“Nós tivemos imensos pedidos do Brasil. Tivemos de fazer uma alocação para o país”, explica o consultor de vinho Cláudio Martins, da Martins Wine Advisory, um dos criadores do projeto.
O rótulo faz parte do projeto “Wines from Another World”: uma coleção que, a cada ano, lança um novo vinho inspirado no Sistema Solar.
Serão nove vinhos, cada um batizado em homenagem a um planeta. Embora “rebaixado” à categoria de planeta-anão pela IAU (União Astronômica Internacional) em 2006, Plutão também terá um rótulo com seu nome.
Idealizada por Martins, que tem mais de duas décadas de experiência no mercado de luxo de vinhos, a coleção trará vinhos de algumas das melhores regiões vinícolas do mundo: Bordeux, Champagne, Priorat, Toscana, Napa Valley, Mosel, Geórgia e o Douro.
Português, ele optou por começar e terminar com vinhos de seu país, o que surpreendeu muita gente também em sua terra natal. Apesar de os vinhos portugueses terem qualidade reconhecida internacionalmente, os rótulos lusos também são conhecidos pelo preço relativamente baixo.
A região escolhida para a primeira bebida do projeto também chama a atenção, uma vez que o Alentejo é algumas vezes preterido em relação a outras zonas dentro de Portugal.
“É um blend de várias castas indígenas da região da Vidigueira, uvas antigas. Estamos a falar de um vinho que estagiou quatro anos em ânfora, o que não é muito comum. Isso dá o frescor e a elegância que tem este vinho”, avalia.
No universo dos vinhos, Portugal tem uma peculiaridade: o recurso às muitas castas nativas do país. Na avaliação de Cláudio Martins, embora isso dê um caráter único para as bebidas do país, também pode acabar confundindo consumidores no mercado internacional.
“Ainda não conseguimos mostrar o grande potencial dos vinhos portugueses. Portugal é um país pequenino e tem uma diversidade imensa [de uvas], mas o consumidor não compreende isso. Nós às vezes complicamos, porque uma mesma uva pode se chamar tinta roriz no Douro, mas já tem o nome de aragonez no Alentejo E, se for na Espanha, essa mesma uva é o tempranilho. Nós confundimos o consumidor”, diz.
Segudo ele, a boa recepção do projeto Wines from Another World, que já tem quase todas as garrafas vendidas, pode ser um sinal de mudanças positivas para os produtores portugueses.
Das 800 unidades produzidas, 600 foram postas imediatamente à venda. As restantes 200 serão liberadas aos poucos, conforme os outros planetas forem sendo lançados na coleção.
]]>É a primeira vez, desde a década de 1970, que a população portuguesa diminui entre um recenseamento e outro.
Realizado quase totalmente online por conta da pandemia da Covid-19, o censo luso indica 10.347.892 pessoas vivendo no país: cerca de 214 mil a menos do que em 2011.
O levantamento mostrou que houve reforço na concentração populacional no litoral e um despovoamento do interior. Cerca de metade da população portuguesa está concentrada em 31 cidades, a maioria no entorno de Lisboa e o do Porto.
Dos 308 municípios do país, 257 viram a população encolher e apenas 51 registaram um aumento no número de moradores. Na década anterior, 198 municípios haviam registrado quebras populacionais.
Apenas duas regiões de Portugal tiveram aumento populacional: a Área Metropolitana de Lisboa (1,7%) e o Algarve (3,7%).
Embora a quantidade de gente vivendo na Área Metropolitana de Lisboa tenha crescido 1,7%, os moradores do município de Lisboa diminuíram 1,4%.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, os dados preliminares ainda não permitem analisar totalmente os motivos para a mudança.
Outros especialistas, no entanto, indicam que o aumento do custo de vida na capital –puxado pela alta expressiva do preço da habitação– pode ter contribuído levado a uma saída para bairros mais periféricos da grande Lisboa.
A subida do preço das casas também pode estar por trás da perda de moradores da segunda maior cidade do país, o Porto, que tem menos 2,4% de habitantes em relação a 2011.
No Algarve, destino turístico mais popular do país, o aumento populacional pode estar ligado justamente a este setor econômico, que garante uma boa parte da oferta de empregos regional.
Com exceção do Algarve e da Região Metropolitana de Lisboa, todas as demais regiões viram suas populações diminuírem: Alentejo (-6,9%), Região Autônoma da Madeira (-6,2%), Centro (-4,3%), Região Autónoma dos Açores (-4,1%) e Norte (-2,7%).
