Ora Pois https://orapois.blogfolha.uol.com.br Um olhar brasileiro sobre Portugal Mon, 29 Nov 2021 10:25:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Em Portugal, restaurantes distribuem comida a profissionais de saúde https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2020/03/27/em-portugal-restaurantes-distribuem-comida-a-profissionais-de-saude/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2020/03/27/em-portugal-restaurantes-distribuem-comida-a-profissionais-de-saude/#respond Fri, 27 Mar 2020 15:28:13 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/Food_For_Heroes.png https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=1970 Em várias cidades portuguesas, restaurantes e chefs têm criado iniciativas para levar comida saborosa e de qualidade aos profissionais de saúde na linha de frente do combate ao novo coronavírus.

Em Lisboa, uma das primeiras redes de refeições solidárias para médicos e enfermeiros foi a “Food for Heroes” (comida para heróis, em tradução livre), que reúne seis cadeias de restaurantes: Aruki, Chickinho, Home Sweet Sushi, Sushi at Home, Pasta Non Basta e The Burger Guy.

As refeições são disponibilizadas tanto em hospitais da rede pública quanto nos particulares. Os pedidos são feitos por e-mail e entregues diretamente às instituições, com embalagens e sistema de delivery especiais para regras anti-contaminação.

Segundo os idealizadores do projeto, além de ser uma forma de agradecer aos profissionais de saúde pelos esforços no tratamento dos pacientes com a Covid-19, a iniciativa também ajuda a motivar as equipes dos restaurantes, um setor particularmente afetado pelos impactos do estado de emergência em vigor em Portugal.

Pelas regras impostas pelas autoridades lusitanas, atualmente os restaurantes em todo o país só podem funcionar em sistema de refeições para viagem.

Profissionais de saúde recebem refeições do "Food for Heroes" em Lisboa | Foto: Divulgação
Profissionais de saúde recebem refeições do “Food for Heroes” em Lisboa | Foto: Divulgação

ESTRELA MICHELIN

No Algarve, no Sul de Portugal, até um chef com estrela Michelin está distribuindo refeições para profissionais de saúde.

Rui Silvestre, do restaurante Vistas, em parceria com a rede Makro e com a Rede de Emergência Alimentar, está oferecendo refeições para instituição de saúde, asilos e famílias carentes.

Também no Algarve, a chef Noélia Jerónimo, que comanda o restaurante Noélia & Jerónimo, juntou-se à iniciativa.

No Norte de Portugal, região mais afetada pelos casos do novo coronavírus no país, vários restaurantes também têm iniciativas semelhantes. É o caso do Líder, do chef Manuel Moura, e do Euskalduna Studio, do chef Vasco Coelho.

CASOS

Até esta sexta-feira (27), Portugal tem 4.268 casos confirmados de infecção pelo SARS-CoV-2. Pelo menos 76 pessoas morreram em decorrência da Covid-19.

A região Norte concentra mais de 57% dos doentes confirmados: 2.443 pessoas.

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Chef mais famoso de Portugal é jurado de novo reality gastronômico da Globo https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2019/10/14/chef-mais-famoso-de-portugal-e-jurado-de-novo-reality-gastronomico-da-globo/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2019/10/14/chef-mais-famoso-de-portugal-e-jurado-de-novo-reality-gastronomico-da-globo/#respond Mon, 14 Oct 2019 08:40:25 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/Jose_avillez-320x213.jpg https://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=1796 Nome mais conhecido da gastronomia portuguesa na atualidade, o chef José Avillez, 39, é um dos jurados do “Mestre do Sabor”, novo reality show culinário da Globo, que vai ao ar às quintas-feiras à noite.

No comando de um “império” com 19 restaurantes, Avillez conquistou duas estrelas Michelin com o requintado Belcanto, em Lisboa. Em 2019, a casa foi escolhida o 42º melhor restaurante do mundo: um salto de 33 posições em relação ao ano anterior.

Um jantar no Belcanto com menu-degustação, harmonizado com vinhos, pode chegar a 200 euros (cerca de R$ 907).

Felizmente, José Avillez também tem uma série de restaurantes mais acessíveis, embora também muito badalados. Na capital portuguesa, ele inaugurou até um “bairro”.

O Bairro do Avillez, espaço de mais de mil m2 no Chiado, agrega quatro restaurantes: a Mercearia, com várias opções de petisco, a Taberrna, com porções mais generosas e pegada mais tradicional, o Páteo, especializado em peixe e frutos do mar, e o Beco, que mistura alta gastronomia e espetáculo.

