Brasileira começou a fazer coxinhas como renda extra e agora exporta os salgadinhos em Portugal

Quando desembarcou em Portugal para uma pós-graduação na área comercial, a cearense Maiara Righi jamais havia feito uma coxinha na vida. Mesmo assim, em 2018, decidiu se aventurar com uma receita do salgadinho durante as celebrações dos santos populares –a versão portuguesa das festas juninas, que levam (em tempos sem pandemia) milhares de pessoas às ruas de todo o país.

A barraquinha improvisada, montada na porta de casa no bairro da Bica, um dos epicentros da boemia lisboeta, fez tanto sucesso que ela decidiu investir na carreira como quituteira.

“Decidi fazer coxinhas meio de brincadeira. Achei que fosse vender umas 10 no máximo. Acabaram esgotando todos os dias”, relembra Maiara.

De olho no fervilhante mercado de eventos da capital portuguesa, a empresária fundou a Madre Coxinha, ainda na cozinha de casa. Impulsionada pelo ritmo frenético dos caterings, a empresa em menos de um ano precisou partir para uma cozinha industrial.

De casa nova e com máquinas recém-importadas do Brasil –suficientes para produzir 4.000 mini-coxinhas por hora– , a Madre Coxinha viu o antes movimentado mercado de eventos em Lisboa simplesmente desaparecer por conta da pandemia da Covid-19.

“Minha ideia sempre foi trabalhar com eventos, que era o mercado que eu queria. Quando chegou a pandemia, eu precisei me reinventar”, diz Maiara.

No lugar das grandes quantidades para bufês, ela decidiu investir em vender o produto congelado, pré-frito e semi-pronto para o consumidor final.

Embalagens de coxinhas pré-prontas | Foto: Divulgação
Embalagens de coxinhas pré-prontas | Foto: Divulgação

“Tive de adaptar o negócio. Investi em embalagens, reduzi porções e adaptei o preço. Foi o que me salvou”, diz a empresária.

Com o lockdown em Portugal, que incluiu o fechamento dos restaurantes, o mercado de delivery deslanchou no país.

Os pacotinhos com entre 23 e 25 coxinhas, que ficam prontas em 8 minutos no forno, acabaram conquistando os portugueses.

“Há uma ligação muito forte entre Portugal e Brasil, então os portugueses normalmente já conhecem a coxinha, não parto de um produto desconhecido. É algo que muitas vezes tem uma memória afetiva”, completa.

O sucesso no mercado de comida congelada na pandemia –aliado às facilidades de comércio no mercado comum europeu– acabaram impulsionado uma vertente até então inesperada do negócio: a exportação.

Com produção baseada em Portugal, a empresa de coxinhas agora exporta para outros países da Europa.

A estratégia tem sido entrar nos outros mercados através das lojas de produtos brasileiros.

Além da versão original, há ainda a opção de coxinhas de carne de sol e vegetarianas.

Em tempos de fronteiras fechadas entre Portugal e Brasil (e outros países europeus), a viagem através da culinária tem sido uma opção para muitos brasileiros saudosos dos sabores de casa.