IMIGRAÇÃO
Com uma população envelhecida e uma das mais baixas taxas de natalidade da Europa, Portugal apresenta um saldo natural negativo (diferença entre nascidos vivos e mortes) há 12 anos consecutivos.
Nos últimos cinco anos, conforme o país ia se recuperando da crise econômica, o número de estrangeiros residentes tem vindo a aumentar de forma consistente. Em 2020, eram 662.095 imigrantes regularizados: recorde absoluto desde a criação da série histórica, em meados da década de 1970.
Embora tenha contribuído para evitar o declínio populacional nos anos recentes, a imigração não foi suficiente para manter o crescimento dos habitantes do país.
Na avaliação do presidente do conselho diretivo do INE, Francisco Lima, o declínio populacional do país é motivo de preocupação e indica que nem os fluxos migratórios estão conseguindo impedir o despovoamento.
“Significa que o nosso saldo natural não está a ser suficiente. Está negativo e isso é logo um sinal de preocupação. E agora vemos que mesmo os saldos migratórios não estão a ser suficientes. Olhando para estes dez anos, é isto que verificamos. Se não houver uma reversão do saldo natural, em particular dos nascimentos, estamos cada vez mais dependentes da imigração para aumentarmos a população”, afirmou Lima, em entrevista ao jornal Público.
Os dados definitivos do recenseamento serão divulgados em 2022.
]]>Foram os primeiros de um grupo de aproximadamente 30 mil pessoas que se inscreveram em uma plataforma especial do governo, lançada em março, para quem não possui o chamado número de utente: o código de identificação dos cidadãos no Sistema Nacional de Saúde, o SUS português.
A ausência do número de utente tem sido o principal gargalo no acesso de imigrantes às vacinas e ao pleno uso do sistema de saúde pública.
Enquanto quem tem a inscrição no SNS pode realizar um autoagendamento para a vacina ou, em alguns casos, ir diretamente até o centro de vacinação, quem se inscreve pela plataforma especial precisa aguardar o contato das autoridades de saúde.
Para pelo menos 23 mil pessoas inscritas, isso ainda não aconteceu.
Prestes a completar 91 anos e em situação regularizada em Portugal, a brasileira Julia Jannibelli estava nesta situação.
Na manhã desta segunda-feira (5), ela teve o acesso ao imunizante novamente negado, após mais de uma hora de espera (e muitos documentos apresentados) em um centro de vacinação da região de Cascais.
Após muita insistência da família junto às autoridades, a idosa finalmente conseguiu agendar a vacinação.
Ivy Borges, neta da aposentada, diz ter levado a avó, no último um mês e meio, a diversas unidades de saúde e centros de vacinação, sempre em vão.
“Eu moro em Portugal há quase dez anos. A minha mãe veio para cá em outubro do ano passado e trouxe a minha avó. A minha mãe é cidadã italiana, assim como eu, e fez o processo de reagrupamento familiar dela. Só que a entrevista no SEF [ órgão de imigração] foi apenas dois dias antes do último lockdown. Faltou um documento e o processo só foi terminado depois que o SEF reabriu. Minha avó está regularizada, tem os documentos certinhos, mas o cartão da autorização de residência ainda não chegou”, explica.
“Aí começou o jogo de empurra. Eu ia ao centro de saúde e falavam que tinha de ir ao centro de vacinação. No centro de vacinação, diziam que era no centro de saúde. Isso já tem quase um mês: toda semana a gente leva ela a algum lugar”, descreve.
“Mandaram a gente preencher aquele cadastro na internet [para quem não tem número de utente]. Eu já preenchi aquilo acho que umas 15 vezes e até agora, nada”, completa.
A emissão do número de utente fica a cargo dos centros de saúde locais, que verificam os documentos dos estrangeiros e atribuem o respectivo código a cada um.
Não existe um procedimento uniformizado para esse processo, e a concessão da inscrição acaba variando entre as unidades, jogando muitos imigrantes em um labirinto burocrático: eles têm direito a receber o imunizante, mas não conseguem realizar o agendamento prévio, etapa obrigatória na maioria dos casos em Portugal.
É o que acontece com o estudante gaúcho Wagner Cardoso, 31. Ele e a namorada se mudaram para Lisboa, em setembro de 2020, para um mestrado na capital portuguesa.