José Avillez (dir.) e o time do 'Mestre do Sabor'| Foto: Victor Pollak/Globo/Divulgação
José Avillez (dir.) e o time do ‘Mestre do Sabor’| Foto: Victor Pollak/Globo/Divulgação

Embora esta seja sua primeira incursão na televisão brasileira, o chef tem experiência de sobra nas telinhas portuguesas, onde apresentou dois programas de culinária.

“A grande riqueza de participar no ‘Mestre do Sabor’ foi não só trabalhar com ingredientes brasileiros, alguns desconhecidos para mim, mas sentir que estava a poder ensinar e também aprender todos os dias. Não tenho a menor dúvida de que o programa será um sucesso enorme, tanto aqui como no Brasil. Houve uma entrega enorme por parte de uma equipe muito grande”, disse Avillez, durante evento de lançamento da atração, em Portugal.

Para participar do programa global, Avillez conta que precisou “suavizar um pouco” o sotaque lusitano. Ele passou quase um mês no Rio de Janeiro se dedicando às gravações. Embora os finalistas do reality já estejam escolhidos, o vencedor ainda não está decidido. A final, ao vivo, acontecerá apenas em dezembro.

O PROGRAMA

Comandado pelo chef francês Claude Troigrois –veterano de programas culinários– e seu braço direito, Batista, “Mestre do Sabor” é uma competição culinária que vai avaliar as habilidades de 24 concorrentes. O vencedor leva pra casa um prêmio de R$ 250 mil.

O corpo de jurados é composto, além de Avillez, pelos chefs brasileiros Katia Barbosa e Leo Paixão.

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10 comidas de inverno para experimentar no frio de Portugal https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/11/01/10-comidas-de-inverno-para-experimentar-no-frio-de-portugal/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/11/01/10-comidas-de-inverno-para-experimentar-no-frio-de-portugal/#respond Tue, 01 Nov 2016 10:10:21 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/Untitled-design-8-180x120.png http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=569 A culinária portuguesa é espetacular o ano inteiro, mas é nos meses mais frios do ano que ela ganha um brilho especial. Seja pelos ingredientes que só existem nesta época, ou pela possibilidade de comer com menos culpa pratos calóricos, é difícil resistir às tentações.

Fiz aqui uma listinha dessas delícias invernais lusitanas. Algumas também estão disponíveis no resto do ano, mas é no frio que elas se destacam.

1. Castanhas

Chegada dos vendedores de castanhas são a primeira pista de que o frio se aproxima | Foto: Giuliana Miranda
Chegada dos vendedores de castanhas são a primeira pista de que o frio se aproxima | Foto: Giuliana Miranda

A chegada das carrocinhas vendendo castanhas portuguesas (que por aqui obviamente se chamam só castanhas) é o primeiro sinal de que o frio se aproxima.

O jeito mais popular de consumi-las é comprar um pacotinho com as castanhas assadas, mas também há quem as coma cruas ou em purês e sopas.

2. Alheira

Alheira, um dos famosos enchidos portugueses | Foto: Wikicommons
Alheira, um dos famosos enchidos portugueses | Foto: Wikicommons

A alheira faz parte dos chamados enchidos (espécie de salsichas) portugueses, mas tem um diferencial importante: é o único que não leva porco, sendo feito de frango.

Diz a lenda que o prato foi criado no tempo da Inquisição, quando havia perseguição aos judeus em Portugal. A forma mais comum de identificar as famílias judias era justamente perceber quais delas não comiam carne de porco. Para escapar do cerco religioso, os judeus teriam então inventado uma salsicha de frango com pão e muitos temperos, mas com aparência similar às tradicionais.

O jeito mais comum de consumi-la é com ovo estrelado e batatas fritas.

3. Bolo Rei

Confeitarias portuguesas já anunciam a chegada do Bolo Rei | Foto: Giuliana Miranda
Confeitarias portuguesas já anunciam a chegada do Bolo Rei | Foto: Giuliana Miranda

Este bolo redondo recheado de frutas cristalizadas é tradicionalmente consumido entre o Natal e o início de janeiro, mas hoje em dia, felizmente já é possível encontra-lo a partir do fim de outubro nas padarias e confeitarias.

A origem da iguaria é francesa e faz alusão aos reis magos da narrativa do nascimento de Jesus. O bolo tem o formato de rosca, com um buraco no meio e é recheado de passas e frutas cristalizadas.

