A proposta foi apresentada hoje à chanceler alemã, Angela Merkel, pelo primeiro-ministro António Costa, que está em visita a Berlim.
Costa disse estar disposto a negociar com a Alemanha, um dos países que mais sofrem com a pressão migratória, soluções “bilaterais” de auxílio.
Além disso, o primeiro-ministro português também pretende integrar os refugiados na agricultura. Mais especificamente, em áreas atualmente pouco atraentes para outros trabalhadores, como no cultivo de vegetais em estufas. Hoje os produtores acabam recrutando vietnamitas ou tailandeses por falta de mão de obra na Europa
Enquanto isso, em Portugal, o ministro adjunto Eduardo Cabrita, afirmou a jornalistas que o país tem uma “posição de abertura” em relação aos refugiados e que será possível “aprofundar experiências de integração”.
Com uma população envelhecida e uma grande quantidade de jovens qualificados deixando o país em busca de melhores oportunidades de trabalho, Portugal tem chances reais de se beneficiar com a chegada dos imigrantes.
O ensino superior português tem vagas ociosas e essa seria uma oportunidade de integrar e qualificar os refugiados.
FALTA DE OPORTUNIDADES
O plano português, embora muito bom em termos teóricos, tem uma dificuldade prática: a falta de oportunidade de emprego e os baixos subsídios aos refugiados. Uma situação que torna os países do norte da Europa, apesar dos embaraços, mais atraentes.
Há mais de um ano, uma reportagem da jornalista Carolina Reis no “Expresso” relatou que a situação já estava ruim antes da atual onda de refugiados sírios: sem trabalho, muitos dos alocados em Portugal pelo programa oficial de acolhimento do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) acabavam imigrando ilegalmente para outros países da Europa em busca de melhores condições.
Apesar das boas intenções, ainda há um longo caminho pela frente.
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]]>Assim como ele, outros amigos também abriram mão de horas de trabalho e recursos próprios para ajudar. Criaram uma página em uma rede social e, em pouco tempo, atraíram a atenção da população e da imprensa do país.
Em uma semana, a disposição dos amigos já havia contagiado Portugal. Muita gente se mobilizou e criou postos de coleta espalhados por todo o país, recolhendo roupas, remédios, brinquedos e outros gêneros de ajuda para os refugiados.
“Foi espontâneo. Vários amigos que se juntaram e decidiram agir contra a crise humanitária. Íamos com as nossas próprias carrinhas [caminhonetes], mas o movimento cresceu. Acabamos com três caminhões cheios”, explica Vasconcelos, que fez o trajeto rodoviário Lisboa à Croácia, do outro lado da Europa, com os caminhões.
O grupo batizou o movimento de “Aylan Kurdi Caravan”, em homenagem ao menino sírio de três anos que morreu afogado tentando chegar com a família à Europa e cuja foto correu o mundo como símbolo da tragédia.
“Toda a reação da sociedade civil europeia mudou depois dessa foto. Foi necessária aquela foto para que se tomasse uma atitude”, avalia Vasconcelos, que acredita que os líderes europeus discutem muito a questão, mas ainda não têm ações suficientes para resolvê-la.
A caravana de Aylan Kurdi ganhou apoio do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) e conseguiu uma autorização especial do governo francês para cruzar seu território com caminhões durante o fim de semana.
Os mais de 3.000 km entre Lisboa e Vinkovci, na fronteira da Croácia com a Sérvia, foram percorridos na semana passada. O grupo fez o trajeto em três dias, com algumas paradas para descansar. O material foi entregue à Cruz Vermelha croata, que está encarregada da distribuição, na terça passada.
“O maior desafio foi encontrar um parceiro com capacidade para distribuir os donativos. São bens valiosos, medicamentos. Não poderia ser qualquer um”, explica o empresário.
A ideia inicial era ir para a Hungria, mas, com as mudanças no fluxo migratório devido às políticas daquele país, o grupo decidiu se dirigir à Croácia.
“Foi muito bonito, saudável e evoluído”, avalia Vasconcelos, que considera a missão da caravana, de dar uma primeira ajuda aos mais necessitados, foi cumprida.
“Não é só a fronteira da Croácia. É a Fronteira da Europa. Tínhamos de ajudar”, diz ele.
Movimento contrário também existe
Apesar da repercussão e do bom resultado da caravana humanitária, grupos contrários à presença de refugiados também têm se manifestado em Portugal, que está na reta final da campanha eleitoral para a escolha de seu primeiro ministro.
Na região do Saldanha, área nobre de Lisboa, um gigantesco cartaz deixa claro que alguns políticos não apóiam a entrada dos refugiados.
Desde o início de setembro, foram organizadas algumas manifestações contra a ajuda do Estado aos refugiados. A maioria dos setores contrários justifica que a ajuda deveria ser dada aos cidadãos do próprio país, e não a estrangeiros.
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