Em Portugal, ao contrário do Brasil, as universidades públicas não são gratuitas. O custo total dos cursos, no entanto, é bastante subsidiado pelo governo. Existe uma tabela máxima de preços praticados para portugueses e cidadãos da UE.
Pela lei atual, não há limites aos valores cobrados para os alunos de fora da União Europeia, e as instituições têm liberdade para estipular o preço dos cursos.
Na Universidade de Coimbra, um curso de graduação em período integral custa, por ano, 697 euros (R$ 4.610) para um português. Já para um brasileiro, a mesma formação sai por 7 mil euros (cerca de R$ 46,2 mil) anuais.
A equiparação do valor das mensalidades é uma antiga reivindicação das associações de estudantes brasileiros em Portugal, que aumentaram a mobilização social e política após as dificuldades adicionais causadas pela pandemia.
Eles prometem continuar a pressão por melhores condições para os estudantes estrangeiros.
A possibilidade de cobrar valores mais altos para estudantes de fora da União Europeia, em vigor desde 2014, incentivou que muitas universidades portuguesas buscassem atrair o público estrangeiro, que se transformou em uma importante fonte de receita.
O processo foi tão simplificado que, atualmente, 50 instituições portuguesas aceitam o ENEM brasileiro como forma de ingresso.
O texto de um dos projetos apresentados, proposto pelo Bloco de Esquerda (partido com a terceira maior bancada na Assembleia da República), afirma que a legislação atual permitiu que os estrangeiros fossem tratados como uma espécie de mercadoria pelas universidades.
“Ao mesmo tempo em que são chamados a pagar quantidades exorbitantes, é lhes negado o acesso a alguns mecanismos de ação social. É preciso encarar a participação de cidadãos internacionais no ensino superior português com uma visão humanista e não mercantil”, diz o texto.
OPÇÃO
Para pagar mensalidades equivalentes aos dos portugueses, muitos estudantes brasileiros têm recorrido ao estatuto de igualdade de direitos, previsto em um acordo bilateral entre os governos do Brasil e Portugal em abril de 2000.
Pelo tratado, brasileiros residindo legalmente em Portugal (e portugueses no Brasil) gozam dos mesmos direitos civis dos cidadãos nacionais, incluindo vagas em concursos públicos, acesso à saúde pública e à educação.
O aumento do interesse dos brasileiros pelo ensino superior português acabou revivendo, a partir de 2015, o interesse pela obtenção do estatuto, que andava em queda.
Em 2019, foram 7.320 estatutos de igualdade de direitos concedidos: alta de 118,2% em relação aos 3.354 do ano anterior. Em 2015, haviam sido 830.
Diversas universidades, porém, resistem à manobra, exigindo que, para ter direito a pagar as mensalidades como portugueses, os alunos brasileiros deveriam passar pelo processo seletivo destinado aos estudantes nacionais: mais concorrido e com necessidade de passar pelo exame nacional local.
]]>Além da versão tradicional de frango, o menu inclui sabores menos ortodoxos, como a de camarão com abóbora, e ainda opções “aportuguesadas”, como a de bacalhau com queijo da Serra da Estrela e a “croqueta”, feita com carne.
Vegetarianos também foram contemplados, e há uma coxinha sem proteína animal, feita de brócolis, cogumelo e tofu.
Os preços variam entre 2 euros e 2,5 euros para um tamanho normal. Há ainda um menu degustação de minicoxinhas, que traz quatro sabores do salgado, por 6 euros.
A dupla de sócios à frente do restaurante –Glauco Junqueira e Carlos Rebolo– brinca com o título profissional: são os CEOs do (Coxinhas Expert Officers, os especialistas em coxinha, em tradução literal).
“Quisemos fugir dos clichês associados normalmente aos restaurantes brasileiros. É um espaço que quer atrair também o público português e internacional, que passa muito por essa região”, conta Glauco Junqueira.
Embora seja bastante popular no país, a brasileiríssima coxinha ainda não é conhecida por todos os portugueses, o que impõe uma dificuldade adicional ao negócio.
“O conceito de coxinha às vezes ainda confunde alguns portugueses que nunca foram ao Brasil ou não têm familiaridade com os nossos salgadinhos. Então, estamos também trabalhando para explicar bem as coxinhas para um público bem amplo”, completa Glauco.