4. Bolo Rainha

Bolo Rainha é feito com nozes e amêndoas e é um dos favoritos dos  portugueses | Foto: Aquarius Pastelarias
Bolo Rainha é feito com nozes e amêndoas e é um dos favoritos dos portugueses | Foto: Aquarius Pastelarias

É uma versão sem frutas cristalizadas do bolo rei. No doce da rainha, a massa fofinha leva quantidades caprichadas de nozes e amêndoas, além da tradicional calda açucarada.

5. Rabanadas ou fatias douradas

Rabanadas são uma tradição portuguesa exportada para o Brasil | Crédito: Giuliana Miranda
Rabanadas são uma tradição portuguesa exportada para o Brasil | Crédito: Giuliana Miranda

Outro prato típico do Natal que, devido ao sucesso, acabou se popularizando no resto do ano.

As rabanadas —ou fatias douradas, depende do lugar de Portugal— são velhas conhecidas dos brasileiros e a receita é praticamente a mesma do nosso país: pão molhado em leite e ovo e posteriormente frito, com direito a uma generosa camada de açúcar e canela.

Um toque bastante lusitano é a existência de versões com vinho. Há quem “afogue” o pão na bebida antes de fritar e também quem faça a rabanada tradicional e acrescente uma calda de vinho tinto na hora de servir.

6. Cozido à portuguesa

Cozido à portuguesa: união de diversos tipos de carne, que variam conforme a região | Foto: Continente
Cozido à portuguesa: união de diversos tipos de carne, que variam conforme a região | Foto: Continente

Este tradicional prato português leva horas para ficar pronto e é um verdadeiro banquete para os amantes de carne. Em geral, ele traz um combinado de pedaços de carne bovina e suína, além de generosas doses de chouriço e legumes.

A receita varia de região para região, mas há uma coisa em comum: é um prato de substância, perfeito para espantar o frio europeu.

7. Açorda

Açorda alentejana: uma das mais famosas versões da tradicional sopa com pão | Foto: Wikipedia
Açorda alentejana: uma das mais famosas versões da tradicional sopa com pão | Foto: Wikipedia

Assim como o cozido à portuguesa, cada região tem a sua própria versão da açorda. Grosso modo, trata-se de uma sopa espessa que conta pedaços de pães acompanhados de temperos, como coentro e poejos. Há receitas com bacalhau, com camarão, com ovo cozido, com peixe…

Uma das receitas mais famosas é a açorda à alentejana, que leva alho, sal, azeite, água em ebulição e pão fatiado, além de pedaços de ovo.

8. Sopa da Pedra

Receita gourmetizada de Sopa de Pedra | Foto: reprodução
Receita gourmetizada de Sopa de Pedra | Foto: reprodução

Mais uma receita portuguesa ligada a uma história fantástica. Nesta lenda, um frade faminto pedia ajuda às famílias da região de Almeirim, no Ribatejo, sem muito sucesso. Até que o religioso espertalhão avistou uma pedra e anunciou em alto e bom som que poderia fazer um ótimo caldo com ela. Entusiasmados, os moradores contribuíram com ingredientes que ajudariam a “dar mais sabor” à receita com a rocha: batatas, feijões, chouriço, sal, repolhos, cenouras…

A lenda da sopa de pedra se notabilizou e o site da Câmara Municipal (o equivalente da nossa prefeitura) de Almeirim divulga até uma receita oficial da iguaria. Outras regiões, principalmente do Ribatejo, também têm suas próprias variações.

 

9. Perdiz, coelho e outras carnes de caça

Pratos com carne de caça, proibida no verão, são a cara do inverno português | Foto: Giuliana Miranda
Pratos com carne de caça, proibida no verão, são a cara do inverno português | Foto: Giuliana Miranda

A caça é uma atividade ao mesmo tempo muito apreciada, e também bastante regulada, em Portugal. Durante o verão, devido ao período de reprodução das espécies, é proibido caçar.

Com a chegada do outono, as carnes de caça voltam com destaque aos restaurantes. As mais comuns são o coelho bravo e a perdiz.

10. Míscaros

Restaurantes incorporam os cogumelos a vários pratos. Este são asas de pintas com molho teryaki, vieiras e cogumelos, no restaurante DOC no Norte de Portugal | Foto: Giuliana Miranda
Restaurantes incorporam os cogumelos a vários pratos. Este são asas de pintas com molho teryaki, vieiras e cogumelos, no restaurante DOC no Norte de Portugal | Foto: Giuliana Miranda

Os bosques e florestas portuguesas têm variedades saborosíssimas de cogumelos silvestres. Com o início da temporada de chuvas, os fungos se desenvolvem com rapidez por todo o país. Os da região do Fundão, no Centro, são particularmente apreciados pelo público gourmet.

