Vila medieval de Óbidos se reinventa como destino literário
Famosa pela imponente muralha de seu castelo e pelo adocicado licor de ginja (uma espécie de cereja), a vila de Óbidos, no centro de Portugal, está se reinventando como um destino literário. Além da abertura de livrarias —algumas em espaços tão inusitados quanto um mercado de alimentos orgânicos—, a cidade inaugurou um hotel totalmente dedicado aos livros e passou a organizar um festival internacional de literatura.
“Óbidos sempre teve suas atividades muito ligadas à Era Medieval, como é óbvio em uma vila com essas muralhas. Mas nós vimos que podíamos ir além. E a literatura foi uma resposta”, explica Telmo Faria, ex-presidente da Câmara (cargo equivalente ao de prefeito) da cidade.
A idéia começou a se concretizar em 2013, com a abertura de uma grande livraria no prédio em que funcionava uma igreja, em um ponto nobre do centro da cidade. Para quem vê de fora, o prédio parece ser só mais uma das belas construções religiosas da área. Basta desviar os olhos para a entrada do edifício, porém, para notar a diferença.
Apesar da conversão do espaço, a livraria dispôs os cerca de 30 mil livros do espaço aproveitando a arquitetura e parte da decoração da antiga igreja, inclusive o altar.
O espaço recebeu o nome de Livraria de Santiago em homenagem ao nome da igreja que ali havia, que era dedicada ao santo. A operação é feita pela cooperativa literária Ler Devagar, que também tem uma loja emblemática em uma antiga zona industrial de Lisboa, e também faz a operação de outras livrarias na vila e foi uma importante parceira no projeto literário da vila.
A menos de cinco minutos de caminhada dali, cruzando a charmosa rua de pedras que corta a cidade, fica outra livraria fora do comum. Entre caixotes de maçã e prateleiras cheias de verduras. o mercado de alimentos orgânicos (ou biológicos, como se diz em Portugal), também passou a integrar uma livraria.
Quem visita o lugar pode tomar um chazinho —orgânico, naturalmente—, enquanto escolhe com calma os livros, dispostos em caixotes de madeira e grandes mesas espalhadas pelo armazém.
Também pertinho dali, fica o hotel The Literary Man, totalmente dedicado ao universo dos livros, que fazem parte da decoração e estão literalmente por todos os lados: desde a recepção até os banheiros.
Hoje, são mais de 45 mil livros espalhados pelo edifício, um antigo convento restaurado para abrigar o projeto. Outros 15 mil títulos devem desembarcar no espaço ainda nesta semana.
Todas as obras podem ser consultadas pelos clientes e também estão à venda.
“Temos, por exemplo, uma enorme seleção de livros infantis em inglês. Queríamos ter um diferencial, oferecer livros que não são tão facilmente encontrados,. Aqueles que a pessoa teria de ir à internet buscar. Queríamos ser uma alternativa a isso”, diz Faria, que depois de sair da Câmara Municipal, resolveu abrir o hotel.
Há ainda outras livrarias espalhadas por cantinhos da cidade, o que dá um charme ainda maior às ruazinhas de Óbidos.
Outro destaque no reposicionamento da cidade é o Folio (Festival Internacional de Literário de Óbidos), que acontece desde 2015 e tem atraído milhares de apaixonados por livros e centenas de autores na região.
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