Mesmo com a autorização de residência e os documentos em dia, eles não conseguem o número de utente.
“Eu já fui até lá, já liguei, já mandei e-mail. Estou há meses sem uma resposta”, diz.
“Eu estou cada vez mais apreensivo. A gente não sabe se o vírus, através dessas mutações, está ficando mais perigoso para pessoas mais jovens. A minha namorada perdeu uma pessoa de 28 anos pela doença. Estamos ficando cada vez mais em casa. Estamos preocupados com essa onda de infecções em Lisboa”, diz.
A situação, que já é complicada para quem tem a documentação regularizada, é ainda mais problemática para quem está irregular ou em processo de regularização.
No começo da pandemia, o país promoveu uma regularização temporária dos estrangeiros com pedidos pendentes junto ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. A medida, de caráter humanitário, foi tomada justamente para garantir acesso aos cuidados de saúde e à vacina nas mesmas condições de um cidadão português.
Em torno de 223 mil estrangeiros foram beneficiados —os dados por país ainda não foram divulgados, mas os brasileiros foram a nacionalidade mais impactada.
Pelas regras definidas, todas essas pessoas passaram a ter direito à inscrição no sistema de saúde. Muitos estrangeiros relatam, no entanto, uma série de empecilhos nas unidades de saúde.
As queixas nas associações de apoio a imigrantes também dispararam.
Em nota, o ministério da Presidência afirmou que o país trabalha para garantir o acesso de todos à vacina.
“Estamos atualmente a trabalhar para garantir o contato pelas autoridades de saúde a todos os cidadãos que se inscreveram na plataforma, tendo em vista o agendamento célere da sua vacinação e a atribuição do número de utente provisório nos casos em que se afigure necessário.”
“Neste sentido, a plataforma constitui-se como um recurso suplementar e que não substitui os processos já existentes para a atribuição do número de utente do serviço nacional de saúde, nomeadamente através do pedido nos centros de saúde”, completa.
Segundo a pasta, foram emitidos mais de 56 mil números de utente para estrangeiros em 2020 e outros 33 mil em 2021.
Até agora, cerca de 57,8% da população de Portugal já recebeu ao menos uma dose do imunizante, e 35,11% tem a vacinação completa.
Até a semana passada, já haviam sido vacinados 135 mil cidadãos estrangeiros, de 195 nacionalidades. Cerca de 49 mil brasileiros já foram vacinados no país.
]]>Os novos 67.160 imigrantes compensaram o saldo natural negativo (diferença entre número de nascidos-vivos e de óbitos), que ficou em -38.931, e a emigração, com a saída de de 25.886 pessoas para outros países.
Pelo quarto ano consecutivo, houve mais estrangeiros imigrando para Portugal do que portugueses deixando o país, embora tenha havido uma redução de 0,40% no saldo migratório em relação a 2019.
“Apesar das limitações impostas para combate à pandemia da doença Covid-19 em 2020, os movimentos migratórios internacionais registaram alguma dinâmica”, diz o INE.
A população residente em Portugal no ano passado foi estimada 10.298.252 pessoas, sendo 5.439.503 mulheres e 4.858.749 homens.
Em consequência da redução da natalidade, o número de filhos por mulher em idade fértil caiu para 1,40 em 2020. No ano anterior, era de 1,42.
O envelhecimento demográfico também se acentuou.
O chamado índice de envelhecimento, que compara a população idosa (com 65 anos ou mais) com a população jovem (até os 14 anos), ficou em 167 idosos por cada 100 jovens. Em 2019, eram 163,2 idosos para cada 100 jovens.
A idade mediana da população residente também cresceu, passando de 45,5 anos em 2019 para 45,8 anos em 2020.
Em comparação com o restante da União Europeia –os dados mais recentes comparáveis são de 2019–, Portugal tem a terceira idade mediana mais elevada do bloco.
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Brasileiros e chineses disputam o segundo lugar entre as nacionalidades mais representadas na instituição, uma das poucas a oferecer o currículo americano em Portugal.
Com aulas totalmente em inglês, um time internacional de professores e disciplinas que vão desde música até linguagens de programação, a anuidade escolar começa em 9,8 mil euros (cerca de R$ 62,4 mil), para os primeiros anos de educação infantil, e pode chegar aos 20,6 mil euros (R$ 131 mil) no fim do equivalente ao Ensino Médio.