Os chamados míscaros são consumidos e diferentes pratos, sendo os risotos e os preparados de carne alguns de seus usos mais populares.

Antes de se aventurar no fantástico mundo dos cogumelos silvestres, vale ficar atento à origem do produto. Devido ao alto valor comercial, muitos amadores saem para colher cogumelos e é comum haver intoxicações devido a variedades venenosas.

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Feito só em anos excepcionais, vinho mais famoso de Portugal ganha nova edição https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/10/20/feito-so-em-anos-excepcionais-vinho-mais-famoso-de-portugal-ganha-nova-edicao/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/10/20/feito-so-em-anos-excepcionais-vinho-mais-famoso-de-portugal-ganha-nova-edicao/#respond Thu, 20 Oct 2016 07:22:01 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/Quinta-da-Leda_Douro-56-180x120.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=556 Não é exagero dizer que Portugal tem centenas de vinhos fantásticos, mas nenhum deles alcançou o patamar místico do Barca Velha. Oriundo da região do Douro, no Norte do país, este tinto encorpado só é produzido em anos com colheitas excepcionais. Em novembro, chega ao mercado a edição mais recente do rótulo, o Barca Velha 2008.

O preço de venda ainda não foi divulgado, mas especialistas acreditam que ele deva rondar os 300€ (cerca de R$ 1.043) no lançamento. Não raro, o preço final nas lojas acaba sendo bem maior do que o valor oficial da fabricante. Ou seja: é bem possível que as 18 mil garrafas postas à venda acabem com preços ainda mais salgados.

O processo de concepção é longo. Da colheita até a decisão de lançar um Barca Velha, em geral passam-se pelo menos seis ou sete anos. Mesmo quando as uvas recém-apanhadas dão indícios de serem de ótima qualidade, a equipe técnica acompanha o envelhecimento do vinho antes de decidir se ele serve ou não para receber o icônico nome.

A mais nova edição: Barca Velha 2008 | Foto: Divulgação Sogrape
A mais nova edição: Barca Velha 2008 | Foto: Divulgação Sogrape

A produção de boa qualidade, mas que não é considerada tão excepcional, vai parar nas prateleiras como Quinta da Leda Reserva. Os que por alguma razão não atingem o patamar, são deixados de lado.

Luís Sottomayor, enólogo responsável da Casa Ferreirinha e quem bate o martelo sobre a produção ou não de um Barca Velha, reconhece que costuma haver muita pressão para o lançamento do rótulo, uma vez que há grande demanda e um aumento significativo no faturamento da empresa a cada edição.  Ele diz, no entanto, que não se deixa influenciar.

“O Barca Velha 2008 é um vinho misterioso, que revela pouco a pouco sua complexidade”, resumiu em um jantar de lançamento para a imprensa em Sintra na terça-feira.

Como uma boa parte dos vinhos portugueses, o Barca Velha é um mix de uvas de tradicionais de sua região: 50% touriga franca, 30% touriga nacional, 10% tinta roriz e 10% tinto cão.

Luís Sottomayor diz que o vinho está pronto para ser consumido agora, mas que também tem um “excelente potencial de guarda”, com o apogeu provavelmente acontecendo daqui a 15 ou 20 anos.

O enólogo Luís Sottomayor no lançamento do Barca Velha 2008 para a imprensa em Portugal | Foto: Giuliana Miranda/Folhapress
O enólogo Luís Sottomayor no lançamento do Barca Velha 2008 para a imprensa em Portugal | Foto: Giuliana Miranda/Folhapress

VALE A PENA?

Além do sabor marcante, quem compra um Barca Velha também leva para casa um pedaço da história de Portugal.

“O Barca Velha foi o primeiro grande vinho de qualidade produzido na região do Douro. Até a década de 1950, toda a produção da região era voltada para o vinho do Porto. Numa altura que não havia outros produtos de qualidade, ele se destacou. O resto do que se produzia no Douro era quase imbebível”, explica Luís Ramos Lopes, diretor da Revista de Vinhos e uma das maiores autoridades no assunto em Portugal.

