Ora Pois https://orapois.blogfolha.uol.com.br Um olhar brasileiro sobre Portugal Mon, 29 Nov 2021 10:25:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Portugal identifica 13 casos da variante ômicron, todos relacionados a time de futebol https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/11/29/portugal-identifica-13-casos-da-variante-omicron-todos-relacionados-a-time-de-futebol/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/11/29/portugal-identifica-13-casos-da-variante-omicron-todos-relacionados-a-time-de-futebol/#respond Mon, 29 Nov 2021 10:19:51 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/1614806866603fff52b3a90_1614806866_3x2_rt-320x213.jpg https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2635 Portugal confirmou, na manhã desta segunda-feira (29), seus primeiros casos da variante ômicron do novo coronavírus. Foram 13 casos de uma vez só: todos em jogadores e na equipe técnica de um time da primeira divisão do campeonato de futebol, o Belenenses SAD.

A informação foi confirmada pela DGS (Direção-Geral da Saúde). As autoridades determinaram o isolamento profilático dos infectados.

As autoridades de saúde portuguesas afirmaram que vão intensificar o monitoramento de casos e o rastreio de contatos.

Identificada primeiro por cientistas da África do Sul, a variante ômicron do SARS-CoV-2 tem mais mutações do que as cepas anteriormente conhecidas do vírus. Na semana passada, ela foi considerada como uma variante de interesse pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Reportagem do jornal esportivo A Bola cita que um dos jogadores do Belenenses SAD regressara havia pouco tempo precisamente da África do Sul.

Por conta da nova variante, e antes mesmo da confirmação de casos no país, Portugal  já havia cancelado todos o voos com origem ou destino em Moçambique, ex-colônia portuguesa que é vizinha da África do Sul, além de decretar quarentena para passageiros com origem em vários países do sul do continente africano.

POLÊMICA

A revelação dos casos de ômicron nos atletas acontece após um jogo repleto de polêmicas no último sábado (27).

Ainda antes da partida, um monitoramento de rotina feito pelo Belenenses SAD identificou a presença dos casos positivos no plantel e na equipe técnica. Ainda assim, o jogo contra o Benfica foi mantido.

Pelas regras atuais, a Covid-19 é equiparada a uma lesão. Portanto, se houver ao menos oito jogadores em condições de jogo, as partidas devem acontecer.

O Belenenses SAD apresentou-se para a partida com apenas nove jogadores, sendo a maioria da equipe sub-23.

Também com Covid-19, o técnico foi outro desfalque no confronto.

O primeiro tempo acabou com o Benfica goleando por 7 a 0. O jogo foi interrompido por aí e não houve continuação após o intervalo.

Em declarações à imprensa após a partida, ambos os clubes responsabilizaram a organização do campeonato português pela realização do jogo.

“Queria essencialmente lamentar o que aconteceu hoje. (…)  Não nos agradou de forma nenhuma entrar em campo nestas condições. O Benfica foi, assim como o Belenenses SAD, obrigado a entrar em campo. As duas entidades responsáveis não adiaram o jogo, não seria o Benfica a fazê-lo também”, disse o presidente do Benfica, Rui Costa.

Em declarações à agência Lusa, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) afirmou que “não houve nenhum pedido formal”. Há uma reunião de emergência marcada para discutir o assunto.

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou, em entrevista à rádio TSF, que os jogadores do Benfica que participaram do jogo também devem ser testados, uma vez que se trata de uma variante nova e há medidas adicionais de precaução.

 

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Primeira série portuguesa da Netflix, ‘Glória’ é thriller de espionagem que combina Guerra Fria e história lusa https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/11/10/primeira-serie-portuguesa-da-netflix-gloria-e-thriller-de-espionagem-que-combina-guerra-fria-e-historia-lusa/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/11/10/primeira-serie-portuguesa-da-netflix-gloria-e-thriller-de-espionagem-que-combina-guerra-fria-e-historia-lusa/#respond Wed, 10 Nov 2021 11:05:40 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Gloria_netflix-1-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2625 Primeira série original portuguesa na Netflix, “Glória” estreou na plataforma de streaming na última sexta-feira (5). A produção é um thriller de espionagem ambientado na Guerra Fria, mas que adiciona muitos elementos da história de Portugal à clássica disputa entre americanos e soviéticos.

