Direita surpreende e tira Partido Socialista da prefeitura de Lisboa após 14 anos
Contrariando as previsões das principais pesquisas eleitorais –que apontavam uma reeleição confortável do atual presidente da Câmara Municipal (cargo equivalente a prefeito), o socialista Fernando Medina–, a coligação liderada pelo Partido Social-Democrata, de centro-direita, venceu as eleições municipais do último domingo (26) em Lisboa.
O ex-comissário europeu Carlos Moedas levou a preferência de cerca de 34,2% dos lisboetas, enquanto o atual prefeito garantiu 33,3% dos votos. Uma diferença de apenas 2.299 votos na capital portuguesa.
“Ganhamos contra tudo e contra todos”, discursou, emocionado, após a confirmação da vitória, já na madrugada de segunda-feira (27).
Apesar de comandar a Prefeitura, Moedas terá de lidar com um cenário de maioria de esquerda entre os vereadores.
O resultado foi considerado um revés político importante para o Partido Socialista.
A legenda governava Lisboa desde 2007, quando o atual primeiro-ministro, António Costa, assumiu o poder na cidade. Ao deixar o cargo em busca da candidatura nacional, em 2015, foi sucedido por Fernando Medina, que conseguiu se reeleger em 2017.
Bem-avaliado pelos moradores da cidade durante praticamente todo o mandato, Medina teve sua imagem abalada em junho, quando uma reportagem do jornal Expresso revelou que o executivo municipal repassara à embaixada da Rússia informações pessoais de ativistas pró-democracia que organizaram protestos contra Vladimir Putin em Lisboa.
Ao reconhecer o mau resultado, Fernando Medina procurou desvincular a situação de Lisboa do cenário nacional do Partido Socialista, afirmando que a derrota era “pessoal e intransmissível”.
Os resultados gerais dos socialistas, no entanto, ficaram aquém das últimas eleições municipais. Embora tenham se mantido como o partido com mais prefeituras, o PS perdeu para a direita, além da capital, duas cidades importantes: Coimbra e Funchal.
Os portugueses também acompanharam com atenção o desempenho do partido de direita radical Chega. Apesar do terceiro lugar conseguido por seu líder, André Ventura, nas eleições presidenciais de janeiro, a legenda não conquistou nenhuma prefeitura.
Os partido, no entanto, garantiu uma quantidade expressiva de cargos nas máquinas municipais: 19 vereadores e 171 mandatos para assembleias municipais.