa | Foto: Giuliana Miranda
Publicitário Ricardo Braga mergulhou no universo de Fernando Pessoa | Foto: Giuliana Miranda

“Entrei em contato com a equipe da Casa Fernando Pessoa, fui atrás de especialistas, li muita coisa. Fiz uma imersão total”, conta Ricardo.

Nina, a filha mais nova do casal, confirma o entusiasmo dos pais.

“Meu pai  agora está sempre lendo alguma coisa de Fernando Pessoa em casa”, diverte-se ela.

Maria Penido e sua filham, Nina | Foto: Giuliana Miranda
Maria Penido e sua filha, Nina | Foto: Giuliana Miranda

Volta às raízes

O momento em que Pessoa viveu no apartamento, um segundo andar na rua de São Bento, marca o reencontro do poeta com sua terra natal.

Nascido em Lisboa em 1888, ele perdeu o pai quando ainda era pequeno. Fernando Pessoa acabou se mudando para a África do Sul com apenas 7 anos acompanhando sua mãe, que casara com o cônsul de Portugal naquele país.

Após ter feito todos os seus estudos em inglês, Pessoa regressa a Lisboa com 17 anos, para cursar Letras na Universidade de Lisboa —curso que ele viria a abandonar no segundo ano.

É nesta casa, onde viveu com a tia e outros parentes, que Pessoa começa resgatar a portugalidade.

Com a consultoria de dois estudiosos da obra do poeta, António Cardiello e Fabrizio Boscaglia, o casal decidiu incluir várias referências ao período na decoração da casa.

Nas paredes, há vários manuscritos obtidos junto à Biblioteca Nacional de Portugal que mostram que Fernando Pessoa ainda usava predominantemente a língua inglesa em seus apontamentos.

Manuscrito de Fernando Pessoa do período em que viveu na casa; inglês é predominante | Foto: Reprodução
Manuscrito de Fernando Pessoa do período em que viveu na casa; inglês é predominante | Foto: Reprodução

Embora seja um dos maiores poetas da lusofonia, apenas um dos quatro livros que publicou em vida (“Mensagem” ) foi escrito na língua de Camões. Os demais estavam em inglês.

O apartamento

“Quisemos fazer um espaço aconchegante, que tivesse uma atmosfera antiga, mas ao mesmo tempo aconchegante e atual”, conta a empresária Maria Penido, que cuidou pessoalmente da decoração.

Foram horas de busca na internet e na Feira da Ladra —famoso mercado de antiguidades de Lisboa, presente inclusive na obra de Fernando Pessoa— atrás de objetos que remetessem ao poeta.

Cozinha manteve os azulejos tradicionais do período | Foto: Divulgação
Cozinha manteve os azulejos tradicionais do período | Foto: Divulgação

Com dois quartos, sala de estar, sala de jantar e um banheiro, a casa acomoda quatro viajantes.

Desde o lançamento, em esquema de soft opening há menos de um mês, a procura tem sido grande.

Quarto principal do apartamento | Foto: Divulgação

Ironicamente, a primeira hóspede, uma americana do Texas, não fazia ideia de quem era o poeta. Chegou atraída pela luminosidade e pela localização privilegiada da casa, que fica na rua de São Bento, próxima à Assembleia da República.

“Quando eu vi que era uma americana, fiz questão de deixar uma coletânea de poemas de Fernando Pessoa em inglês na cabeceira da cama. Uma semana depois, quando ela foi embora, me mostrou que havia comprado dois livros dele para levar para casa. Fiquei muito feliz!”, conta a empresária.

Além do apartamento em si, Ricardo Braga resolveu ainda criar experiências personalizadas relacionadas ao universo do poeta.

É possível agendar um tour com os pesquisadores ou mesmo marcar um colóquio para aprender mais sobre a vida e a obra do escritor.

Livros sobre a obra de Fernando Pessoa estão espalhados pela casa | Foto: Giuliana Miranda
Livros sobre a obra de Fernando Pessoa estão espalhados pela casa | Foto: Giuliana Miranda

Na semana passada, o pesquisador Jerónimo Pizarro, uma das maiores autoridades no estudo do poeta, visitou o apartamento e se disse encantado com o que viu.

“Há outros apartamentos em que Fernando Pessoa viveu disponíveis no AirBnB em Lisboa, mas nenhum teve  tamanho cuidado”, contou Pizarro, enquanto fitava, com um sorriso no canto dos olhos, para a mesa de centro da casa, onde estava um de seus livros sobre o poeta.

Jéronimo Pizzaro, um dos maiores pesquisadores da obra de Fernando pessoa, visita o antigo apartamento do poeta | Foto: Giuliana Miranda
Jéronimo Pizarro, um dos maiores pesquisadores da obra de Fernando Pessoa, visita o antigo apartamento do poeta | Foto: Giuliana Miranda

Mais Pessoa

Para ter uma experiência pessoana em Lisboa, no entanto, não é preciso ir ao AirBnB. Há diversas referências ao poeta espalhadas pelo centro da capital portuguesa.