A trama se passa na cidadezinha de Glória do Ribatejo em 1968, quando a ditadura do Estado Novo, comandada com mãos de ferro por António de Oliveira Salazar, já dava sinais de declínio.

O protagonista da história é o engenheiro João Vidal (Miguel Nunes), filho de um alto dirigente do regime salazarista. Após combater na guerra colonial portuguesa em Angola, o jovem acaba recrutado pela KGB, o serviço secreto da União Soviética.

De volta a Portugal, o personagem vai trabalhar em um centro de transmissão de rádio operado por oficiais dos Estados Unidos em solo português. É a partir de lá que os americanos transmitem propaganda ocidental para países sob a cortina de ferro soviética.

A Rádio Retransmissão (Raret) de fato existiu em Portugal na Guerra Fria, e até hoje suas operações têm uma componente de mistério para muitos portugueses.

Além da disputa entre KGB e CIA, a trama aborda vários elementos da realidade portuguesa da época, como o horror da guerra colonial, com o alistamento compulsório de milhares de jovens, e a brutalidade da Pide, a polícia política do regime de Salazar.

Com direção de Tiago Guedes e argumento de Pedro Lopes, a primeira temporada tem dez episódios. “Glória” é uma coprodução com a SPi e da RTP, a emissora pública de Portugal, que também irá transmitir a série no futuro.

A Netflix disponibiliza a opção de legendas em português do Brasil.

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Produção sobre tragédia de Mariana leva prêmio do júri no festival DocLisboa https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/11/03/producao-sobre-tragedia-de-mariana-leva-premio-do-juri-no-festival-doclisboa/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/11/03/producao-sobre-tragedia-de-mariana-leva-premio-do-juri-no-festival-doclisboa/#respond Wed, 03 Nov 2021 16:32:59 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/lugarmaissegurodomundoofilme-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2616 O documentário “O Lugar Mais Seguro do Mundo”, que aborda a tragédia do rompimento da barragem em Mariana (MG), acaba de ganhar o prêmio do júri da competição internacional no festival DocLisboa, em Portugal.

Ocorrido novembro de 2015, o colapso da barragem da Samarco, joint-venture da Vale e da mineradora anglo-australiana BHP, provocou um “tsunami” de lama que deixou 19 mortos e um rastro de destruição social e ambiental.

O filme premiado, dirigido pelas brasileiras Helena Wolfenson e Aline Lata, apresenta o desastre de Mariana através da história de Marlon: um jovem que vê sua vida completamente transformada ao se tornar vítima da catástrofe.

Obrigado a se mudar do campo para a periferia da cidade, Marlon enfrenta novos conflitos e é testemunha de outra tragédia ligada à mineração no Brasil: o rompimento da barragem de Brumadinho, também em Minas Gerais, que deixou 272 mortos em janeiro de 2019.

Foram mais de cinco anos acompanhando a vida de Marlon e de outros moradores de Bento Rodrigues, distrito de Mariana vizinho à barragem e que ficou completamente arrasado pela onda de lama.

“O filme fala muito sobre casa, sobre pertencimento e sobre as grandes injustiças de tudo o que aconteceu, da negligência das empresas de mineração. O Marlon está sempre lutando, inclusive pelo direito de estar na casa de Bento Rodrigues. A casa dele é uma que não foi diretamente atingida pela lama, mas que ficou ilhada por ela. A casa está lá com toda a cidade destruída ao redor”, diz Aline Lata.

O título, “O Lugar Mais Seguro do Mundo”, faz referência à atual situação do distrito: cercado de câmeras, com monitoramento de seguranças da Samarco e tentativas de restrição de acesso.

