Ora Pois https://orapois.blogfolha.uol.com.br Um olhar brasileiro sobre Portugal Mon, 29 Nov 2021 10:25:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Seis dicas para não passar vergonha ao pedir um café em Portugal https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2015/11/02/seis-dicas-para-nao-passar-vergonha-ao-pedir-um-cafe-em-portugal/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2015/11/02/seis-dicas-para-nao-passar-vergonha-ao-pedir-um-cafe-em-portugal/#respond Mon, 02 Nov 2015 12:08:44 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=110 Tomar um cafezinho na rua é um ritual português. Um estudo feito pela Associação Industrial e Comercial do Café indicava que nada menos do que 78% do consumo de café em Portugal acontecia fora de casa.

Célebre Café A Brasileira, em Lisboa, era frequentado por Fernando Pessoa, Crédito: Giuliana Miranda
Célebre Café A Brasileira, em Lisboa, era frequentado por Fernando Pessoa, Crédito: Giuliana Miranda

De manhã, à tarde e até depois do jantar. Há sempre uma pastelaria (estabelecimento que é meio confeitaria, meio padaria) pronta para servi-lo. Entre um gole e outro, os portugueses aproveitam para comentar a política, fazer negócios ou simplesmente pensar na vida.

Talvez por isso exista todo um universo de palavras para se referir ao tema. Sendo assim, escolhi seis dicas para que o leitor do blog consiga desfrutar seu cafezinho em todo o esplendor local.

1. Xícara é chávena
Parece bobagem, mas é bom esclarecer:  em terras lusas o recipiente em que o café vai ser servido chama-se chávena. A palavra xícara costuma ser usada para chás.

2. Em Lisboa, peça uma bica

Na capital e arredores, café é sinônimo de bica. Há quem diga que se trata de um acrônimo para “beba isto com açúcar”, inventado para difundir o consumo da bebida quando o café chegou ao país.

No Porto e em outros lugares do Norte, a expressão não é usada. Algumas pessoas mais velhas falam cimbalino —uma referência às primeiras máquinas de café expresso que chegaram ao país, as italianas La Cimbali. 

O café expresso em Portugal é um pouco menor do que no Brasil Crédito: Tiago Irrepupavel/Flickr/CC
O café expresso em Portugal é um pouco menor do que no Brasil Crédito: Tiago Irrepupavel/Flickr/CC

3. Café com leite: no copo ou na xícara?

Quem quer beber um café com leite na xícara deve pedir uma meia-de-leite. Como o próprio nome indica, é um café mais ou menos com a mesma quantidade de leite. 

Já no galão o café com leite é servido em um copo. Aqui é mais comum também explicar a proporção de leite desejada. Um galão claro tem mais leite e um galão escuro, mais café. 

4. O expresso é quase um shot

A maioria dos portugueses costuma apreciar cafés fortes. Por norma, os expressos servidos por aqui são um pouco menores do que os do Brasil. 

Para quem, como eu, prefere um pouquinho mais de bebida, vale pedir um longo.

Como a proporção aqui já é menor, um café curto pode ser tomado quase que em um gole só…

5. Cuidado com o carioca de limão

Um café carioca, assim como no Brasil, é um café mais fraco. Em geral, é o segundo café tirado de um mesmo pó.

Também é comum por aqui pedir um carioca de limão. Bem menos comum no Brasil (embora exista em alguns lugares), este aqui nem café tem. É simplesmente água quente com uma fatia de limão, servida em uma chávena.

6. Cafezinho tem de ser barato

Portugal tem um dos cafés mais baratos da Europa. Quando os portugueses se deparam com um café de 1€ (cerca de R$ 4,4), já acham caro. 

Não aceite ser enrolado. O preço médio costuma oscilar entre 0,50€ e 0,70€. 

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Castanhas assadas perfumam as ruas de Portugal https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2015/10/20/castanhas-assadas-perfumam-as-ruas-de-portugal/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2015/10/20/castanhas-assadas-perfumam-as-ruas-de-portugal/#respond Tue, 20 Oct 2015 11:17:33 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=78 Basta o outono começar a aparecer, com temperaturas mais amenas e as primeiras folhas secas no chão, para as ruas de Portugal serem tomadas por uma tradição: as castanhas assadas.