Para garantir a proficiência também no idioma de Camões, os alunos têm aulas frequentes de português, seguindo um programa bastante similar ao que é o currículo tradicional das escolas lusas.
O aumento da demanda dos brasileiros pelo ensino bilíngue coincide com a chegada de mais famílias brasileiras de alto poder aquisitivo a Portugal. Em outras instituições de ensino internacional, os brasileiros também costumam estar no ranking das principais nacionalidades.
O projeto da United Lisbon mira diretamente as jovens famílias internacionais que têm chegado ao país. Em 2020, apesar da pandemia, Portugal ultrapassou a marca de 700 mil estrangeiros residentes: maior registro da série histórica.
Com a consolidação do país como um polo tecnológico e a chegada de escritórios de grandes empresas de tecnologia, a tendência, segundo analistas, é que a procura pelo ensino internacional siga aquecida.
“Houve o reconhecimento claro de que não haver uma escola internacional no centro de Lisboa era uma barreira ao investimento estrangeiro direto na área”, afirma Chitra Stern, fundadora da United Lisbon International School.
HUB EDUCACIONAL
A escola faz parte do projeto Edu Hub, um investimento de 50 milhões de euros (cerca de R$ 317 milhões) que está reconvertendo uma área industrial em polo educacional.
O complexo também conta com residências e uma área de escritórios. A primeira empresa residente, que se mudou no começo de maio, é a brasileira Atlantic Hub, especializada em fazer a internacionalização de empresas do Brasil para a Europa.
A iniciativa do Edu Hub é capitaneada pelo Elegant Group, do casal Chitra e Roman Stern, proprietários também da marca hoteleira Martinhal, famosos na Europa pelo luxo “family friendly”.
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Embora ainda com restrições, distanciamento e máscaras obrigatórias, o 25 de abril, que marca os 47 anos do fim da ditadura do Estado Novo, foi festejado em todo o país.
Festa nacional e feriado, a data também foi celebrada com uma sessão especial no Parlamento e um discurso do Presidente da República.
A manifestação mais emblemática, na av. da Liberdade, em Lisboa, voltou a acontecer. Ainda que os organizadores não tenham incentivado a participação presencial, muitas pessoas fizeram questão de acompanhar o tradicional cortejo.
O dia ensolarado e quente –contrariando a previsão do tempo, que antevira uma tempestade– parece ter motivado os portugueses a também desconfinarem a participação cívica.
O público na manifestação lisboeta, como de costume, foi um mix de faixas etárias, incluindo muitos idosos, estudantes, jovens trabalhadores e famílias com crianças.
Um detalhe: neste ano, estava mais difícil conseguir comprar o cravo que é símbolo da festa. Talvez por não terem botado fé no quórum do desfile, os tradicionais vendedores de flores não davam conta da demanda.
O desfile é marcado pela participação de delegações de várias cidades e associações, que costumam ostentar faixas que condenam o fascismo e exaltam a democracia. Além, é claro, de reivindicações como melhores salários e melhores cuidados de saúde.
Muitos brasileiros participaram da manifestação e houve críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em vários momentos do desfile, manifestantes entoaram o coro “Bolsonaro genocida”, em referência à gestão da pandemia no Brasil.
A REVOLUÇÃO
Em 25 de abril de 1974, um movimento de sublevação nos quartéis portugueses ganhou as ruas e levou à queda de uma das mais longas ditaduras do século 20.
Inaugurado por António Oliveira Salazar em 1933, o chamado Estado Novo durou 41 anos, período marcado por repressão, pobreza e uma sangrenta guerra colonial.
Em 1968, Salazar sofreu um acidente e ficou incapacitado para continuar no comando do país. Foi substituído por Marcello Caetano, que já ocupara vários ministérios no regime de exceção. Salazar morreria em 1970, mas o regime que criara seguia em funcionamento.
Com a adesão das tropas e da população ao movimento revolucionário, Marcello Caetano anunciou sua rendição no início da noite do próprio dia 25 de abril.
O antigo autocrata partiu para o exílio no Brasil, vivendo no Rio de Janeiro e trabalhando como professor universitário. Ele morreu em 1980, sem jamais retornar a Portugal.
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Voltaram a funcionar cafés e restaurantes com serviços ao ar livre. Nesta primeira etapa, há um limite de até quatro pessoas por mesa. Aos fins de semana, as atividades precisam encerrar até as 13h.
Os portugueses também deixam de ter restrições de circulação dentro do país. Desde o fim de 2020, era proibido sair da cidade de residência aos fins de semana.