“Antes da tragédia, não havia nada disso. Não tinha câmera de segurança, não tinha sirene. Por isso que todo mundo teve de sair correndo de casa, com muitos riscos, sem nenhum tipo de aviso. Agora tem todo tipo de segurança. O nome do filme tem muito a ver com isso. É uma fala do Marlon, uma reflexão sobre o lugar que ele gostaria de voltar, que é a casa dele, que se tornou o lugar mais seguro do mundo. Tem esse lado que é importante falar, que é essa apropriação da empresa de algo que não é dela”, completa Aline Lata.

A versão finalizada do documentário fez sua estreia mundial em Lisboa.

“Foi muito surpreendente e ao mesmo tempo muito positivo. A gente ainda não tinha saído com o filme para o mundo, não sabíamos como ele iria ressoar em outras realidades, em pessoas que nunca tinham ouvido falar dessa tragédia e dessa condição que nós vivemos no Brasil, de ter tantas tragédias, que acontecem quase cotidianamente”, diz Helena Wolfenson.

Wolfenson conta que o filme teve um percurso um pouco diferente do tradicional.

“Aconteceu um pouco pelo caminho inverso de muitos filmes, que é ter um pré-roteiro e um planejamento e, a partir daí, partir para o desenvolvimento. Nós fomos um pouco pelo oposto.Eu e a Aline fomos levadas a Mariana por razões diferentes e nos conectamos lá. A gente se conhecia brevemente de São Paulo, mas não tínhamos ideias de fazer este filme. Nós conhecemos o Marlon e os amigos deles, e as coisas foram acontecendo”, completa.

O filme ainda não tem data de estreia no Brasil, mas deve participar de festivais brasileiros já nos próximos meses.

 

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Com disparada de preço dos combustíveis, Portugal dá desconto para abastecer https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/10/31/com-disparada-de-preco-dos-combustiveis-portugal-da-desconto-para-abastecer/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/10/31/com-disparada-de-preco-dos-combustiveis-portugal-da-desconto-para-abastecer/#respond Sun, 31 Oct 2021 15:50:48 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/GasolinacomsubsidioemPortugal-1-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2606 Com combustíveis atingindo recordes históricos de preço (o litro da gasolina aditivada ultrapassou a marca de 2 euros (cerca de R$ 13,04) em algumas regiões do país), o governo de Portugal anunciou um programa de descontos nacional.  A medida entra em vigor em 10 de novembro.

A população terá direito a um desconto de 10 centavos de euro (aproximadamente R$ 0,65) por cada litro de combustível abastecido. A promoção tem um limite de 50 litros mensais por pessoa, o que equivale a um desconto máximo de 5 euros (R$ 32,60) por mês.

Caso o benefício não seja utilizado em um mês, ele acumula para o mês seguinte.

A medida extraordinária foi aprovada em Conselho de Ministros e ficará em vigor até março de 2022.

O governo português estima devolver até 132,5 milhões de euros (R$ 863,75 milhões) aos consumidores do país.

O subsídio será pago através de transferência para a conta bancária de quem abastecer. Para isso, será preciso fazer o cadastro em uma plataforma especial, o chamado sistema Ivaucher, que já devolve aos portugueses parte dos valores gastos com impostos (o chamado IVA), no setor cultural, de restaurantes e de hotelaria.

Terão direito ao benefício todos os residentes em Portugal que possuam um NIF (Número de identificação fiscal, espécie de CPF português).

O preço dos combustíveis teve aumentos significativos em toda a Europa, mas Portugal é, atualmente, o sétimo país da União Europeia em que é mais caro abastecer.

Segundo o último boletim da Comissão Europeia, o preço médio do litro da gasolina simples no país é de 1,72 euro (cerca de R$ 11,21). A média da UE é de 1,64 euro (R$ 10,69).

Com o aumento dos preços nos últimos meses, cada vez mais portugueses cruzam a fronteira para abastecer nos postos da Espanha. No país vizinho, embora o salário mínimo seja maior que o de Portugal, abastecer sai bem mais em conta. O preço médio por litro de gasolina é de 1,49 euro (R$ 9,71).

