Lisboa vai acabar com calçadas de pedra portuguesa em várias áreas da cidade
Os tradicionais mosaicos de pedras pretas e brancas, típicos de muitas calçadas de Portugal, estão com os dias contados em várias áreas de Lisboa.
A Câmara Municipal da capital portuguesa —o equivalente da prefeitura por aqui— decidiu substituir as pedrinhas por um calçamento branco e liso feito de mistura de cimento e pedra lioz. O objetivo é facilitar a circulação dos pedestres e melhorar a conservação dos espaços públicos.
Entre as justificativas das autoridades lisboetas para substituição das calçadas de pedras estão os buracos e as quedas que eles provocam, além da dificuldade de locomoção para idosos e deficientes físicos.
As mudanças, porém, não devem afetar as áreas históricas da cidade. Em entrevista ao jornal “Público”, o presidente da Câmara Municipal, Fernando Medina, afirmou que a substituição não afetará as calçadas com desenhos artísticos e valor histórico.
A primeira alteração foi entregue recentemente na Rua de Alcântara, que tinha a calçada anterior bastante degradada. Além de substituir as pedras pelo chão liso de cimento, o espaço para pedestres foi ampliado e o pavimento ganhou um relevo sinalizado para deficientes visuais, além de áreas rebaixadas que facilitam o deslocamento de pessoas com mobilidade reduzida.
As velhas pedras persistem apenas em uma estreita faixa junto aos prédios.
Várias autoridades se manifestaram publicamente favoráveis à mudança, mas a questão não é unanimidade entre os lisboetas.
Muitos usaram as redes sociais para protestar contra a possível perda de identidade histórica da cidade provocada pelas mudanças no pavimento, e existe até um abaixo-assinado online pedindo a proteção das pedras portuguesas.
Mesmo assim, o projeto “Pavimentar Lisboa” segue com obras a todo vapor e já são visíveis mudanças também em outro ponto da cidade: o Arco do Cego.
CALÇADAS UNEM PORTUGAL E BRASIL
Embora haja registros anteriores, o calçamento feito com pedaços irregulares de calcário e basalto se popularizou em Portugal no século 19.
O uso começou a se intensificar na reconstrução de Lisboa após o grande terremoto de 1755. Não demorou muito para que a “moda” se espalhasse para o resto do país e também para as colônias, incluindo o Brasil.
O famoso calçadão do Copacabana, inaugurado em 1906 e reformado na década de 1970— segue o mesmo padrão de um dos mais emblemáticos de Lisboa, o do largo do Rossio, na baixa da cidade. Tanto as pedras usadas como os profissionais que as instalaram na orla carioca também foram importados da antiga metrópole.
Apesar de mais conhecida, a pavimentação da orla de Copacabana não foi a primeira no Brasil a homenagear e seguir aos traços ondulados portugueses. Construído em 1900 e 1901, o largo de São Sebastião, em Manaus, veio primeiro.
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