“Mas é claro que houve épocas de Barca Velha menos interessantes, como no fim da década de 80 e início da de 90. Eu provei o de 1991 e não achei nada especial. Na minha opinião, o renascer do Barca Velha foi em 1999, que foi o primeiro grande Barca Velha da minha geração. Ele marcou o ponto de viragem e eu disse sim, este é um vinho de qualidade. E esse de 2008 tem o mesmo nível”, resume Ramos Lopes.

A fama –e a aura em torno do produto — é tanta que o rótulo ganhou até uma biografia: o livro “Barca Velha – Histórias de um vinho” (ed. Leya), da jornalista Ana Sofia Fonseca.

Mas a história do vinho tem mesmo ares de novela. Na década de 1950, a região do Douro em que o Barca Velha era produzido tinha acesso complicadíssimo. Moradores da região de Foz Côa costumavam até brincar que era mais fácil chegar ao Brasil do que até a cidade.

O criador do rótulo, Fernando Nicolau de Almeida, investiu na qualidade do cultivo das uvas e da fermentação. Os métodos utilizados eram uma inovação tecnológica para a época. Nos 63 anos de história do Barca Velha, foram apenas 18 colheitas (1952, 1953, 1954, 1957, 1964, 1965, 1966, 1978, 1981, 1982, 1983, 1985, 1991, 1995, 1999, 2000, 2004, 2008).

FALSIFICAÇÕES

Quem quiser levar para casa uma garrafa, deve procurar garrafeiras [lojas especializadas em vinhos] e sites de confiança. Há várias quadrilhas especializadas na falsificação de vinhos portugueses caros, principalmente o próprio Barca Velha e também o alentejano Pera Manca.

Em todo caso, as garrafas são numeradas. A informação consta no rótulo e, em caso de dúvidas, sempre é possível entrar em contato com a empresa para verificar a autenticidade.

Rótulo do Barca velha traz número da garrafa como item de segurança | Foto: Giuliana Miranda/Folhapress
Rótulo do Barca velha traz número da garrafa como item de segurança | Foto: Giuliana Miranda/Folhapress

Saúde!

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]]> 0 Pouco explorado pelos brasileiros, Algarve reúne belas praias, patrimônio histórico e lazer de luxo https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/07/21/pouco-explorado-pelos-brasileiros-algarve-reune-belas-praias-patrimonio-historico-e-lazer-de-luxo/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/07/21/pouco-explorado-pelos-brasileiros-algarve-reune-belas-praias-patrimonio-historico-e-lazer-de-luxo/#respond Thu, 21 Jul 2016 12:19:51 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/algarve_falesiadestacada-180x120.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=465 As belas praias, o clima quente e as muitas opções de lazer fizeram do Algarve a região que mais recebe turistas em Portugal. Mas, segundo os números oficiais do turismo português, esta região no Sul do país ainda é pouco visitada pelos viajantes brasileiros, que tendem a se concentrar nas cidades de Lisboa e do Porto.

Uma pena. Facilmente acessível por trem, carro ou avião, os brasileiros que visitam Portugal têm muitos bons motivos para explorar a área.

Praias

Há opções para todos os gostos, desde as rústicas às badaladas e cheias de celebridades.

A Albufeira é uma das áreas mais famosas do Algarve e reúne, além das muitas praias, uma agitada vida noturna –com muitos barzinhos e baladas.

Com águas cristalinas e areia branquíssima, a praia de São Rafael é uma das mais disputadas.

De acesso um pouco mais difícil, a praia da Falésia, um pouco mais adiante, conquista à primeira vista. No ano passado, foi escolhida uma das mais belas praias da Europa pelos usuários do “Trip Advisor”.

Praia da Falésia, na Albufeira, tem águas cristalinas e uma bela paisagem natural (Foto: WikiCommons)
Praia da Falésia, na Albufeira, tem águas cristalinas e uma bela paisagem natural (Foto: WikiCommons)

Patrimônio histórico

A ocupação humana na região é milenar e há registros anteriores à ocupação romana. A arquitetura até hoje mostra uma forte influência dos tempos da ocupação moura.

O centro de Faro concentra várias atrações históricas. Um dos destaque é o arco da Vila, um belo portão inaugurado em 1812 que dá acesso à área cercada por muralhas da cidade.

O arco da Vila, no centro de Faro, foi inaugurado no início do século 19 e é um dos acessos à zona com muralhas da cidade
O arco da Vila, no centro de Faro, foi inaugurado no início do século 19 e é um dos acessos à zona com muralhas da cidade

Ao passar pela porta, uma bela surpresa: a Porta Árabe. Trata-se de uma construção moura do século 6 que era a ligação do mar à cidade.