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Aristides de Sousa Mendes, o ‘Schindler português’, é agora homenageado no panteão nacional https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/10/22/aristides-de-sousa-mendes-o-schindler-portugues-e-agora-homenageado-no-panteao-nacional/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/10/22/aristides-de-sousa-mendes-o-schindler-portugues-e-agora-homenageado-no-panteao-nacional/#respond Fri, 22 Oct 2021 11:26:05 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/AristidesSousaMendes-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2600 O diplomata Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), internacionalmente conhecido como “Schindler português” por conta de seu auxílio à comunidade judaica que fugia da Alemanha nazista, faz parte agora do panteão nacional de Portugal.

Uma grande cerimônia, na última terça-feira (19), marcou a entrada de Sousa Mendes na lista das personalidades homenageadas no monumento, que celebra os principais personagens da história portuguesa.

Cônsul de Portugal na França em 1940, Aristides de Sousa Mendes desafiou as ordens do ditador António de Oliveira Salazar e emitiu milhares de vistos para  judeus que tentavam escapar da perseguição nazista.

Embora Portugal tenha se mantido oficialmente neutro durante a Segunda Guerra Mundial, a ditadura do Estado Novo optou por não auxiliar no resgate dos grupos perseguidos por Adolf Hitler.

Em novembro de 1939, o ministério dos Negócios Estrangeiros de Salazar emitiu a famigerada circular 14, enviada às repartições diplomáticas lusas, que na prática inviabilizava a concessão de vistos para refugiados judeus. Aristides de Sousa Mendes escolheu deliberadamente desrespeitar essas ordens.

A desobediência civil do cônsul salvou milhares de vidas, mas teve um grande custo pessoal. Punido por Salazar e expulso da carreira diplomática, ele acabaria por morrer na miséria.

Com a redemocratização de Portugal, o reconhecimento das ações de Sousa Mendes para salvar milhares de vidas é cada vez maior por parte do Estado. A cerimônia de homenagem no Panteão contou com a presença das principais figuras políticas do país e foi transmitida ao vivo na televisão.

O presidente luso, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que Portugal agora se curva diante da personalidade moral do diplomata.

“[Aristides de Sousa Mendes] Mudou a história de Portugal nesse momento trágico chamado genocídio em plena guerra mundial. Porque de genocídio se tratava, já na perseguição de comunidades, que haveria de acabar em Holocausto”, completou.

Por decisão da família, os restos mortais do antigo cônsul permanecerão em sua cidade natal, Cabanas de Viriato, no centro de Portugal. No Panteão nacional passa a figurar uma placa em homenagem a Sousa Mendes.

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Livro sobre os ‘pecados da colonização portuguesa’ vira best-seller na Suécia https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/10/11/livro-sobre-os-pecados-da-colonizacao-portuguesa-vira-best-seller-na-suecia/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/10/11/livro-sobre-os-pecados-da-colonizacao-portuguesa-vira-best-seller-na-suecia/#respond Mon, 11 Oct 2021 15:19:35 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/Viagem_Sete_pecados_colonizacao_portuguesa-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2590 Correspondente do jornal Dagens Nyheter, o maior da Suécia e da Escandinávia, Henrik Brandão Jönsson, 52, vive há 20 anos no Rio de Janeiro. Antes de se fixar no Brasil, o jornalista morou ainda em Portugal e em Cabo Verde, o que lhe rendeu um enorme interesse por tudo relacionado à lusofonia.

O entusiasmo de Brandão Jönsson com o tema acabou por convencer um editor da Suécia a publicar um livro sobre o universo da colonização portuguesa, com a provocadora premissa dos pecados espalhados pelos exploradores lusitanos.

Sem grandes expectativas, a editora programou o lançamento de “Viagem pelos Sete Pecados da Colonização Portuguesa”  para agosto –principal mês das férias de verão na Europa e um período tradicionalmente pouco movimentado no mercado literário escandinavo.

O desempenho da obra surpreendeu: em duas semanas, a primeira edição se esgotou. A segunda também desapareceu das prateleiras em cerca de 15 dias.  Pouco mais de um ano após o lançamento, o livro está na sétima edição.