Vendedor de castanha em Vila Nova de Gaia, norte do país Crédito:  NoirKitsuné/CC
Vendedor de castanha em Vila Nova de Gaia, norte do país Crédito: NoirKitsuné/CC

As castanhas portuguesas (por motivos óbvios elas aqui são chamadas só de castanhas) são assadas na hora, em plena rua mesmo, e vendidas em cones de papel, em geral em grupos de seis ou 12.

A fumaça dos assadores de castanha espalha um cheiro um tanto adocicado que perfuma as ruas portuguesas nesta época do ano.

Esse cheiro é tão característico que foi parar até em um fado, imortalizado por Amália Rodrigues (1920-1999). Na música, a grande diva do gênero diz que Lisboa “cheira a castanha assada se está frio” e “cheira a fruta madura quando é verão”.

A maior parte das castanhas do país vem da região de Trás-os-Montes e da Beira Interior e tem um papel de destaque na renda dos agricultores. No passado, as castanhas —ricas em amido— chegaram a ocupar um lugar importante na alimentação dos portugueses.

Agora, elas permanecem como uma tradição dos dias frios e fazem a festa dos turistas.

Nesta época do ano, aqui em Lisboa, por toda cidade se vê estrangeiros provando a iguaria.

Por via das dúvidas, alguns vendedores fazem questão de avisar: é preciso tirar a casca antes de comer.

Vendedor de castanhas na baixa de Lisboa Vrédito: Giuliana Miranda
Vendedor de castanhas na baixa de Lisboa Crédito: Giuliana Miranda

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Existe “piada de brasileiro” em Portugal? https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2015/10/12/existe-piada-de-brasileiro-em-portugal/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2015/10/12/existe-piada-de-brasileiro-em-portugal/#respond Mon, 12 Oct 2015 13:29:46 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=54 A maioria dos brasileiros já ouviu (e muitas vezes já contou) alguma piada de português.  Um leitor do blog me perguntou se a recíproca é verdadeira e se existe, afinal, “piada de brasileiro” em Portugal.

Não, não existe. Pelo menos não com o mesmo estilo e de forma tão disseminada e popular.

Bandeiras de Portugal em frente a um prédio na cidade do Porto Crédito: Giuliana Miranda
Bandeiras de Portugal em frente a um prédio na cidade do Porto Crédito: Giuliana Miranda

Nas piadas tradicionalmente contadas no Brasil, em geral um português de nome Manuel ou Joaquim acaba em maus lençóis por conta de seu raciocínio devagar. Em contraste, há sempre um brasileiro esperto que sabe tirar proveito da situação.

Essa visão do português “burro” em contraste com o brasileiro malandro tem origem nos diferentes fluxos migratórios para o país.

Em um artigo sobre o tema, o pesquisador Robert Rowland (brasileiro, mas radicado em Portugal), explica que muitos consideram que essa representação tenha origem em “tensões pós-coloniais”, mas que o fenômeno é bem mais recente.

Com a independência em 1822, houve uma tentativa de separação da identidade nacional, que foi construída em contraste à “negatividade” da origem portuguesa (muito embora uma grande parte dos novos “brasileiros” tivesse origem e hábitos totalmente lusitanos),

Para a maioria dos estudiosos do tema, as piadas de português como as conhecemos hoje têm muito mais a ver com o fluxo migratório de portugueses a partir do século 19, que chegavam ao Brasil para substituir a mão de obra dos escravos. Tanto nas lavouras como em outros serviços.

Embora houvesse portugueses ricos, inclusive prósperos comerciantes, ao mesmo tempo o Brasil foi apresentado a imigrantes portugueses pobres e dispostos a todo tipo de trabalho: uma competição direta com os trabalhadores nacionais.

A disseminação de piadas e estereótipos pejorativos era uma tentativa de revidar e mostrar a esperteza brasileira frente aos lusitanos.

E as piadinhas definitivamente não correspondem à realidade. Os portugueses têm uma cultura vibrante e uma produção científica e literária muito significativa. Em 1949, António Egas Moniz ganhou o  primeiro prêmio Nobel do país, em medicina. Em 1998, foi a vez de José Saramago faturar a láurea, dessa vez em literatura.