Para acompanhar os quitutes, há a opção de caipirinhas caprichadas.
O menu fica completo com as opções de sobremesa: brigadeiros gourmet ou coxinhas doces, como uma versão de churros com doce de leite.
Quem pede um cafezinho (Nespreso), ganha de brinde um minibrigadeiro.
Durante a semana, o espaço tem um menu especial de almoço-executivo e, aos fins de semanas, há alguns pratos especiais, como feijoada.
Serviço
A Coxinharia
R. de Cascais, 31A
Lisboa, Portugal
+351 21 590 3039
Seg-Sáb 12h às 22h
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A alta é significativa especialmente porque, em 2018, Portugal já atingira seu recorde histórico de imigrantes: mais de 480 mil, segundo dados do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras).
Nos dados publicados agora, divulgados pelo jornal português Público, não há informação sobre a quantidade de novos brasileiros. Ao que tudo indica, porém, os cidadãos do Brasil têm um peso considerável neste fluxo migratório.
Os brasileiros formam, com folga, a maior comunidade de estrangeiros em Portugal. Dados de 2018 mostram alta de 23,4% em relação ao ano anterior, chegando a 105.423 residentes.
Foi o segundo aumento consecutivo, após um período de seis anos de quedas nos números oficiais (de 2011 a 2016).
O número total de brasileiros (e de estrangeiros em geral) vivendo em Portugal, no entanto, é bem maior do que as estatísticas do SEF. Os números não consideram como brasileiros os que têm dupla cidadania portuguesa ou de outro país da União Europeia. Além disso, também não entram na conta, por motivos óbvios, quem está em situação migratória irregular.
Recentemente, Portugal foi escolhido como terceiro melhor lugar do mundo para estrangeiros viverem, de acordo com uma votação da plataforma Expat Insider.
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Conscientes deste cenário (e provavelmente saudosos da diversidade dos sabores verde-e-amarelos), uma nova geração de empreendedores brasileiros têm apostado em negócios gastronômicos mais originais, mas sem perder o DNA tupiniquim.
Nos últimos meses, o destaque tem sido a inauguração de botecos arrumadinhos, típicos do eixo Rio-São Paulo.
Recém-inaugurado em pleno coração de Lisboa, o Boteco da Dri, na região do Cais do Sodré, é o exemplo mais recente deste movimento.
Do cozinha comandada pelo chef goiano Pedro Hazak saem quitutes tradicionais da comida de botequim nacional, mas que ainda são raridade do lado Norte do Atlântico. Estão lá as mini-porções de pastel de vento, o pão de queijo com linguiça e até tiras de mandioca frita.
Um dos maiores clássicos das gastronomia de boteco, os caldinhos também marcam presença, inclusive o de feijão.
Outro diferencial: o espaço fica aberto (e servindo comida) até as 4h da manhã, uma verdadeira raridade entre os restaurantes lisboetas.
Além dos petiscos, há opções de mais sustância para os comensais. A brasileiríssima picanha com farofa, o picadinho de carne e o strogonoff de filé representam o melhor da cozinha familiar brasileira.
“A ideia é fugir dos clichês e e mostrar a representatividade dos sabores do Brasil. Temos aqui influências indígenas, do Nordeste de tantas outras que normalmente não são representadas nos restaurantes brasileiros no exterior”, conta Renato Castro Santos.
Para acompanhar, há opções de cachaça artesanal e até uma batida de coco.
Boteco da Dri
Cais Gás 19, 1200-109 Lisboa
Horário: terça a Domingo – das 19h às 04h00
Tel: +351 960 378 763
Entre janeiro e junho, os viajantes brasileiros registraram mais de 1 milhão pernoites na hotelaria lusa.
Os números agora divulgados se restringem à atividade hoteleira, mas já sinalizam que a quantidade de brasileiros visitando Portugal deve superar a do ano anterior.
Em 2017, mais de 869 mil cidadãos do Brasil visitaram Portugal: uma alta de 39% em relação aos 625 mil viajantes de 2016.
O Brasil segue como o principal mercado de turismo para Portugal fora da Europa.