“Do nada virou um best-seller, já vendeu mais de 10 mil cópias. Os editores se perguntaram como é que um livro sobre a lusofonia pode vender tão bem. Eu acho que os suecos são um povo que gosta de viajar. Nós temos uma história forte com alguns países lusófonos. A Suécia foi o primeiro país europeu a reconhecer a independência de Moçambique, Guiné Bissau e Angola. Durante a guerra colonial, o governo sueco apoiou a luta pela independência”, diz o jornalista, em português com forte sotaque carioca.

O sucesso na Escandinávia, somado ao fato  de sua agente literária na Suécia ser uma portuguesa emigrada, favoreceu a publicação da obra em Portugal. Lançado pela editora Objectiva, a edição em língua portuguesa acaba de chegar às livrarias.

Em Lisboa para o lançamento, Brandão Jönsson –o sobrenome português foi incorporado após o casamento com uma brasileira– diz estar curioso para ver as reações dos leitores lusitanos sobre a obra.

O livro é dividido em sete capítulos. Seis deles são dedicados às antigas colônias, cada uma com seu respectivo pecado capital associado: Goa (gula), Moçambique (luxúria), Macau (avareza), Timor-Leste (soberba), Angola (ira) e Brasil (preguiça).

O capítulo final é dedicado a Portugal, que, na avaliação do jornalista, tem como pecado a inveja.

A associação de cada pais e seu respectivo pecado é uma avaliação bastante subjetiva, sendo uma interpretação do autor sobre as características de cada um dos lugares que visitou.

Algumas ligações são mais óbvias, como a relação entre Macau –único território da China em que cassinos são liberados– e a avareza. Outras, precisam de uma certa ginástica filosófica.

Fachada do Grand Lisboa, complexo de hotel e cassino localizado em Macau | Foto: Divulgação
Fachada do Grand Lisboa, complexo de hotel e cassino localizado em Macau | Foto: Divulgação

“Timor Leste foi o mais difícil, porque é um país muito simpático, muito humilde. Você não poderia pensar em por soberba em um país com 1,2 milhões de pessoas. Mas eles têm um mito por lá: eles acham que são o povo do crocodilo, porque eles querem se sentir melhores do que a Indonésia [que já dominou o país]. Eles querem se diferenciar porque são cristãos, querem mostrar que são mais fortes do que a Indonésia”, explica.

O livro foi escrito em primeira pessoa e é resultado de viagens que começaram em 2016. O texto é uma espécie de grande reportagem, mesclando elementos de história e política de cada região com observações feitas in loco e entrevistas. Muitas entrevistas.

As conversas foram sobre variados temas e com diferentes perfis. Em Moçambique, por exemplo, Brandão Jönsson entrevistou desde pessoas que se prostituem em bares e discotecas até o escritor Mia Couto, um dos principais nomes da literatura africana.

“Aprendi muito com Åsne Seierstad [jornalista norueguesa], que escreveu ‘O Livreiro de Cabul’. Na obra fica muito claro que ela é uma branca de olhos azuis que mora em Cabul, e o livro incorpora isso. Eu quis fazer a mesma coisa: eu sou um sueco mimado, de olhos azuis, que estava vendo as coisas de uma determinada maneira. Eu sempre quis que isso ficasse muito claro”, relata.

No capítulo sobre o Brasil, a associação com a preguiça é feita em forma de crítica social, chamando a atenção para o fato de que os séculos de  escravatura fizeram com que muitos brasileiros tivessem aversão ao trabalho doméstico e a outras formas de ocupações.

Certos setores pouco produtivos do funcionalismo público e as generosas pensões para filhas de militares também são alvo de crítica.

“Eu sou do país da Ikea, onde temos por hábito fazer tudo sozinhos. Infelizmente, no Brasil ainda tem isso de deixar o outro fazer. Mas é claro que há quem trabalhe muito, como as pessoas que moram no subúrbio e acordam às 4h30 para pegar o trem e ir para o serviço”, explica.

No livro, o jornalista sueco descreve o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como a definição do brasileiro preguiçoso.

“Bolsonaro é um exemplo típico da preguiça do homem branco no Brasil. O nacionalista de direita acusa os descendentes das pessoas escravizadas de não trabalharem, apesar de terem sido eles quem, literalmente, construíram o país. Na realidade, Bolsonaro é quem não faz muito: foi expulso do Exército logo no grau de capitão, por conduta imprópria, e durante as suas quase três décadas como deputado só conseguiu a aprovação de dois projetos-lei — uma média de uma lei a cada quinze anos. Nem um caracol trabalha tão lentamente”, escreve.