Quase 600 mil alunos, entre o 5º e o 9º anos, voltam às aulas presenciais. Crianças pequenas (da creche, jardim de infância e primeiros anos de ensino) já haviam voltado à escola em 15 de março, quando o governo promoveu a primeira flexibilização do lockdown.
Museus e monumentos nacionais também voltaram a abrir as portas. Em Lisboa, para incentivar a visitação pelos moradores, eles têm entrada gratuita até o fim de abril.
Academias de ginásticas, por enquanto sem aulas em grupo, também estão entre as atividades recém-liberadas.
Lojas de rua, com até 200 m², puderam abrir as portas, o que assegurou uma boa parte do retorno ao funcionamento do comércio local.
Funcionária de uma loja de roupas e acessórios na região do Areeiro, em Lisboa, Cátia Oliveira diz que o movimento ainda é fraco.
“Hoje de manhã quase não veio ninguém. Acho que as pessoas estão sem dinheiro para comprar. Também há muito menos gente na rua”, avalia.
REABERTURA GRADUAL
Anunciado pelo primeiro-ministro, António Costa (Partido Socialista), como um plano de reabertura a conta-gotas, o desconfinamento em Portugal deve se estender até 3 de maio.
Costa afirmou que o plano de desconfinamento estará sujeito a revisões constantes e que pode chegar a ser interrompido caso as condições sanitárias se deteriorem.
Nesta segunda-feira, a taxa de transmissão do vírus , um dos critérios de manutenção do cronograma, já acendeu o sinal de alerta entre as autoridades.
O chamado Rt do coronavírus é atualmente de 0,98 no país. O limite estabelecido pelo governo para a taxa é 1.
Ainda assim, o país segue com menos mortes, novos casos e internações.
Nesta segunda-feira (5), foram registrados 158 novos casos e mais 6 mortes.
No pico da pandemia, em 31 de janeiro, o país teve 303 mortes por Covid-19. No dia com mais novos casos, 28 de janeiro, foram 16.432 novas infecções.
]]>Batizado de Tikvá, que significa “esperança” em hebraico, o Museu Judaico será instalado em Belém, em frente ao Tejo.
Com uma área de quase 4 mil m2, o museu vai retratar os quase dois mil de história dos judeus em Portugal , além de assinalar a cultura e as tradições do povo.
O projeto é assinado pelo arquiteto americano Daniel Libeskind, que tem uma longa experiência no assunto.
Libeskind foi responsável pelo design dos museus judaicos de Berlim, São Francisco e Copenhagen, e também pelos memoriais do Holocausto na Holanda, no Canadá e nos Estados Unidos, além da reconversão do Ground Zero do World Trade Center, em Nova York.
As obras estão previstas para começar em 2022, com abertura em 2024.
O protocolo foi assinado nesta quarta-feira (31) pela Câmara Municipal (prefeitura) de Lisboa e pela Associação sem fins lucrativos Hagadá.
“Não é um museu de judeus, mas sim um museu português que conta a uma história específica: a vida dos judeus em Portugal, uma história judaica e portuguesa”, explica a Associação Hagadá.
O prefeito de Lisboa, Fernando Medina, afirmou que o futuro espaço faz uma “afirmação política muito clara” da defesa dos valores de convivência e respeito entre as culturas como “elemento chave de uma sociedade”.
Embora o museu judaico fosse um antigo projeto da cidade, a localização do centro de exposições foi motivo de controvérsia. A ideia original era instalá-lo na região de Alfama, onde existia o bairro judeu, conhecido como judiaria, mais antigo da cidade.
Já profundamente afetados pela atividade turística (ao menos em tempos pré-pandemia), moradores da região se mobilizaram contra o local escolhido. Associações de defesa do patrimônio também apontaram problemas. Em meio a processos judiciais, o museu foi então transferido para Belém, em uma área que já se encontra livre.
Segundo a Câmara Municipal de Lisboa, no local onde se pretendia construir o museu, será feito um memorial ao povo judeu.
LONGA HISTÓRIA
Presentes em Portugal desde praticamente sua fundação, os judeus têm uma longa tradição, e histórico de perseguições, no país.
Um dos episódios de maior violência aconteceu no centro de Lisboa, em abril de 1506, na chamada matança de Páscoa. Milhares dos chamados cristãos novos foram agredidos em mortos.