DESACELERAÇÃO
As estatísticas do turismo, no entanto, mostram uma desaceleração da atividade, que nos últimos anos tem sido o principal motor de crescimento da economia portuguesa.
A quantidade de pernoites na hotelaria caiu 2,9% em junho em relação ao mesmo período do ano anterior. A retração foi ocasionada principalmente pela menor quantidade de estrangeiros no país.
Embora a quantidade de brasileiros, americanos e canadenses tenha aumentado, os principais mercados emissores europeus –Alemanha, Reino Unido e França – apresentaram retração.
Autoridades portuguesas minimizaram o resultado e atribuíram a redução na quantidade geral de turistas ao clima atípico deste verão e a fatores externos, como a realização da Copa do Mundo de futebol na Rússia.
Especialistas no setor, porém, indicam que o declínio pode estar relacionado com a retomada das atividades turísticas de destinos como a Tunísia e Turquia, que sofreram com a redução dos visitantes por conta de atentados terroristas.
Segundo o levantamento, 869 mil brasileiros visitaram Portugal em 2017. Uma alta de 39% em comparação a 2016, que já tinha sido um ano de alta, e teve 624 mil viajantes do nosso país.
A quantidade de turistas brasileiros foi a que mais cresceu entre todas as nacionalidades avaliadas. E olha que foram muitas: Portugal recebeu 12,6 milhões de estrangeiros, um recorde histórico
E nem as muitas horas de avião nos tiraram da liderança absoluta entre os viajantes que vêm de fora da Europa.
Colecionando uma série de prêmios na área turística —entre eles o de melhor praia da Europa e de melhor destino do ano—, Portugal tem encantado também viajantes de outras nacionalidades.
No ranking geral, países mais próximos acabam levando vantagem. Reino Unido, Alemanha, Espanha e França lideram, e o Brasil aparece em quinto lugar.
A região de praias do Algarve segue como a mais visitada, mas outras regiões também tiveram crescimento digno de nota. O destaque fica com o Centro do país que, mesmo sendo duramente afetado pelos incêndios do ano passado, conseguiu ter alta de 43%.
O setor já representa 10% do PIB do país.
Com alto poder aquisitivo, esse grupo está movimentando o setor de comércio e serviços em áreas nobres de Lisboa e do Porto, além de criar uma demanda especial: as assessorias de recolocação para quem quer se transferir para a terra de Camões.
De olho nesse mercado, brasileiros “veteranos” no país estão embarcando no setor conhecido como “relocation” no jargão da área.
Há cerca de dez anos em Portugal, as cariocas Tatiana Sabatie e Fabiana Barcellos fazem parte deste time. A dupla resolveu transformar em negócio os serviços que já prestavam informalmente para amigos e conhecidos. Nascia assim a W.H.Y (We Host You).
“Nós prestamos o serviço que gostaríamos que alguém nos tivesse oferecido quando chegamos aqui”, conta Tatiana, elencando a burocracia de Portugal como uma das maiores dificuldades para os “novatos”.
“Muitas vezes, dependendo de com quem você fala em um determinado lugar, acaba com uma informação diferente. As coisas funcionam, mas podem ser muito desencontradas”, diz.
Além de ajudar em aspectos básicos, como abertura de contas em banco e obtenção do NIF (espécie de CPF lusitano), muitas assessorias também ajudam a encontrar apartamentos e até escolher a melhor escola para matricular os filhos.
“Temos muitos clientes que nunca vieram a Portugal antes de se mudarem para cá, mas conhecem pessoas que tiveram uma boa experiência ao mudar de país. Elas veem que é um país seguro e acabam tomando a decisão, mesmo sem nunca ter visitado Portugal”, conta Fabiana Barcellos.
Baseadas na região de Cascais, uma região perto da praia que virou uma espécie de polo dos brasileiros endinheirados na zona de Lisboa, a dupla ainda promove eventos para integrar os recém-chegados.
“É para todo mundo se conhecer, mas temos a preocupação de expandir os horizontes. Não é para formar uma comunidade só de brasileiros, que não interagem a cultura e as pessoas do país”, completa.
Primeira de sua família a chegar ao ensino superior, Luciana Carmo, 29, frequenta as aulas do mestrado em filosofia da Universidade de Coimbra. Com cerca de 2.000 brasileiros (entre graduação e pós), a UC é instituição que concentra mais estudantes do nosso país no exterior.