Em seu capítulo sobre Portugal e a inveja, o jornalista sueco recorre ao pensamento do filósofo português José Gil: :”ele fala que inveja em Portugal não é um sentimento, é um sistema. Isso, é claro, é uma provocação”, diz o autor.

Segundo Henrik Brandão Jönsson, Portugal gosta de falar das glórias do passado e da época dos Descobrimentos sem tocar em outras questões que também fizeram parta da colonização.

“Tem o outro lado também: quem inventou o tráfico transatlântico de escravos foram os portugueses. Claro, existiam muitos escravos antes, como no Egito e em outros lugares, mas essa coisa de fazer negócio em larga escala com a escravidão, isso foram os portugueses”, diz.

Apesar das críticas, o livro exalta muitas qualidades e pontos históricos e culturais de Portugal e de suas antigas colônias.

“O livro é uma declaração de amor ao mundo lusófono, não estou só criticando. Como eu sou sueco e não tenho nada a ver com o mundo lusófono, eu posso criticar e elogiar. Se fosse um português escrevendo sobre a mesma coisa, poderia acontecer de pender mais para o elogio ou para a crítica. Mas, como eu tenho um olhar de fora, consigo avaliar como jornalista aquilo que é bom ou rui”, resume.

A obra, por enquanto, não tem previsão de lançamento no Brasil.

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Direita surpreende e tira Partido Socialista da prefeitura de Lisboa após 14 anos https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/09/27/direita-surpreende-e-tira-partido-socialista-da-prefeitura-de-lisboa-apos-14-anos/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/09/27/direita-surpreende-e-tira-partido-socialista-da-prefeitura-de-lisboa-apos-14-anos/#respond Mon, 27 Sep 2021 10:40:45 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/Carlos_Moedas_Lisboa-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2583 Contrariando as previsões das principais pesquisas eleitorais –que apontavam uma reeleição confortável do atual presidente da Câmara Municipal (cargo equivalente a prefeito), o socialista Fernando Medina–,  a coligação liderada pelo Partido Social-Democrata, de centro-direita, venceu as eleições municipais do último domingo (26) em Lisboa.

O ex-comissário europeu Carlos Moedas levou a preferência de cerca de 34,2% dos lisboetas, enquanto o atual prefeito garantiu 33,3% dos votos. Uma diferença de apenas 2.299 votos na capital portuguesa.

“Ganhamos contra tudo e contra todos”, discursou, emocionado, após a confirmação da vitória, já na madrugada de segunda-feira (27).

Apesar de comandar a Prefeitura, Moedas terá de lidar com um cenário de maioria de esquerda entre os vereadores.

O resultado foi considerado um revés político importante para o Partido Socialista.

A legenda governava Lisboa desde 2007, quando o atual primeiro-ministro, António Costa, assumiu o poder na cidade. Ao deixar o cargo em busca da candidatura nacional, em 2015, foi sucedido por Fernando Medina, que conseguiu se reeleger em 2017.

Bem-avaliado pelos moradores da cidade durante praticamente todo o mandato, Medina teve sua imagem abalada em junho, quando uma reportagem do jornal Expresso revelou que o executivo municipal repassara à embaixada da Rússia informações pessoais de ativistas pró-democracia que organizaram protestos contra Vladimir Putin em Lisboa.

Ao reconhecer o mau resultado, Fernando Medina procurou desvincular a situação de Lisboa do cenário nacional do Partido Socialista, afirmando que a derrota era “pessoal e intransmissível”.

Os resultados gerais dos socialistas, no entanto, ficaram aquém das últimas eleições municipais. Embora tenham se mantido como o partido com mais prefeituras, o PS perdeu para a direita, além da capital, duas cidades importantes: Coimbra e Funchal.