No Chiado, o café A Brasileira tem a famosa estátua de bronze dedicada e ele. Na região de Campo de Ourique, é possível a casa em que ele viveu seus últimos 15 anos, hoje transformada em fundação.

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Vila medieval de Óbidos se reinventa como destino literário https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2017/01/25/vila-medieval-de-obidos-se-reinventa-como-destino-literario/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2017/01/25/vila-medieval-de-obidos-se-reinventa-como-destino-literario/#respond Wed, 25 Jan 2017 17:19:16 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/4017081137_684050c36a_b-180x110.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=655 Famosa pela imponente muralha de seu castelo e pelo adocicado licor de ginja (uma espécie de cereja), a vila de Óbidos, no centro de Portugal, está se reinventando como um destino literário. Além da abertura de livrarias —algumas em espaços tão inusitados quanto um mercado de alimentos orgânicos—, a cidade inaugurou um hotel totalmente dedicado aos livros e passou a organizar um festival internacional de literatura.

“Óbidos sempre teve suas atividades muito ligadas à Era Medieval, como é óbvio em uma vila com essas muralhas. Mas nós vimos que podíamos ir além. E a literatura foi uma resposta”, explica Telmo Faria, ex-presidente da Câmara (cargo equivalente ao de prefeito) da cidade.

A idéia começou a se concretizar em 2013, com a abertura de uma grande livraria no prédio em que funcionava uma igreja, em um ponto nobre do centro da cidade. Para quem vê de fora, o prédio parece ser só mais uma das belas construções religiosas da área. Basta desviar os olhos para a entrada do edifício, porém, para notar a diferença.

Apesar da conversão do espaço, a livraria dispôs os cerca de 30 mil livros do espaço aproveitando a arquitetura e parte da decoração da antiga igreja, inclusive o altar.

Interior da livraria de Santiago, uma antiga igreja convertida em loja de livros
Interior da livraria de Santiago, uma antiga igreja convertida em loja de livros

O espaço recebeu o nome de Livraria de Santiago em homenagem ao nome da igreja que ali havia, que era dedicada ao santo. A operação é feita pela cooperativa literária Ler Devagar, que também tem uma loja emblemática em uma antiga zona industrial de Lisboa, e também faz a operação de outras livrarias na vila e foi uma importante parceira no projeto literário da vila.

Mercado de alimentos orgânicos também virou livraria | Foto: Giuliana Miranda
Mercado de alimentos orgânicos também virou livraria | Foto: Giuliana Miranda

A menos de cinco minutos de caminhada dali, cruzando a charmosa rua de pedras que corta a cidade, fica outra livraria fora do comum. Entre caixotes de maçã e prateleiras cheias de verduras. o mercado de alimentos orgânicos (ou biológicos, como se diz em Portugal), também passou a integrar uma livraria.

Quem visita o lugar pode tomar um chazinho —orgânico, naturalmente—, enquanto escolhe com calma os livros, dispostos em caixotes de madeira e grandes mesas espalhadas pelo armazém.

Também pertinho dali, fica o hotel The Literary Man, totalmente dedicado ao universo dos livros, que fazem parte da decoração e estão literalmente por todos os lados: desde a recepção até os banheiros.

Até o restaurante do hotel The Literary Man é recheado de livros | Foto: Giuliana Miranda
Até o restaurante do hotel The Literary Man é recheado de livros | Foto: Giuliana Miranda

Hoje, são mais de 45 mil livros espalhados pelo edifício, um antigo convento restaurado para abrigar o projeto. Outros 15 mil títulos devem desembarcar no espaço ainda nesta semana.

Todas as obras podem ser consultadas pelos clientes e também estão à venda.

Hotel The Literary Man em Óbidos é totalmente dedicado aos livros
Hotel The Literary Man em Óbidos é totalmente dedicado aos livros

“Temos, por exemplo, uma enorme seleção de livros infantis em inglês. Queríamos ter um diferencial, oferecer livros que não são tão facilmente encontrados,. Aqueles que a pessoa teria de ir à internet buscar. Queríamos ser uma alternativa a isso”, diz Faria, que depois de sair da Câmara Municipal, resolveu abrir o hotel.

Há ainda outras livrarias espalhadas por cantinhos da cidade, o que dá um charme ainda maior às ruazinhas de Óbidos.

Outro destaque no reposicionamento da cidade é o Folio (Festival Internacional de Literário de Óbidos), que acontece desde 2015 e tem atraído milhares de apaixonados por livros e centenas de autores na região.

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Cinco ligações entre Portugal e Harry Potter https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/08/01/cinco-ligacoes-entre-portugal-e-harry-potter/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/08/01/cinco-ligacoes-entre-portugal-e-harry-potter/#respond Mon, 01 Aug 2016 12:15:38 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/HP_destacada-180x90.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=494 No último fim de semana, o Porto, no Norte de Portugal, fez parte do seleto grupo de cidades a receber um lançamento oficial de “Harry Potter and the Cursed Child” (Harry Potter e a criança amaldiçoada, em tradução livre), último livro da saga do bruxo mais famoso do mundo.