E os portugueses não tiram sarro de ninguém?!

Claro que tiram, mas talvez um pouco menos do que nós, brasileiros.

As “vítimas” nesse caso costumam ser os espanhóis. O país vizinho já dominou Portugal e há uma certa rivalidade em vários aspectos, dos gastronômicos ao futebol.

Além disso, há as anedotas (como as piadas são chamadas por aqui) com os próprios portugueses. A região mais afetada, digamos assim, costuma ser o Alentejo.

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Dez gírias portuguesas quase desconhecidas pelos brasileiros https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2015/09/29/dez-girias-portuguesas-quase-desconhecidas-pelos-brasileiros/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2015/09/29/dez-girias-portuguesas-quase-desconhecidas-pelos-brasileiros/#respond Tue, 29 Sep 2015 11:03:52 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=15 Anos de paródias, piadas prontas e personagens estereotipados na tevê consagraram no imaginário brasileiro a expressão “ora pois” como uma gíria corrente da fala dos portugueses. O curioso: em Portugal é quase impossível achar quem a diga.

Acredita-se que a expressão possa até ter sido usada há alguns séculos, mas, ao que tudo indica, caiu no ostracismo. Hoje comum mesmo por aqui é dizer “pois”. Assim, sem nenhum acompanhamento. É mesmo um vício dos portugueses, uma daquelas muletas linguísticas como o “tipo” e o “né”, tão comuns para os brasileiros.

Bombardeados há décadas pela novelas, pela música e pela imigração brasileiras, a maioria dos portugueses têm um bom conhecimento das expressões não formais mais comuns do nosso país. Muitos brasileiros, por outro lado, não têm lá muita ideia do que os “tugas” andam dizendo… 

Torre de Belém, um dos símbolos de Lisboa. Crédito: Giuliana Miranda
Torre de Belém, um dos símbolos de Lisboa. Crédito: Giuliana Miranda

Por isso, para a estreia do blog, elaborei um top dez das expressões e gírias portuguesas mais comuns, mas que quase não são conhecidas pelos brasileiros.

1. Fixe
Significado: É o equivalente, em Portugal, a dizer que alguma coisa é legal (palavra, aliás, que ninguém usa por aqui).
Exemplo: Esta banda é mesmo fixe.

2. Giro
Significado: tem dois usos. Pode ser um sinônimo de fixe ou indicar que algo ou alguém é bonito.
Exemplo: Meu namorado é muito giro. 

3. Bué
Significado: tem origem africana, mas já foi incorporado a Portugal. Funciona como um sinônimo de muito.
Exemplo: Minha casa é bué longe.

4. Betinho
Significado: arrumadinho, Mauricinho, coxinha.
Exemplo: Em Cascais, os homens são todos betinhos. 

5. Do piorio
Significado: uma  pessoa muito má, dá uma conotação de caráter mesmo muito ruim.
Exemplo: Aquele político é do piorio.

6. A passar-me
Significado: indica que a pessoa está ficando muito irritada.
Exemplo: Estou a passar-me com os preços no Brasil.

7. Muita lata
Significado: cara-de-pau, falta de noção.
Exemplo de uso: A Maria tem muita lata em aparecer aqui sem pagar a conta.

8. Uma seca
Significado: algo muito chato e entediante. Pronuncia-se sé-ca.
Exemplo: Aquela festa foi mesmo uma seca.

9. Brutal
Significado: quando alguma coisa é mesmo espetacular, muito boa.
Exemplo: O novo filme do Tarantino é brutal.

10. Tramado
Significado: ficar cheio de problemas, metido em confusões.
Exemplo: Perdi o emprego e fiquei tramada.

Feita esse pequena apresentação, convido agora você a se juntar a mim em uma jornada para conhecer, aqui no blog, um pouco mais sobre a atualidade de Portugal, um dos países mais afetados pela crise econômica europeia e que agora ressurge com crescimento econômico e cultural acima da média de seu continente.

Dicas, dúvidas e sugestões? miranda.giuliana@gmail.com

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