Os portugueses também acompanharam com atenção o desempenho do partido de direita radical Chega. Apesar do terceiro lugar conseguido por seu líder, André Ventura, nas eleições presidenciais de janeiro, a legenda não conquistou nenhuma prefeitura.

Os partido, no entanto, garantiu uma quantidade expressiva de cargos nas máquinas municipais: 19 vereadores e 171 mandatos para assembleias municipais.

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Portugal ainda não reconhece certificados de vacinação do Brasil https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/09/21/portugal-ainda-nao-reconhece-certificados-de-vacinacao-do-brasil/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/09/21/portugal-ainda-nao-reconhece-certificados-de-vacinacao-do-brasil/#respond Tue, 21 Sep 2021 07:50:52 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/coronavac-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2578 Os certificados de vacinação contra a Covid-19 emitidos no Brasil ainda não são válidos em Portugal. Por isso, para viajar ao país europeu, os turistas brasileiros –ainda que completamente imunizados– seguem precisando apresentar um teste negativo para o vírus.

O esclarecimento foi feito pela embaixada portuguesa em Brasília nesta segunda-feira (20), após alguns sites e grupos nas redes sociais divulgarem a informação de que o documento emitido pelo SUS já seria válido como comprovante de imunização em Portugal.

“Até ambos os países reconhecerem, em condições de reciprocidade, a validade dos respectivos certificados de vacinação, as regras para viajar do Brasil para Portugal mantêm-se iguais”, diz a embaixada, em nota enviada à imprensa.

Em vídeo, o embaixador português, Luís Faro Ramos, afirma que os Portugal e Brasil ainda não chegaram a um acordo de reciprocidade para a validação dos imunizantes.

A confusão ocorreu provavelmente porque, no despacho em que renovou a autorização de entrada de turistas brasileiros no país, o governo português também deixou aberta a possibilidade de reconhecimento de certificados de vacinação emitidos por países de fora da União Europeia.

O texto, no entanto, não apresentou a lista de países cujos certificados já são reconhecidos, o que deu margem a informações equivocadas.

Portugal e Brasil discutem, há mais de dois meses, a validação bilateral dos certificados de vacina, mas o entendimento ainda não saiu do papel.

Mesmo assim, a entrada de turistas brasileiros no país de Camões não fica prejudicada.

Ao contrário de alguns países da União Europeia, que só reabriram as portas para turistas brasileiros vacinados, Portugal exige apenas a apresentação de um teste negativo para a Covid-19: um PCR feito até 72 horas antes do embarque ou um exame de antígeno realizado com até 48 horas de antecedência.

O não reconhecimento dos certificados, no entanto, pode complicar a participação dos viajantes em atividades culturais e de lazer.

Isso acontece porque, assim como outros países europeus, Portugal passou a exigir a prova de vacinação completa (ou certificado de recuperação de Covid-19 há menos de 6 meses) em várias situações, como check-ins em hotéis e apartamentos por temporada, entrada em shows e eventos culturais e permanência na área interna de restaurantes (aos fins de semanas e feriados).

Quem não tem o certificado válido tem a alternativa de apresentar testes negativos para a Covid-19. Uma opção que acaba saindo mais cara, trabalhosa e menos amiga das narinas dos viajantes.

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Portugal renova permissão a turistas do Brasil e deixa aberta possibilidade de reconhecimento de vacinas https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/09/17/portugal-renova-permissao-a-turistas-do-brasil-e-deixa-aberta-possibilidade-de-reconhecimento-de-vacinas/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/09/17/portugal-renova-permissao-a-turistas-do-brasil-e-deixa-aberta-possibilidade-de-reconhecimento-de-vacinas/#respond Fri, 17 Sep 2021 11:23:51 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/aeroportoportugal-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2570 A autorização de entrada de turistas brasileiros em Portugal, inicialmente válida até 16 de setembro, foi prorrogada por mais 15 dias, estando agora em vigor até o fim deste mês. A informação foi publicada na manhã desta sexta-feira (17) no Diário da República.

Por conta da pandemia da Covid-19, as viagens não essenciais do Brasil para Portugal estiveram proibidas por quase um ano e meio.