A instalação oficial da Inquisição no país, em 1536, trouxe ainda mais perseguição aos judeus.
Como forma de reparação histórica, Portugal oferece aos descendentes dos judeus sefarditas que foram expulsos de seus territórios a possibilidade de ter a nacionalidade portuguesa., uma decisão que beneficia muitos brasileiros.
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Assim como no Brasil, setores médicos vêm pressionando as autoridades portuguesas para a indicação do vermífugo contra o novo coronavírus.
“O Infarmed, através da sua Comissão de Avaliação de Medicamentos, analisou os artigos e publicações disponíveis e informa que se entende que, à data, dadas as limitações metodológicas nos ensaios em que a ivermectina foi utilizada, e as dúvidas quanto à dose adequada e sua segurança no âmbito da infeção causada pelo SARS-CoV-2, não existem evidências que apoiem a utilização deste medicamento na profilaxia e tratamento da Covid-19”.
A entidade diz que seguirá acompanhando os estudos relacionados ao fármaco.
A própria criadora da ivermectina, a farmacêutica Merck (MSD no Brasil), também não recomenda que a substância seja usada para este fim. Em comunicado divulgado em fevereiro, a empresa afirma que não há evidências pré-clínicas nem clinicas da eficácia da ivermectina no combate à Covid-19.
O uso da ivermectina contra a Covid-19 também não é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e nem pela EMA (Agência Europeia do Medicamento).
Embora a autoridade do medicamento lusa afirme não ter encontrado evidências para recomendar o uso do vermífugo contra o coronavírus, não há impedimento legal para que os médicos continuem receitando a substância para este fim.
Em entrevista ao jornal Expresso, o bastonário (presidente) da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, afirmou que esses profissionais “não estão a fazer nada contra as boas práticas médicas”.
“A utilização off-label [para indicações não autorizadas] está associada à experiência clínica, é da responsabilidade do médico e do doente e é feita com milhares de medicamentos. Por exemplo, na dermatologia faz-se muito”, completou.
]]>A barraquinha improvisada, montada na porta de casa no bairro da Bica, um dos epicentros da boemia lisboeta, fez tanto sucesso que ela decidiu investir na carreira como quituteira.
“Decidi fazer coxinhas meio de brincadeira. Achei que fosse vender umas 10 no máximo. Acabaram esgotando todos os dias”, relembra Maiara.
De olho no fervilhante mercado de eventos da capital portuguesa, a empresária fundou a Madre Coxinha, ainda na cozinha de casa. Impulsionada pelo ritmo frenético dos caterings, a empresa em menos de um ano precisou partir para uma cozinha industrial.
De casa nova e com máquinas recém-importadas do Brasil –suficientes para produzir 4.000 mini-coxinhas por hora– , a Madre Coxinha viu o antes movimentado mercado de eventos em Lisboa simplesmente desaparecer por conta da pandemia da Covid-19.
“Minha ideia sempre foi trabalhar com eventos, que era o mercado que eu queria. Quando chegou a pandemia, eu precisei me reinventar”, diz Maiara.
No lugar das grandes quantidades para bufês, ela decidiu investir em vender o produto congelado, pré-frito e semi-pronto para o consumidor final.
“Tive de adaptar o negócio. Investi em embalagens, reduzi porções e adaptei o preço. Foi o que me salvou”, diz a empresária.
Com o lockdown em Portugal, que incluiu o fechamento dos restaurantes, o mercado de delivery deslanchou no país.
Os pacotinhos com entre 23 e 25 coxinhas, que ficam prontas em 8 minutos no forno, acabaram conquistando os portugueses.
“Há uma ligação muito forte entre Portugal e Brasil, então os portugueses normalmente já conhecem a coxinha, não parto de um produto desconhecido. É algo que muitas vezes tem uma memória afetiva”, completa.
O sucesso no mercado de comida congelada na pandemia –aliado às facilidades de comércio no mercado comum europeu– acabaram impulsionado uma vertente até então inesperada do negócio: a exportação.
Com produção baseada em Portugal, a empresa de coxinhas agora exporta para outros países da Europa.
A estratégia tem sido entrar nos outros mercados através das lojas de produtos brasileiros.
Além da versão original, há ainda a opção de coxinhas de carne de sol e vegetarianas.
Em tempos de fronteiras fechadas entre Portugal e Brasil (e outros países europeus), a viagem através da culinária tem sido uma opção para muitos brasileiros saudosos dos sabores de casa.
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