Já no Sudoeste do Algarve, a grande atração é a fortaleza de Sagres: uma fortificação do século 15 que teve grande importância na expansão marítima portuguesa.

Culinária

O Algarve também é um verdadeiro polo gastronômico, concentrando a maior parte dos restaurantes premiados com estrelas Michelin do país.

Muitos, porém, não fazem essencialmente uma cozinha portuguesa. Ambos com duas estrelas no guia, tanto o Vila Joya (Albufeira) quanto o Ocean (Alporchinhos) são comandados por chefes austríacos, mas que usam com criatividade os ingredientes locais.

Mas os chefs portugueses também fazem bonito. Na região do Vale do Lobo, Leonel Pereira –que já morou no Brasil– comanda o São Gabriel. Da sua cozinha saem combinações improváveis de peixe, marisco e muitas releituras de sabores tradicionais do país.

Minúsculos camarões da região da Ria Formosa em uma releitura da salada montanhesa, típica da culinária portuguesa
No São Gabriel, minúsculos camarões da região da Ria Formosa em uma releitura da salada montanheira, típica da culinária portuguesa

Também com uma estrela no guia, o Bon Bon, do jovem chef Rui Silvestre, destaca-se pela preparação criativa da imensa variedade de frutos do mar da região.

Já bem pertinho da Espanha, na região do carvoeiro, o restaurante Vistas (Vila Nova de Cacela), liderado por Albano Lourenço, tem uma mistura requintada de sabores locais e culinária internacional.

Para quem não quer saber de restaurantes finos, a típica comida algarvia não decepciona. O frango da guia, uma espécie de frango assado local, é um espetáculo. Para sobremesa, experimente um dom Rodrigo, uma guloseima feita a base de fio de ovos.

Golfe

O esporte pode até não ser muito popular entre a maioria dos brasileiros, mas o Algarve tem diversas opções para amadores e profissionais. Algumas até saem em conta, mas outras são uma pequena fortuna.

Muitos dos hotéis combinam pacotes de hospedagem com circuitos de utilização dos campos, que costumam estar apinhados de britânicos.

O percurso do resort de luxo Monte Rei é considerado o melhor de Portugal e um dos melhores da Europa.

Resort de luxo Monte Rei tem um dos melhores campos de golfe na Europa (Foto: Giuliana Miranda)
Resort de luxo Monte Rei tem um dos melhores campos de golfe na Europa (Foto: Giuliana Miranda)

E aí, ficou com vontade de conhecer este pedacinho de Portugal?

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]]> 0 Bon Bon: mais nova estrela Michelin de Portugal se destaca pelos frutos do mar https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/06/01/bon-bon-mais-nova-estrela-michelin-de-portugal-se-destaca-pelos-frutos-do-mar/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/06/01/bon-bon-mais-nova-estrela-michelin-de-portugal-se-destaca-pelos-frutos-do-mar/#respond Wed, 01 Jun 2016 12:10:38 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2016/06/bonbonsalmonete-180x120.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=415 Se no passado a imensidão do litoral português foi um incentivo às navegações, hoje ela ajuda a catapultar a culinária do país.

Única novidade portuguesa na mais recente edição do badalado “Guia Michelin”, o restaurante Bon Bon, no Algarve, usa e abusa da variedade dos peixes e mariscos portugueses.

Embora faça uma cozinha com DNA português e tenha um público essencialmente internacional, o Bon Bon passa longe (muito mesmo!) daquele modelo mais tradicional de restaurante para turistas: nada de porções gigantescas e nem generosas postas de bacalhau.

A obstinação do chef Rui Silvestre — que aos 29 anos tem na bagagem experiências em restaurantes premiados na França e outros lugares da Europa— é marcada nos detalhes da carta, que é alterada constantemente.

O elegante menu-degustação —que pode ter três, cinco ou sete pratos — muda conforme os ingredientes disponíveis e, claro, a criatividade do chef.

Assumidamente perfeccionista com seus colaboradores, Silvestre reconhece que tamanho dinamismo gastronômico impõe dificuldades adicionais.

“As refeições são longas. Temos de ter algumas surpresas no menu também para entreter”, diz ele, em um tom entre a brincadeira e a seriedade.

Ainda nas entradas, o menu “Flora e Fauna” me surpreendeu com uma opção bem original: um bolinho de berbigão, que é um marisco normalmente consumido na própria concha.