Ao contrário de alguns países da União Europeia, que liberaram a entrada apenas de pessoas vacinadas, Portugal não exige a imunização para a liberação dos viajantes.

Para entrar no país, basta a apresentação de um teste negativo para a Covid-19: um exame PCR feito até 72 horas antes do embarque ou um teste de antígeno realizado até 48 horas antes. Menores de 12 anos e portadores do passe sanitário europeu estão isentos da apresentação do teste.

O despacho que renova a permissão de entrada de turistas brasileiros traz uma novidade: a previsão de que as autoridades lusas possam reconhecer a validade de certificados de vacinação ou de de recuperação da Covid-19 emitidos por países de fora da União Europeia, desde que “em condições de reciprocidade”.

O despacho, no entanto, não diz que países já têm seus certificados de vacinação reconhecidos em Portugal.

Questionados pela reportagem, os ministérios da Administração Interna e dos Negócios Estrangeiros ainda não se manifestaram se o Brasil já faz parte da lista de países cujos certificados são considerados válidos.

O documento estabelece alguns parâmetros para que os certificados estrangeiros sejam reconhecidos em Portugal.

Além das informações pessoais de seus portadores, é preciso que contenham, entre outras coisas: o nome da vacina e de seu fabricante, o número de série do imunizante e a data de aplicação da última dose.

Portugal só reconhecerá, no entanto, certificados das pessoas imunizadas com Pfizer, Moderna, Janssen e AstraZeneca.

A Coronavac, amplamente usada no país e já aprovada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), está fora da lista autorizada.

Há mais de dois meses, os governos de Portugal e Brasil vêm realizando reuniões para um acordo bilateral para o reconhecimento de vacinas.

Embora o certificado de vacinação não seja obrigatório para entrar em Portugal, ele é bastante útil na vida cotidiana.

O comprovante de imunização é exigido, por exemplo, para fazer check-in em hotéis e apartamentos por temporada e para frequentar a área interna de restaurantes nos fins de semana e feriados.

É possível, em alternativa, apresentar um teste negativo para o SARS-CoV-2, uma alternativa mais trabalhosa e muitas vezes com custos associados para os turistas.

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Máscaras deixam de ser obrigatórias nas ruas de Portugal https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/09/13/mascaras-deixam-de-ser-obrigatorias-nas-ruas-de-portugal/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2021/09/13/mascaras-deixam-de-ser-obrigatorias-nas-ruas-de-portugal/#respond Mon, 13 Sep 2021 08:00:44 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/mascaras_nao_obrigatorias_portugal-320x213.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=2566 Após 318 dias em vigor, a obrigatoriedade de uso de máscaras nas ruas de Portugal já não vale a partir desta segunda-feira (13).

Com mais de 78% da população com o esquema vacinal completo, o país tem progressivamente eliminado as restrições impostas pela pandemia da Covid-19.

A cobertura facial ainda é exigida em espaços fechados, transportes públicos, shoppings, prédios públicos e para entrar ou circular na área interna de cafés e restaurantes e em outras situações específicas, como nas escolas.

Apesar do fim da obrigatoriedade, as autoridades de saúde recomendam que as máscaras sigam sendo utilizadas em locais com  aglomeração de pessoas.

Os deputados portugueses optaram por não renovar a lei que determinava o uso de máscara. O diploma inicial fora aprovado em outubro, em um momento de alta de casos de Covid-19 no país.

Pelas regras lusas, as máscaras nas ruas só eram obrigatórias quando não fosse possível manter o distanciamento social. Ainda assim, muitos portugueses, sobretudo nas grandes cidades, optaram por usar a cobertura facial sempre que saíam de casa.

A decisão de acabar com a obrigatoriedade das máscaras nas ruas não foi unanimidade entre especialistas, e alguns grupos médicos se opuseram à medida.

“A Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública continua a sugerir que, especialmente nesta fase de inverno em que vamos entrar, a máscara continue a ser um equipamento de proteção individual utilizado por todos ou quase todos, de maneira a que nos possamos proteger, não só da Covid-19, mas também da gripe”, afirmou o presidente em exercício da entidade Gustavo Tato Jorge, em declaração à agência Lusa.

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