A obra é a adaptação escrita do roteiro da peça homônima, lançada recentemente em Londres, e que dá continuidade à história da família Potter. O protagonista agora é o filho de Harry, Albus.

A escolha do Porto, e da centenária livraria Lello, não foi por acaso. J.K. Rowling, autora dos livros, viveu por quase dois anos na cidade e há várias referências a isso nos livros —algumas confirmadas por ela, outras apenas especulação de fãs e biógrafos.

No início da década de 1990, ela morou em Portugal trabalhando como professora de inglês e, nas horas vagas, dedicando-se ao manuscrito do primeiro livro da série, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”.

Embora a primeira filha de Rowling, Jessica, tenha nascido em Portugal, a autora viveu momentos dolorosos no país e não gosta de menciona-los em entrevistas. Logo após a morte se sua mãe, ela teve um casamento conturbado com um jornalista português.

1. Livraria inspira detalhes de Hogwarts

Inaugurada em 1906 com um imponente estilo neogótico, a livraria Lello é um dos principais pontos turísticos do Porto. A fama da obra do arquiteto Francisco Xavier Esteves já correu o mundo e a loja costuma figurar na maioria das listas de mais belas livraria do planeta.

A imponente escadaria do local teria inspirado a escadaria movediça de Hogwarts, a escola de magia e bruxaria em que Harry Potter e seus amigos estudaram.

Escadaria da livraria Lello teria inspirado a de Hogwarts (Foto: Wikicommons)
Escadaria da livraria Lello teria inspirado a de Hogwarts (Foto: Wikicommons)

Também há quem veja uma ligação forte entre a Lello e a livraria “Flourish and Blotts”, descrita no livro

2. Uniformes parecidos

As universidades portuguesas têm uma tradição bem conhecida: os trajes acadêmicos. Trata-se de um conjunto preto —com calça para os homens e saia para as mulheres— arrematado por uma longa capa, também negra.

O chamado traje acadêmico nacional, antiga tradição dos estudantes universitários em Portugal (Foto: Loja  Farras, Fitas e Guitarradas)
O chamado traje acadêmico nacional, antiga tradição dos estudantes universitários em Portugal (Foto: Loja Farras, Fitas e Guitarradas)

A semelhança com a indumentária de Hogwarts não seria coincidência, mas sim uma inspiração direta do contato constante de Rowling com os estudantes da Universidade do Porto.

Capa preta do uniforme de Hogwarts lembra a dos estudantes universitários portugueses (Foto: Divulgação)
Capa preta do uniforme de Hogwarts lembra a dos estudantes universitários portugueses (Foto: Divulgação)

3. Ditador dá nome a vilão

O ditador António de Oliveira Salazar governou Portugal de 1932 a 1968. J.K. Rowling teve contato com a história portuguesa e a inseriu de uma maneira criativa nos livros. Um dos criadores da casa Sonserina —que reúne uma boa parte dos vilões da história— faz referência ao ditador.

António de Oliveira Salazar, ditador que governou Portugal de 1932 a 1968, dá nome a um dos vilões da trama (Foto: Wikicommons)
António de Oliveira Salazar, ditador que governou Portugal de 1932 a 1968, dá nome a um dos vilões da trama (Foto: Wikicommons)

Salazar Slytherin, um bruxo da era medieval, é descrito como astuto, mas que não gostava de se misturar com quem não tivesse “sangue puro”. Ele gostaria de manter o acesso à Hogwarts apenas para as famílias tradicionais na bruxaria.

Não é coincidência que o Salazar português tenha tido como uma das principais marcas de sua gestão a manutenção deliberada de altos níveis de analfabetismo entre a população.

4. Café chique como inspiração

O Café Majestic é um dos mais tradicionais do Porto, com direito a mesas de mármore, pianista e muitos cristais. Embora Rowling vivesse com sérias restrições orçamentárias, o biógrafo Sean Smith diz que ela gostava de frequentar o local em busca de inspiração.

O café Café Majestic  é um dos mais emblemáticos do Porto (Foto: Giuliana Miranda)
O café Café Majestic é um dos mais emblemáticos do Porto (Foto: Giuliana Miranda)

5. Poema batiza livro

Mais uma teoria do biógrafo Sean Smith, que não foi confirmada pela autora.

O título do primeiro livro da série estaria relacionado a um famoso poema português “A Pedra Filosofal”, de António Gedeão.

Segundo Smith, o poema-canção era recorrente entre os universitários do Porto e muito provavelmente foi inserida no imaginário da autora.

Capa de "Harry  Potter e  Pedra filosofal", primeiro livro da série, que foi parcialmente escrito em Portugal (Foto: Divulgação)
Capa de “Harry Potter e Pedra filosofal”, primeiro livro da série, que foi parcialmente escrito em Portugal (Foto: Divulgação)

E você, o que acha dessas ligações?

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