Bolinho de berbigão: uma receita original com um ingrediente tradicional da culinária portuguesa | Crédito: Giuliana Miranda
Bolinho de berbigão: uma receita original com um ingrediente tradicional da culinária portuguesa | Crédito: Giuliana Miranda

Destaque também para a criativo prato de raia com wasabi (aquela raiz forte da culinária japonesa), enguia defumada e alho-poró (que em Portugal se chama alho francês).

Os amantes de camarão certamente se entusiasmam com a robusta gamba violeta, com agrião e algas. Um prato com um forte sotaque local.

Mais delicados, os aspargos (espargos, aqui em Portugal) acompanhados de caviar imperial e sabayon de azeite e limão também são espetaculares.

Aspargos com caviar imperial e sabayon de azeite e limão | Crédito: Giuliana Miranda
Aspargos com caviar imperial e sabayon de azeite e limão | Crédito: Giuliana Miranda

VINHOS, MUITOS VINHOS

Uma vez no salão, é difícil escolher para onde olhar. Se para a bela vista da serra algarvia ou para a enorme adega do restaurante, que é exibida ao público separada apenas por um vidro transparente.

A adega do restaurante é parte da decoração | Crédito: Divulgação
A adega do restaurante é parte da decoração | Crédito: Telmo Antunes

O dono do Bon Bon, Nuno Diogo, é também o responsável pelo arsenal vínico do restaurante, que existe há 25 anos, mas está sob seu comando há dois.

O menu-degustação tem a opção de harmonização com vinhos, o chamado wine paring. Quando visitei o espaço, no início de maio, o sommelier apostou na combinação apenas com vinhos brancos nacionais.

“Portugal tem se destacado e produzido vinhos brancos cada vez melhores”, explica Diogo.

FÉRIAS
Como a maioria dos restaurantes do Algarve, uma região calcada no turismo de praia, o Bon Bon tira férias no inverno. O restaurante fecha entre novembro e fevereiro.

SERVIÇO
Bon Bon
Endereço: Urbanização do Cabeço de Pias, Bloco 5, Sesmarias. Algarve, Portugal
Telefone: +351 282 341 496
E-mail: restaurante.bonbonbypp@yahoo.com
Preço: a partir de € 73,00 (menu de três pratos)

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]]> 0 Com chouriço de peixe e cabidela de crista de galo, chef reinventa cozinha tradicional portuguesa https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/05/03/com-chourico-de-peixe-e-cabidela-de-crista-de-galo-chef-reinventa-cozinha-tradicional-portuguesa/ https://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/05/03/com-chourico-de-peixe-e-cabidela-de-crista-de-galo-chef-reinventa-cozinha-tradicional-portuguesa/#respond Tue, 03 May 2016 12:18:23 +0000 https://orapois.blogfolha.uol.com.br/files/2016/05/ft_leonel_pereira_choco-180x120.jpg http://orapois.blogfolha.uol.com.br/?p=351 A culinária portuguesa é conhecida pela fartura e pela longevidade das receitas tradicionais. Um restaurante no Algarve –no Sul de Portugal– tem chamado a atenção por desconstruir com criatividade essa imagem: aposta em uma dezena de pequenos pratos no estilo degustação, que unem antigos sabores às mais modernas técnicas de preparo.

Até 2013, o restaurante São Gabriel tinha uma receita segura para agradar a clientela majoritariamente britânica e alemã: uma cozinha europeia clássica com receitas na medida para o paladar anglo-saxônico. Seguindo essa cartilha, o estabelecimento mantinha uma estrela Michelin desde 1995.

A chegada de Leonel Pereira ao comando da cozinha trouxe uma mudança radical: o menu foi progressivamente se desligando da “comfort food” do Norte da Europa e assumindo cada vez mais seu DNA português.

A mudança de rumo atraiu atenções, mas, como em muitas casas em que há troca de chef o guia Michelin retirou a estrela do São Gabriel.

A saída da constelação de restaurantes Michelin durou pouco: a estrela foi devolvida já no ano seguinte. E a ela seguiram-se outros prêmios nacionais e internacionais, como destaque para os três sóis (nível máximo) do guia Repsol.

A RECEITA

Basicamente, Leonel Pereira tem apostado alto na mistura de sabores muito tradicionais de Portugal, mas preparados com as mais modernas técnicas culinárias e, muitas vezes, apresentados de maneira totalmente fora do convencional. O carro-chefe do restaurante é o menu-degustação.