Antes de passar pelos corredores da universidade fundada em 1290 — com alunos tão ilustres quanto o escritor Eça de Queiroz –, Luciana precisou recolher material reciclável para vender e ajudar nas despesas domésticas.
“Meu pai teve um AVC quando eu tinha 11 anos. Precisei ajudar minha mãe desde cedo a cuidar dele. Como não tínhamos dinheiro, também passamos muito tempo recolhendo alimentos que seriam descartados nas feiras”, conta.
“Sabe aquela maçã com um pedacinho machucado, que está feia e não seria vendida? Era esse tipo de coisa. Cortávamos a parte ‘ruim’ e comíamos o resto dos alimentos. Fizemos isso por muito tempo”, completa.
Bolsas de estudo
Bolsista da Universidade Presbiteriana Makenzie, em São Paulo, Luciana chegou a Coimbra também através de uma bolsa de estudos.
Em 2015, ela foi selecionada pelo programa Santander Universidades. No ano seguinte, foi contemplada por uma parceria da universidade paulistana com a instituição portuguesa.
“Eu não pago as mensalidades, o que já é uma ajuda muito grande, mas a permanência aqui ainda é com muitas dificuldades”, conta.
Gestão
Luciana, que toma posse da presidência da Apeb (Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros) em Coimbra nesta terça (31), diz que pretende dedicar sua gestão a diminuir as “muitas dificuldades” dos estudantes brasileiros na cidade.
“Ainda é um espaço elitizado. E há muitos brasileiros, sobretudo os que chegaram a Coimbra com o apoio de alguma bolsa, que tem dificuldades de base, de formação mesmo”, relata.
“É o caso do inglês, Muitas aulas são ministradas no idioma, têm material de leitura em inglês, que não é dominado por todos. Eu estudei em escolas públicas a vida inteira, por exemplo, e essa é uma lacuna que eu não consegui preencher na minha formação”. conta a estudante.
Outro projeto de Luciana e da chapa vencedora da Apeb é a luta pela igualdade no valor das mensalidades entre alunos brasileiros e os portugueses. Hoje, os estrangeiros pagam mais caro pelos estudos na universidade.
Poesia
Além das atividades acadêmicas, a estudante se dedica à militância em grupos de empoderamento dos direitos das mulheres e do movimento negro, além de escrever poesia.
Ela foi finalista no concurso português de Slam —espécie de poesia recitada—, representando a cidade de Coimbra.
“Uma das minhas maiores inspirações, e eu digo isso na minha poesia, é a minha mãe, Maria do Carmo. Uma mulher fantástica”, diz.
Apesar das saudades dos pais e do da filha, que vivem no Brasil, a estudante pretende estender a temporada no país de Camões.
“Esse período aqui me permitiu aprender muito. Ter oportunidades de aprendizado acadêmico e culturais fantásticos. Não teria acesso a isso de outra forma”, conta.
Os brasileiros também gastaram mais dinheiro em terras lusitanas: foram € 399,8 milhões de euros (cerca de R$ 1,127 bilhão) no ano passado, uma marca 11% maior do que em 2015, mas que ainda não supera os € 404 milhões gastos em 2013, o valor mais alto já registrado.
A alta mais expressiva aconteceu no último bimestre, com 100 mil brasileiros em Portugal. Um aumento de 82% em relação ao mesmo período de 2015).
Os números fazem parte de um estudo realizado pelo Turismo de Portugal, que mostra ainda que os brasileiros também bateram recorde de pernoites nos hotéis portugueses: foram 1,484 milhão de estadias. O recorde anterior, de 2014, eram 1,36 milhão.
A recuperação da quantidade de viajantes —e do dinheiro gasto por eles— consolida o Brasil como o maior mercado de turistas fora da Europa.
A preferência dos brasileiros continuou sendo a capital, Lisboa, cuja região metropolitana concentrou 852,5 mil pernoites.
Os brasileiros também se destacam na região Norte (onde fica o Porto), no Centro (onde fica Coimbra) e no Alentejo.
Apesar de ser a região mais visitada de Portugal, o Algarve não aparece na lista de destinos mais visitados pelos brasileiros.
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