Candidato da direita à Presidência de Portugal deve ganhar no 1° turno
Os partidos de esquerda levaram a melhor nas últimas eleições de deputados, em outubro, mas não devem conseguir eleger o próximo presidente da República. Todas as pesquisas indicam que Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelas siglas de direita PSD e CDS, deve ganhar já no primeiro turno (ou na primeira volta, como se diz no país).
A última sondagem, feita para o jornal “Expresso” e a emissora “SIC”, mostra Rebelo de Sousa com 52,5% das intenções de voto.
Empatados tecnicamente na segunda posição, os candidatos que dividem o apoio dos socialistas Maria de Belém Roseira e António Sampaio da Nóvoa têm, respectivamente, 18,1% e 16,9% das intenções de voto.
A menos de um mês das eleições, que acontecem em 24 de janeiro, o debate e as trocas de acusações começam a esquentar. Em janeiro, os candidatos enfrentarão uma maratona de debates televisivos.
A liderança de Rebelo de Sousa nas pesquisas o tornou, naturalmente, o principal alvo dos demais concorrentes. Nas últimas declarações à imprensa, alguns candidatos afirmaram que Rebelo de Sousa foi contra o SNS (Serviço Nacional de Saúde). O debate sobre a saúde pública em Portugal se intensificou na última semana, após a morte um jovem de 29 anos devido à falta de pessoal em um hospital público de Lisboa.
Segundo o Tribunal Constitucional, dez pessoas apresentaram oficialmente candidaturas para concorrer à sucessão do atual presidente, Aníbal Cavaco Silva, que termina agora seu segundo mandato de cinco anos.
Mas isso não significa que todos eles tenham seus nomes aprovados. Começa agora uma etapa de avaliação de documentos em que, não raro, alguns candidatos acabam de fora por não cumprirem todos os requisitos.
Presidente decorativo?
Em Portugal, como a maior parte das decisões ficam nas mãos do primeiro-ministro, que é o chefe de governo do país, há quem diga que existe um “presidente decorativo”, cuja função é meramente viajar e receber representantes de outros países.
Os recentes acontecimentos na política portuguesa — uma coligação pós-eleitoral de esquerda foi criada para derrubar o governo eleito de centro-direita— puseram o presidente da República em uma posição de protagonismo. Afinal, segundo a constituição do país, é ele quem “convoca” o primeiro-ministro entre os partidos votados.
Além de convocar o primeiro-ministro, o presidente também pode, em casos extraordinários e respeitando algumas regras, dissolver o parlamento e convocar novas eleições. Cabe a ele também promulgar ou vetar as leis apresentadas pelo governo ou pela Assembléia da República.
Os candidatos
Segundo as pesquisas eleitorais, os três principais candidatos a ocupar o Palácio de Belém são Marcelo Rebelo de Sousa, Maria de Belém Roseira e António Sampaio da Nóvoa.
Vamos conhecê-los:
– Marcelo Rebelo de Souza, 67, professor universitário e jornalista
É o candidato mais famoso. Além de professor de direito, foi jornalista e manteve, nos últimos 15 anos, um espaço de comentário político em horário nobre na televisão portuguesa.
Já foi deputado, eurodeputado, vereador e presidente do PSD (Partido Social Democrata, de centro-direita), entre outros cargos públicos. Faz parte do Conselho de Estado, o órgão consultivo da Presidência da República.
– Maria de Belém Roseira, 66, deputada
Foi presidente do PS (Partido Socialista) –de centro-esquerda, do atual primeiro-ministro António Costa– entre 2011 e 2014.
Formada em direito, dedicou toda a vida às funções da administração pública e é atualmente deputada. Maria de Belém foi também ministra da Saúde (1995-1999), no governo de António Guterres, ministra para a Igualdade (1999-20009 e e exerceu diversos outros cargos ligados à vida política.
Tem como uma das principais bandeiras políticas a questão da igualdade de gênero, participando ativamente de diferentes iniciativas para fomentar o empoderamento feminino.
– António Sampaio da Nóvoa, 61, professor universitário
Destaca-se pela vida acadêmica mais do que pela política. Foi reitor da Universidade de Lisboa e tem a impressionante marca de dois doutorados em universidades de prestígio: história na Sorbonne (França) e educação, na de Genebra (Suíça).
É íntimo das questões do Brasil. Entre 2013 e 2014, esteve em Brasília em uma missão da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) e foi professor visitante da UnB (Universidade de Brasília).
Ficou famoso por um discurso em 2012, no auge da crise financeira e das políticas de austeridade em Portugal, quando falou abertamente dos problemas do país. A fala de Sampaio da Nóvoa viralizou e ele ganhou a simpatia dos socialistas, que até então eram o principal partido de oposição.
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