O mais recente, não por acaso, recebeu o nome de “Momentos Improváveis”.

As entradas já dão um gostinho do que está por vir: versões do tradicionalíssimo frango com piripiri e de uma salada montanheira, feita com minúsculos camarões da área pesqueira vizinha, com fitoplâncton.

Minúsculos camarões da região da Ria Formosa em uma releitura da salada montanhesa, típica da culinária portuguesa
Minúsculos camarões da região da Ria Formosa em uma releitura da salada montanheira, típica da culinária portuguesa

A maiores estrelas da carta são certamente os peixes e os frutos do mar. É com eles que Leonel Pereira apresenta suas mais ousadas criações, como uma releitura de dois dos mais tradicionais embutidos portugueses: o chouriço e a morcela (linguiça de sangue).

O processo de criação levou mais de um ano, entre testes com diferentes tipos de peixes e modos de cura.

“Queria um resultado que fosse muito próximo do original e mostrasse a tradicional cura portuguesa”, explica o chef.

Batizado de “chouriço do mar”, a versão de peixe da iguaria é servida com papas de milho (uma espécie de mingau espesso).

Chouriço de peixe com papas (mingau) de milho: textura do embutido é idêntica ao original, de porco
Chouriço de peixe com papas (mingau) de milho: textura do embutido é idêntica ao original, de porco

A morcela de peixe é apresentada em um prato ousado até para os mais atrevidos comensais: uma dobrada de chocos — molusco parente da lula que solta uma tinta preta e é muito apreciado em Portugal– com favas.

“É um prato arriscado, sobretudo para quem tem a maioria dos clientes de outros países. Mas é intenso e um dos meus favoritos, a pessoa vai sujar a boquinha a comer”, brinca o chef.

O prato mais ousado do menu-degustação do chef Leonel Pereira: dobrada de choco (molusco parecido com a lula) | Imagem: Giuliana Miranda
O prato mais ousado do menu-degustação do chef Leonel Pereira: dobrada de chocos (molusco parecido com a lula) com favas: mistura de texturas e sabores

Outro famoso prato, a galinha à cabidela (com sangue), também ganhou uma releitura. Na versão do São Gabriel, a cabidela é feita de cristas de galo e servida dentro de uma espécie de massa de pastel que tem a forma, claro, de uma crista de galo.

Pastel recheado com cabidela de crista de galo é uma das atrações do menu degustação do São gabriel
Pastel recheado com cabidela de crista de galo é uma das atrações do menu degustação do São gabriel

Com formação em três das grandes escolas gastronômicas do mundo — Lenôtre, Alain Ducasse e The Culinary Institute of America– o português diz que virou cozinheiro por acaso, mas que hoje gosta de elaborar cada detalhe de suas criações: dos ingredientes à harmonização com os vinhos.

Por trás dos pratos, mesmo nos detalhes, há em geral um longo trabalho de pesquisa. Um dos “pózinhos” que dão sabor à sobremesa é uma combinação de mais de 20 ervas aromáticas cultivadas organicamente no próprio restaurante. A cor verde de um dos sorvetes levou meses até ser desenvolvida.

“Nós poderíamos só acrescentar um corante verde, mas não seria a mesma coisa. Investigamos várias plantas e extraímos a clorofila até chegarmos à coloração desejada”, explica.

BRASIL

Pereira viveu no Brasil durante quatro anos e comandou a implementação da cozinha do hotel Pestana em todo o país.

“Sou um apaixonado pelo Brasil”, diz ele, que morou em Salvador e no Rio de Janeiro, onde chefiou o restaurante Cais da Ribeira.

Leonel Pereira costuma visitar a região da ria formosa, no Algarve, em busca de inspiração
Leonel Pereira costuma visitar a região da Ria Formosa, no Algarve, em busca de inspiração

“Trabalhar com tantas pessoas (ele tinha mais de 400 cozinheiros) foi uma experiência incrível, mas eu quis mudar”, afirma Pereira, que diz hoje preferir o sossego do Algarve.

“Fazer uma culinária criativa aqui é um desafio. Em Lisboa, tudo é mais fácil, está-se perto de todo mundo. Mas esse ambiente é ideal para criar. Não troco isso”, conta.

SERVIÇO

São Gabriel: Estrada Quinta do Lago, Vale do Lobo, Algarve, Portugal.

Contatos: info@sao-gabriel.com e +351 289 394 521

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